População reclama de mau cheiro intenso no Dique do Tororó

Segundo biólogo, excesso de matéria orgânica na água pode ser a causa do problema

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  • Milena Hildete

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 04:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes/CORREIO

Há cerca de dois meses, os  clientes de um dos restaurantes no entorno do Dique do Tororó precisam escolher se passam calor, fechando as janelas do estabelecimento, ou se aguentam o mau cheiro vindo do manancial. “Estava pior, a ponto do cliente chegar e nem pedir a refeição”, lamenta o gerente de um dos locais, que pediu para não ter o nome divulgado. 

O cheiro desagrádavel, semelhante ao de esgoto, afeta até quem passa de carro na região. A administradora Fabrícia Lima, 28, trabalha no Engenho Velho da Federação e costuma passar diariamente pelo Dique. Ela conta que já pensou em mudar de trajeto por causa do odor: “Parece que mataram uma pessoa e jogaram aí dentro. Eu tenho até medo de pegar doença”. 

Quem também pensou em mudar de rotina por causa do fedor foi a doméstica Rosilda Lopes, 41. Ela pratica exercícios físicos nos equipamentos que ficam no entorno do lago. “Eu não deixei de malhar aqui, mas prefiro ficar na parte que não tem fedor”. 

A coloração da água também é sintoma de que algo de errado está acontecendo com o manancial. Professor de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Doriedson Ferreira suspeita que o excesso de matéria orgânica esteja causando o problema. De acordo com ele, o fósforo e o nitrogênio na água fazem com que  as microalgas se proliferem. “Existe a possibilidade de que  a decomposição dessas microalgas produza o odor”, explica. 

Nesta terça, 17, o prefeito ACM Neto utilizou as redes sociais para falar sobre  o mau cheiro que afeta a região do Dique. Em um post, ele publicou:  “Tenho recebido várias mensagens sobre a situação do Dique do Tororó. Hoje (terça) mesmo passei por lá e, mais uma vez, senti o mau cheiro insuportável. É bom deixar claro que o Dique é administrado pela Conder e a qualidade das águas de Salvador é monitorada pelo Inema, ambos órgãos estaduais”, esclareceu o prefeito. 

A reportagem do CORREIO entrou em contato com a Conder e o órgão informou que não tem domínio sobre as águas do Dique, apenas pelas áreas do entorno. A Embasa também esclareceu  que não é responsável pela manutenção do local. Já o Inema foi procurado, mas não respondeu até o fechamento desta edição. Os três órgãos são ligados ao governo estadual.