Política& Economia: O negócio do futuro é ser responsável

Empresas devem cuidar do ambiente, social e governança para crescer

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  • Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Tem três letrinhas que não saem na boca e dos pensamentos de quem vive o mundo empresarial. ESG – do inglês Environmental, Social and Governance – é uma nova tendência na operação de grandes empresas em todo o mundo. Mas o conjunto de padrões e boas práticas operacionais está longe de ser uma necessidade apenas para os grandes conglomerados. O mundo cobra uma atuação responsável todos, independentemente do porte. 

“Essa sigla é uma tradução do que a gente chama de sustentabilidade, assim como o capitalismo natural, o capitalismo consciente e todas essas expressões, como desenvolvimento sustentado, é mesmo tema”, destaca Augusto Cruz, autor de um livro sobre o assunto e convidados de ontem no programa Política & Economia. Ele explica que o conceito surgiu voltado inicialmente para questões ambientais, mas foi ganhando cada vez mais espaço na discussão de aspectos sociais e da governança das empresas. 

O pensamento sobre sustentabilidade foi evoluindo no decorrer do tempo, explica Cruz. Segundo ele, discutir o assunto e buscar as melhores práticas neste sentido está longe de ser um modismo. “É uma necessidade”, enfatiza. “Não adianta pensar questões ambientais ou questões sociais sem envolver o comando da empresa. O envolvimento da empresa neste sentido precisa vir do topo”, acredita. 

“A gente precisa mudar o nosso modo de viver e não adianta imaginar que as empresas podem ficar fora disso. Se pegarmos os maiores PIBs (produtos internos brutos) e receitas das maiores corporações do mundo, veremos que tem muito mais empresas no topo do que países”, diz. 

Ele cita entre estratégias simples que podem ser adotadas mesmo micro e pequenas empresas que podem ajuda-las a se adequar às demandas nos novos tempos, como: técnicas para o reuso da água, uso de energia renovável, contratação de pessoas no entorno, contratar abrindo espaço para a diversidade, criar um código de conduta, comprar de fornecedores locais e pequenos agricultores. “Braskem, Gerdau, Natura e outras grandes empresas querem que as suas cadeias de valor também adiram a uma agenda de ESG”, destaca. 

A adoção das medidas não representam necessariamente aumentos de custos para empresas. O primeiro passo para a implantação da agenda passa pela conscientização do comando da empresa e depois disso a definição das políticas que serão adotadas, nas áreas de governança, privacidade, inclusão. “Quem está iniciando um trabalho não precisa abraçar de cara os 17 objetivos de sustentabilidade da ONU ao mesmo tempo. Escolhe um ou dois e trabalha na implantação deles”, recomenda. 

“Com criatividade é possível fazer coisas com um custo muito baixo e até mesmo com redução em alguns casos”, ressalta. 

Segundo Augusto Cruz, atualmente existem mais de 600 fundos com recursos para investimentos em ESG no Brasil. “Um bom projeto pode ser apresentado a bancos de fomento e receber investimentos. Pode ser uma oportunidade de negócios, para captação de recursos e inovação”, diz.  

Pequenas empresas A adesão à agenda de sustentabilidade é benéfica ao “bolso do empresário de qualquer tamanho”, aponta o advogado e escritor Augusto Cruz. Ele diz que as gerações millenium e Z devem movimentar US$ 130 bilhões na economia mundial nos próximos dez anos. “Essa nova turma estará consumindo e investindo. Estamos falando de um público que tem um perfil de preocupação com questão de sustentabilidade. Querem que empresas se posicionem e evidenciem boas práticas de integridade, transparência e ética”, destaca. “Por menor que seja a empresa, ela vai ter que aderir a essas práticas caso queira atender a este público”. 

Além disso, acrescenta, quem tem um pequeno negócio e pensa em ter investidores, sejam internos ou externos, será demandado a aderir à agenda, acredita. “Temos que lembrar que está acontecendo uma acelerada mudança nas legislações mundiais, sobretaxando quem não tem uma atuação responsável”, lembra. Um exemplo disso é a União Europeia, criando leis para taxar quem não utiliza energia limpa, destaca. 

“Se aqui no Brasil não controlarmos questões como desmatamentos, queimadas, nossas empresas irão sofrer quando levarem os seus produtos para fora”, sinaliza. 

E um terceiro ponto está relacionado a quem tem grandes ou até médias empresas como destinatárias de seus produtos e serviços. “Cada vez mais, as grandes empresas estão preocupadas em negociar com outras que tenham uma atuação parecida com a delas em termos de responsabilidade”. 

“A agenda ESG pode ser uma ameaça para aqueles que ficarem presos a valores antigos e cada vez mais ultrapassados, mas pode ser uma oportunidade de negócios”, acredita.  Um campo que se abre para empreendedores é o de criação de soluções para ajudar outras empresas a se adaptarem às mudanças, recomenda. “Os pequenos negócios demandam uma série de soluções para gastar menos, para serem mais eficientes e isso tudo pode ser oportunidades para outras empresas”, acredita.