Por permitir a presença de mulheres, Kuviteiras faz sucesso com esposas

Bloco saiu neste sábado (21) puxado pela La Fúria

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 22 de fevereiro de 2020 às 18:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Vinícius Nascimento

Homens fantasiados de mulher, grito de guerra com o nome do bloco, pistolas de água… Você sabe de quem estamos falando, não é mesmo? Cuidado com a sua segurança ao responder, porque o assunto em questão é o bloco das Kuviteiras, que saiu neste sábado (22) puxado pela banda La Fúria. Pois é, não estávamos falando das Muquiranas, que estreou no Carnaval de 2020 neste sábado, puxado pelo Parangolé.

O comparativo entre os dois blocos é inevitável e só aumenta com o fato de ambos saírem no mesmo dia. O trio de Márcia Short foi a única coisa entre a festa comandada por Tony Salles e a de Bruno Magnata. Outra diferença bem sensível entre as duas folias é que, diferente das Muquiranas, as mulheres também têm direito de comprar fantasias nas Kuviteiras e isso se torna um atrativo para casais. Ou melhor, para esposas que não confiam em deixar seus maridos soltinhos na festa de momo.

CORREIO Folia: confira todas as notícias do Carnaval 2020

A cuidadora de idosos Cleide Santos é um bom exemplo disso. O maridão Élcio Santana até queria sair nas Muquiranas, mas foi barrado por sua esposa. “Se ele pode sair comigo no bloco por que eu vou deixar sozinho? Quero me divertir com ele e ainda posso vigiar”, relatou. A Élcio, só restou acenar com os braços concordando antes de falar com o canto da boca “e eu sou maluco de dizer que não?”. 

O bloco das Kuviteiras demorou em sair, assim como boa parte dos trios no circuito Osmar. Nem por isso, a alegria dos foliões diminuiu. O quarteto formado por Renata Albuquerque, Bianca Santos, Cassia Adorno e Fernanda não estava nem aí para o horário, afinal de contas ninguém tinha horário de retornar pra casa. A ansiedade era só para balançar a raba, como Bianca fez questão de frisar. Mas, no carnaval, qualquer lugar é lugar e, antes mesmo da banda iniciar os trabalhos, elas já lançavam a quebradeira. Erradas não estavam. Da direita para a esquerda: Renata, Bianca, Cássia e Fernanda na concentração antes da saída das Kuviteiras (Foto: Vinícius Nascimento/CORREIO) No comando do trio, o vocalista Bruno Magnata, da banda La Fúria, caprichou no look e abusou do colorido - talvez aproveitando o embalo da pipoca das cores, de Saulo Fernandes, que passou por ali algumas horas antes. Diferente do que é comum nas Muquiranas, nas Kuviteiras o cantor não aderiu à tradição do folião e também se vestiu de mulher. A roupa de Bruno era composta por uma blusa e botão e um short.

No embalo de músicas do É O Tchan tipo “Joelhinho, Cabeça”, Bruno iniciou seus trabalhos no circuito e colocou o folião Jonatas Santana, 20 anos, para fazer a festa. Ele teve paralisia cerebral por conta do nascimento prematuro e precisa da ajuda do pai, Túlio Santana, para curtir a festa. Morador da Graça, Túlio contou à reportagem do CORREIO que Jonatas é um folião fiel e pula carnaval há dez anos. No próximo domingo (23), ele vai seguir a sua tradição de desfilar com os  Filhos de Gandhy.

“Ele gosta muito, pode ver que tá curtindo. Sempre sai no carnaval e dá tudo certo. Só preciso ficar esperto quando um ou outro cordeiro está abrindo espaço para o trio e não olha pra trás. Aí eu aviso e fica tudo tranquilo”, explicou Túlio.

Chegando no Campo Grande, o Magnata fez o quarteto formado por Jair Santos, Claudia Reis, Rosangela Rodrigues e Grimaldo Rodrigues. Eles saíram de São Marcos para curtir a festa e adoraram quando Bruno cantou “Ôeêh (O Magnata Faz)”. Claudia explicou que tem uma certa quedinha pelas Muquiranas por conta da tradição, mas que no final das contas a única coisa que muda de um bloco para o outro é que nas Kuviteiras ela pode participar, com fantasia e tudo. Quarteto de São Marcos saiu de casa sem hora pra voltar (Foto: Vinícius Nascimento/CORREIO) Ainda há aqueles casos de quem já não sabia muito bem o que estava falando ali. Anderson Santana se programou para pegar a saída das Muquiranas, marcada para 14h30 e depois seguir para o bloco que comprou fantasia junto ao seu vizinho Guilherme. No final das contas, bebeu demais antes da hora e quando foi parado por nossa reportagem no meio da rua não conseguiu falar muito bem as suas expectativas para o bloco, o que sabiaera que já não se aguentava direito nas pernas e precisava beber. Tudo isso dando uma golada na bebida chamada de 150bpm, em alusão à batida do funk que faz sucesso no país. Ê, carnaval...

*com supervisão da subeditora Tharsila Prates

O CORREIO Folia tem o patrocínio do Hapvida, Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio do Salvador Bahia Airports e Claro.