Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Bruno Wendel
Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 07:29
- Atualizado há 2 anos
O inquérito que apura a morte da adolescente Darilane Lívia de Almeida Cunha, 13 anos, floi transferido para a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). Até a manhã desta segunda-feira (10), a investigação era do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas a mudança foi necessária, segundo a Polícia Civil, pelo fato de a morte ter sido cometida por outro adolescente.>
Darilane, segundo relatou sua família ao CORREIO, foi baleada na cabeça na noite de sábado (8) durante um jogo de azar conhecido como roleta-russa - operação que consiste em deixar uma só bala no tambor de um revólver, fazê-lo girar, apontar o cano da arma para si ou para alguém. Ela foi baleada pela amiga de 13 anos, filha de um policial militar reformado. O sepultamento foi realizado às 16h30 e reuniu dezenas de pessoas. Adolescente foi atingida por tiro na cabeça durante jogo (Foto: Reprodução/Bruno Wendel/CORREIO) Ainda segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, o revólver do policial foi encaminhado para perícia. O CORREIO perguntou como a adolescente teve acesso à arma, se o revólver tem registro, quais as punções relacionadas ao policial e a filha, mas a assessoria informou que, como o caso vai para a DAI, só a titular da unidade poderá responder.>
Até a tarde de ontem, a delegada Ana Virgínia Cavalcante Paim, titular da DAI, informou ao CORREIO que ainda não estava de posse do inquérito.>
O CORREIO procurou também parentes de Darilane, em entre eles a avô da menina, Maria das Graças Santos da Costa, 55 anos, mas ninguém quis falar novamente sobre o asssunto. >
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) disse que o pai da menina prestou depoimento no sábado (8) e disse que foi um acidente.>
Morte No domingo, Maria das Graças contou que as duas meninas dançavam no Largo Marquês de Olinda, no final de linha do Garcia, quando elas resolveram ir para a casa da filha do policial, pouco depois das 19h30.>
"O que a gente sabe é o que se comenta, de que elas brincavam de roleta-russa e que a menina apontou a arma para a cabeça de minha neta", contou Maria das Graças. >
As duas meninas estariam sozinhas na casa e, instantes depois do disparo, parentes do policial chegaram no local. "Eles trataram de impedir que nós, parentes de Darilane, entrássemos na casa.>
Somente com a chegada do pai da menina, 50 minutos depois, que foi possível o acesso à cena do crime. O pai já tinha levado a filha e a arma. Quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, minha neta já estava morta", contou a avó. >
Ainda de acordo com a avó da menina, há pouco menos de uma semana, o primo de Darilane teve a mesma arma aponta para si. "Ele só nos contou agora, com a morte da prima. Ele disse que a filha do policial apontou o revólver pra ele e disse: 'Cadê você? Você não disse que era valente?'. Mas ele encarou como uma brincadeira. E isso é brincadeira? Como é que um pai deixa uma arma em local de fácil acesso? Era uma tragédia anunciada", desabafou. >