Posto de saúde invadido por bandidos fica fechado mesmo com reforço da PM

Grupo invadiu unidade ontem e fez 16 reféns

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  • Bruno Wendel

Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 14:54

- Atualizado há um ano

(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) O Centro de Saúde Osvaldo Caldas Campos, no bairro de Santa Cruz, invadido nesta segunda-feira (10) por quatro bandidos que fizeram 16 reféns, entre servidores e pacientes, amanheceu nesta terça-feira (11) fechado mesmo com reforço da Polícia Militar na região. Apesar de a PM empregar policiais de três unidades – 40ª Companhia Independente da PM (Nordeste de Amaralina), Base Comunitária de Santa Cruz e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) –, moradores ainda seguem com medo. 

Após um tiroteio que terminou com três suspeitos mortos e um policial militar baleado, por volta das 16h, suspeitos invadiram o posto de saúde no final da tarde de segunda e fizeram entre os reféns uma menina de 12 anos, que foi ao posto acompanhar a mãe. Os reféns foram liberados às 19h20. Os quatro suspeitos foram levados em viaturas para a Central de Flagrantes, na região da Rodoviária. A liberação das vítimas só foi possível após a chegada de familiares dos suspeitos e da imprensa, que acompanhou a prisão dos criminosos. 

“Logo cedo algumas pessoas foram buscar atendimento. Era um grupo pequeno, de cinco pessoas, que foi para marcar consultas e acabou encontrando o portão fechado. Algumas pessoas foram tentar atendimento em outra unidade. Outros foram para casa”, contou uma dona de casa que mora a poucos metros da unidade de saúde.“A gente tem conhecimento do problema que é falta de segurança aqui, e que os funcionários precisam de proteção, mas nós moradores precisamos de atendimento médico. É preciso que se faça algo que resolva de vez a situação”, complementou a vizinha. A Prefeitura de Salvador, por nota, informou, que o posto passa por uma organização e ainda não há previsão de quando voltará a funcionar. As atividades na unidade estão suspensas temporariamente.

A partir de segunda-feira (17), os pacientes que eram assistidos no local serão atendidos na Unidade de Saúde da Família (USF) Clementino Fraga (antigo 5º Centro), nos Barris, que terá equipes reforçadas para garantir a ampliação da assistência. Ainda segundo a nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) está prestando suporte psicológico aos servidores vítimas do episódio. 

"A gestão já iniciou a relocação desses profissionais para outros postos da região e disponibilizou a facilitação da licença prêmio aos colaboradores que se enquadram nos critérios exigidos para obter o benefício", informa. 

A Prefeitura ainda estuda a implantação de uma nova unidade de saúde na região em um local que ofereça menos riscos para os profissionais e pacientes. 

Ao comentar o assunto durante a apresentação da grade do Festival Virada Salvador 2019, no Teatro Gregório de Mattos, o prefeito ACM Neto disse está preocupado com a segurança pública em bairros populares da cidade.

“Não posso deixar de lamentar a situação da segurança pública em nossa cidade. Chegamos ao ponto de bandidos armados, quase que em plena luz do dia, se refugiarem numa unidade de saúde, fazendo reféns. Faço um apelo às autoridades do estado que tenham responsabilidade sobre a segurança pública para que olhem com mais atenção, sobretudo para locais onde a gente já sabe que existem problemas", afirmou Neto.

Tensão Comandante Policiamento Especializado da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), coronel Humberto Costa Sturaro Filho disse que o policiamento na Santa Cruz foi reforçado desde o início da madrugada desta terça-feira.

“Nossas equipes estarão aqui até quando for necessário, até que tudo volte à sua rotina, até o posto abrir e a tensão das pessoas diminuir”, declarou o coronel. 

De acordo com ele, a ação policial será por rádio patrulhamento. “É o policiamento ostensivo por equipes com três ou quatro policiais que estarão circulando por 24 horas em pontos básicos, onde será possível a população identificar a presença das viaturas, além das incursões. Essa ação conta com o emprego de três unidades da Polícia Militar”, explicou o coronel.  (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) No entanto, apesar da atuação de policiais militares de três unidades da PM, a população que mora no entorno do posto de saúde ainda está amedrontada.

“A gente está com medo, mesmo com tanta polícia. A gente teme que a qualquer momento possa ocorrer um tiroteio e inocentes sejam as vítimas. Eu mesma não saí de casa”, disse uma moradora. A dona de um salão de beleza abriu o estabelecimento, mas com cautela. “Abri só uma parte da porta, porque preciso trabalhar. Atendi aqui pouquíssimas clientes, que ligaram para saber se estava tudo tranquilo. Quando chegam aqui, ficam na maior tensão e querem logo ir embora”, disse a microempresária.