Policiais interrompem reunião que tratava de atos contra Bolsonaro: 'Óbvia intimidação'

Agentes da PRF em Manaus disseram atuar a mando do Exército, que negou

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2019 às 14:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Foto: Reprodução/A Crítica Uma reunião entre representantes de movimentos sociais do Amazonas em que eram planejadas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro foi interrompida por três policiais rodoviários federais no final da tarde desta terça-feira (23).

Armados, sendo dois deles com fuzis, os policiais ficaram no local por 20 minutos e perguntaram que entidades estavam ali reunidas e o que estava sendo planejado para a visita de Bolsonaro a Manaus - o presidente chega à capital amazonense nessa quinta (25).

Segundo o jornal A Crítica, o encontro acontecia na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Amazonas (Sinteam), e no momento da abordagem estavam na sede do Sinteam sete pessoas, entre elas o coordenador do Movimento Brasil Popular, Yan Evannovick, a presidente do sindicato, Ana Cristina, e o secretário de finanças do Sinteam, Cléber Ferreira.

"Eles disseram que estavam ali a mando do Exército Brasileiro. Conversamos com eles muito tranquilamente e deixamos claro que protestar é permitido no Brasil livre. E eles informaram que estavam ali cumprindo o papel deles", relatou Cleber, afirmando que apesar da visita não ter tido violência, foi uma clara tentativa de intimidação."No momento que vivemos, com o governo que está aí, a presença da polícia dentro de uma entidade sindical é uma óbvia intimidação", argumentou o sindicalista.Com mais de 20 anos de trajetória em movimentos sociais e sindicais, Cléber Ferreira afirmou ao A Crítica que jamais havia passado por uma situação parecida."Nos estranha muito essa atitude, porque é a primeira vez desde a redemocratização que recebemos uma visita de forças federais para saber como seria uma manifestação. É algo muito atípico. Eles foram gentis, mas é claro que intimida", comentou.Após a saída dos policiais do local, a reunião seguiu na sede do Sinteam. Segundo Ferreira, a intenção é aproveitar a passagem de Bolsonaro por Manaus, que ele visita pela primeira vez na condição de presidente da República, para fazer uma manifestação pacífica.

Procurada, a assessoria da PRF no Amazonas informou que não estava autorizada "a passar qualquer informação via telefone para desconhecidos" e que dúvidas poderiam ser tiradas na sede do órgão, na assessoria de comunicação, em horário comercial.

Exército nega  Em nota, o Comando Militar da Amazônia (CMA) negou a informação repassada pelos policiais aos sindicalistas e disse desconhecer a realização da reunião, "bem como não reconhece qualquer ordem oriunda de suas Unidades para tal".

"Cabe destacar que o Exército Brasileiro atua com base nos princípios da legalidade, estabilidade e legitimidade", concluiu a nota.