'Por que mataram meu pai?', questiona filho de artista morto por PMs

Missa de 7º Dia homenageou vítima nesta sexta; família pedirá ajuda do governador

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  • Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2018 às 20:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Vanderson Nascimento/TV Bahia

Foto: Vanderson Nascimento/TV Bahia Os familiares do artista plástico Arnaldo Filho, 61 anos, o Nadinho, morto pela Polícia Militar em Candeias, ainda se esforçam para entender o que levaria alguém a matar uma pessoa tão querida por todos. "Por que mataram meu pai?", questionou Arnaldo Neto, filho da vítima, em conversa com o CORREIO após uma Missa de Sétimo Dia, realizada na manhã desta sexta-feira (27), no Santuário Nossa Senhora das Candeias.

O santuário estava lotado de familiares e amigos de Nadinho para homenageá-lo, mas também para lutarem por justiça. "A esperança do caso terminar da forma certa a gente tem até o final; é o que vai ser feito. Não só pela vontade dos homens, mas pela vontade de Deus. Uma brutalidade dessas não pode continuar do jeito que tá, pra que outros 'Amados Filhos' não morram", declarou Netinho, como o filho de Arnaldo é conhecido.

Durante a conversa, Netinho ainda revelou a vontade da família de se reunir com o governador Rui Costa, e com o secretário estadual da Segurança Pública, Maurício Barbosa, para discutirem o caso."Queremos saber a posição deles sobre essa situação, porque não é um caso comum. Um pai de família, fazendo seu trabalho, sua arte, e vem a polícia e faz uma besteira dessas. Queremos saber como eles podem acelerar isso [a investigação]", explicou.Uma caminhada por justiça reuniu mais uma vez familiares e amigos de Nadinho em Candeias. Eles saíram da Ladeira de Barzinho, por volta das 18h, e seguiram, todos vestidos de branco com a imagem do artista estampada nas camisetas, em direção à Praça Dr. Francisco Gualberto Dantas Fontes, no Centro do município.  Nadinho foi baleado enquanto trabalhava em seu ateliê (Foto: Arquivo pessoal) Policiais afastados Três dos seis policiais militares envolvidos na morte do artista plástico foram afastados das atividades operacionais. De acordo com a Polícia Militar, eles foram tirados das ruas para serem acompanhados por uma equipe de Psicologia do Departamento de Promoção Social (DPS) da corporação. Contudo, ainda responderão em paralelo ao Inquérito Policial Militar instaurado.

Ainda segundo a PM, foram afastados apenas os três policiais que atenderam o primeiro momento da ocorrência. “Os policiais já foram afastados e o comandante-geral (Anselmo Brandão) determinou rigor e rapidez na apuração”, disse o capitão Bruno, na manhã de segunda-feira (23), durante entrevista à TV Bahia. Ainda segundo o porta-voz da PM, a investigação é feita pela Corregedoria da PM. “A Corregedoria solicitou vários exames à Polícia Técnica”, declarou.

O caso O artista plástico Arnaldo Filho morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar dentro de seu ateliê, na noite do último sábado (21), em Candeias. Segundo os familiares da vítima, PMs entraram no imóvel e já chegaram atirando no homem, que estaria desarmado e desenhando.

Em nota, a PM afirmou, inicialmente, que a morte aconteceu no bairro Santo Antônio, por volta das 20h, após equipe de militares da Operação Força Tática de Candeias receberem um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), informando que um homem havia invadido uma residência no bairro.

A PM informou que duas equipes estiveram envolvidas nessa ocorrência, cada uma composta por três policiais militares. "Entretanto, apenas uma estava no momento da abordagem do imóvel, a outra equipe chegou em apoio momentos depois", destacou a corporação.

"Ao chegarem no endereço informado, as equipes policiais bateram à porta do imóvel e identificaram-se como policiais militares, contudo o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente à iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro, o tórax", afirmou a PM, em nota.  

A família negou que isso tenha ocorrido. "Eles entraram na casa e plantaram uma arma. Ainda disseram que meu tio tinha pólvora na mão, mas ele não atirou. Era um homem de bem que não tinha nenhum envolvimento. Ele morava nessa casa desde pequeno", complementa o sobrinho que, junto à outros familiares, pretende denunciar a ação policial.