Policiamento segue reforçado no Calabar após ataques em ônibus

Equipes estão posicionadas em uma das entradas do bairro

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  • Da Redação

Publicado em 5 de março de 2020 às 10:07

- Atualizado há um ano

Foto: Eduardo Dias/CORREIO Nesta quinta-feira (5), terceiro dia após os protestos contra a morte de Marcos Vinicius Ramos Salomão, 21 anos, a Polícia Militar (PM) segue reforçando o policiamento na comunidade do Calabar, em Salvador. Moradores e comerciantes amanheceram com viaturas posicionadas na entrada no bairro, em Ondina. Na segunda-feira (2), homens encapuzados puseram fogo em um ônibus em Ondina, no Largo do Camarão, um dos acessos à comunidade. 

Ontem, no segundo dia, além de unidades da 41ª Companhia Independente (CIPM/Federação), equipes do Batalhão de Choque circulavam entre o Calabar e o Alto das Pombas e havia também patrulhamento feito por helicóptero do Grupamento Aéreo da PM (Graer). Hoje, a sensação de segurança é dada por um efetivo menor. O CORREIO circulou pelo bairro e adjacências e constatou unidades da 12ª CIPM (Rio Vermelho) na entrada do bairro, trecho que dá acesso ao bairro de Ondina. 

 “A coisa já está voltando ao normal. Digamos que 90%. Não houve operação na madrugada, as pessoas estão mais tranquilas, indo trabalhar sem medo, os alunos que não foram para a aula ontem, já foram hoje, alguns funcionários do posto de saúde que também não vieram por medo, hoje já estão nos seus postos de trabalho. Até o final do dia tudo estará 100%”, disse um morador da região. 

Em nota, a Polícia Militar informou que o “policiamento está intensificado na região com guarnições da 41ª CIPM, CIPT/Rondesp Atlântico Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), Esquadrão Águia e sobrevoos do Grupamento Aéreo (Graer) da PM”.  

Em paralelo a tudo isso, alguns moradores se queixam da ação ostensiva da PM. Eles disseram que policiais que não são Base Comunitária estão tratando a população com truculência. Eles apontam, por exemplo, a Rondesp e a própria 41ª CIPM, unidade responsável por coordenar a Base Comunitária. 

Base comunitária  Em 27 de abril de 2011, o bairro do Calabar, na ocasião tido como um dos bairros mais violentos de Salvador – os índices atestavam –, recebia a primeira Base Comunitária de Segurança (BCS) do estado, um projeto nos moldes de outro já existente no Rio de Janeiro que, numa nova política pública de segurança, teve o objetivo de reduzir a violência e a criminalidade no estado.

Os policiais da unidade receberam treinamentos específicos para conviver com a comunidade. “A gente não tem o que falar dos policiais da Base. Parecem que fazem parte de uma outra polícia”, disse uma moradora ao CORREIO na manhã dessa quarta-feira (4). O último registro de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no Calabar - e que não incluem mortes pela polícia - foi em 7 de fevereiro de 2012. Os CVLIs contabilizam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

Com a Base do Calabar, houve uma redução significativa dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) nas regiões do Calabar e Alto das Pombas, ambas conhecidas historicamente por conflito entres grupos de traficante. A unidade passou a ser exemplo e outras foram inauguradas em Salvador, região metropolitana e no interior da Bahia. No entanto, a tranquilidade já não é mais a mesma.

O que diz a PM Em nota enviada ao CORREIO na quarta (4), a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) esclarece que "a região do Calabar e Alto das Pombas é patrulhada pela 41ª CIPM, unidade que coordena as ações da Base Comunitária. Ressalta que o tráfico é combatido diariamente, enfraquecendo as ações de criminosos. A BCS é subordinada à 41ª CIPM. E a Rondesp Atlântico faz ações diárias em todas as localidades de atribuição dela. O Calabar é uma delas”.

Atualmente, a facção Comando da Paz (CP) detém o domínio do tráfico no Calabar, enquanto a arquirrival Bonde do Maluco (BDM) atua do Alto das Pombas.

O CORREIO procurou também a Polícia Militar. A corporação respondeu que “denúncias sobre atuações desconformes de policiais militares devem ser levadas a Ouvidoria ou Corregedoria da PM-BA, para que sejam investigadas formalmente. É importante ressaltar que a identidade do denunciante é preservada”.

Em relação à atuação de unidades, a PM disse que acontece de acordo com as suas delimitações territoriais. “Neste caso, a 41ª CIPM e a Rondesp Atlântico correspondem à região, portanto podem e devem atuar na localidade, inclusive na situação de necessidade de intensificação de policiamento”.

A nota finaliza informando que “em curso de formação, os policiais militares são treinados para atuar de acordo com a legislação, em proteção ao cidadão, respeito aos direitos humanos e preservação da ordem pública”.