Política & Economia: Alban acredita que economia baiana vai surpreender

Presidente da Fieb espera que queda no PIB baiano seja inferior aos 7,2% projetados atualmente

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  • Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A economia baiana começa a dar sinais positivos, mas o temor de um possível “repique” nos casos de contaminação pelo coronavírus será um fantasma que vai acompanhar o mundo até que exista uma vacina para a covid-19. Mesmo com a preocupação, o empresário Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) acredita que a economia do estado ainda pode surpreender e encolher menos que o previsto. 

“O Brasil sempre demonstrou que tem uma capacidade de recuperação muito grande porque nós temos tantas carências, tantas demandas reprimidas, que podemo surpreender”, analisou Alban, durante a live Política & Economia, apresentada pelo jornalista Donaldson Gomes, ontem. 

De acordo com um estudo da própria Fieb, o Produto Interno Bruto (PIB) baiano deve ter uma queda de 7,2% este ano. Porém, Alban diz que existem sinais no mercado que permitem esperar um resultado melhor, com uma queda entre 4,5% e 5%. No início da pandemia, a expectativa era de uma queda de 6,4%. 

“As coisas estão muito dinâmicas e o que é verdade hoje pode não ser amanhã, mas a minha percepção é de que nós devemos revisar isso para melhor. Existem algumas situações que alimentam essa sensação”, diz o presidente da Fieb, ressaltando que se trata de uma “expectativa” dele. Entre os fatores que alimentam a esperança, ele cita a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), que tem significativa participação no resultado do estado e que há alguns meses opera em alto nível. 

Além disso, ele cita o setor agrícola e mineral. “Tem algumas coisas recuperando, outras ainda estão fracas, mas eu acredito que vamos conseguir revisar essa previsão. Isso não tem base em dados estatísticos, mas não me surpreenderá se tivermos uma queda menor que a prevista hoje”, destaca. 

Hora de reagir O presidente da Fieb destacou a importância que o auxílio emergencial de R$ 600 teve para a economia brasileira. “A cadeia produtiva da construção civil está com a produção vendida. Esses recursos foram canalizadas para o consumo. Mas isso vai acabar e a economia precisa responder para repor o que existia antes”, acredita. 

O presidente da Fieb considera fundamental que o processo de retomada da economia permaneça em curso sempre de maneira responsável e monitorada de perto. 

Alban destaca uma série de incertezas em relação à atividade econômica no pós-pandemia, citando mudanças na estrutura de consumo da população. Ele cita como exemplo a força do e-commerce e seus possíveis efeitos. “Isso vai significar uma mudança no sistema do transporte aéreo para mais cargas? As empresas do comércio vão investir mais na logística e menos em lojas? As pessoas vão voltar a viajar como antes? As reuniões serão revisitadas”, cita. 

Uma possibilidade destacada por ele é a do incremento do turismo interno. “Poderemos ter uma mudança no turismo que vai abrir novos mercados”, acredita. 

Ele acredita que após o coronavírus, o mundo inteiro irá rever suas cadeias produtivas, atualmente impactadas principalmente pelo preço. “As cadeias produtivas não serão mais estruturadas com base nos menores custos de produção. Será preciso pensar na segurança em relação ao fornecimento”, acredita.  “Vai ser necessário fortalecer cadeias internas. Na área de saúde, certamente isto vai acontecer”, pondera. 

Uma das áreas apontadas como mais promissoras pelo presidente da Fieb é a área mineral. “A Bahia tem tudo para ter um 2021 promissor graças à mineração e à energia renovável”, diz. 

O sucesso no processo de retomada da economia vai depender de uma contribuição efetiva do setor financeiro, defendeu o presidente da Fieb, Ricardo Alban. “Eu recebo muitos companheiros empresários que reclamam de dificuldades para ter acesso a linhas onde o governo ofereceu garantias de 80%”, conta. 

Reforma tributária Para Ricardo Alban, a recriação de um tributo sobre movimentações financeiras, apelidado informalmente de “nova CPMF”, teria aspectos negativos e positivos. 

“O grande aspecto negativo é que não é um imposto igualitário. Quanto maior for uma cadeia produtiva, maior será a taxação daquele segmento. E não é um imposto justo porque impacta por igual mais favorecidos e os menos favorecidos”, diz. Por outro lado, complementa: “é eficiente na socialização da carga, sem nenhuma dúvida. E é de eficiência astronômica no combate à sonegação”. 

Nova CPMF Para Ricardo Alban, a recriação de um tributo sobre movimentações financeiras, apelidado informalmente de nova CPMF, teria aspectos negativos e positivos.  “O grande aspecto negativo é que não é um imposto igualitário. Quanto maior for uma cadeia produtiva, maior será a taxação daquele segmento. E não é um imposto justo porque impacta por igual mais favorecidos e os menos favorecidos”, diz. Por outro lado: “é eficiente na socialização da carga, sem nenhuma dúvida. E é de eficiência astronômica no combate à sonegação”. 

Ele acredita que a dificuldade seria acertar a dose, para que isso não represente um aumento na carga tributária. “Por que começar em 0,20%? Por que não começar mais baixo, mediante a algum tipo de desoneração compatível que vai abranger”, questiona, ressaltando não ser favorável ao retorno da CPMF.  Para ele, falta discutir o assunto com mais transparência. 

“Nós precisamos de uma reforma administrativa. Não somos contrários ao funcionalismo público, mas precisamos de um estado compatível ao tamanho de nossa economia, para que tenhamos uma reforma tributária justa. Como é que podemos pensar numa reforma tributária justa, se não vamos fazer um dever de casa, que é mexer também na área das receitas. Isso passa pela reforma administrativa”, avisa

Para ele, o grande desafio do Brasil não é apenas o de modificar a estrutura tributária sem o aumento do volume cobrado da população, mas também tem a necessidade de tornar mais justo o processo de cobrança. “Quem paga muito teria que pagar menos e quem paga pouco teria que pagar mais”, defende. 

“Nós precisamos ter uma política tributária. O governo federal precisa atrelar a reforma tributária a uma reforma administrativa. É como fazemos em nossa casa, a gente precisa dar o exemplo. Temos que dar exemplo no combate à corrupção, mas também na maneira como iremos fazer o ajuste fiscal. Ajuste fiscal não se faz só pelo lado da receita, tem que fazer pela despesa também”, defende.