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Mario Bitencourt
Publicado em 12 de junho de 2018 às 03:14
- Atualizado há 2 anos
Quatorze postos de revenda de combustíveis foram notificados pelo Procon (órgão de defesa do consumidor) da Bahia nesta segunda-feira (11), em Salvador, por não venderem o diesel com o preço reduzido de R$ 0,46.>
As notificações ocorreram durante uma ação de fiscalização em 21 postos que durou o dia inteiro e continuará durante a semana, tanto na capital quando em cidades do interior, como Vitória da Conquista, Juazeiro e Barreiras.>
A fiscalização é feita com base na Portaria Nº 760, de 5 de junho, do Ministério da Justiça, que “dispõe sobre as diretrizes para a realização das fiscalizações nos postos de combustíveis pelos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor”.>
O objetivo das fiscalizações, segundo a portaria, é que “para que seja resguardado o direito ao repasse do reajuste do valor do óleo diesel aos consumidores finais no momento do abastecimento”.>
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O diesel teve redução de R$ 0,46 após a greve dos caminhoneiros, que durou 10 dias – de 21 a 30 de maio. Pelo acordo, o valor reduzido será subsidiado pelo governo pelo prazo de 60 dias, e depois disso os preços irão variar a cada 30 dias.>
Na fiscalização, os Procons avaliam se o preço de hoje do diesel é R$ 0,46 menos que o praticado antes da greve. Além disso, é verificado também se a mudança de preço está amplamente visível para os motoristas, como em placas ou faixas na entrada dos postos.>
O Sindicombustíveis, que representa os postos de revenda, apesar de não concordar com a exigência de se colocar uma placa ou faixa, diz que tem orientado aos donos de postos a colocar a informação da forma mais clara possível, na porta dos estabelecimentos.>
Na bomba>
A Portaria Nº 735, de 1º de junho de 2018, também do Ministério da Justiça e que dispõe sobre o repasse do reajuste do preço do óleo diesel pelos postos de combustíveis quando da venda aos consumidores, exige que o posto divulgue a mudança dos preços.>
O problema é que, sem especificar como deve ser essa comunicação, muitos empresários estavam colocando apenas cópias em papel ofício da portaria na própria bomba de combustível, quase imperceptível ao motorista.>
“Os postos que foram notificados nesta segunda-feira em Salvador não estavam obedecendo a uma dessas duas situações”, informou o diretor de fiscalização do Procon-BA Iratan Vilas Boas. “Foram encontrados postos que vendiam diesel com reajuste de R$ 0,41.”>
Os postos notificados têm dez dias para responder ao Procon-BA, dando as justificativas para o problema encontrado, caso não façam isso ou as justificativas não sejam aceitas pode ser multado em até R$ 6 milhões, a depender do tamanho do posto e da quantidade de clientes lesados.>
Na sexta passada, houve fiscalização sobre preço de combustíveis em 42 postos da Região Metropolitana de Salvador (RMS), nas cidades de Simões Filho, Camaçari, Mata de São João e Lauro de Freitas.>
Essa fiscalização na RMS foi referente aos preços de combustíveis em geral. Todos os postos foram notificados a apresentarem justificativas quanto aos preços praticados (também prazo de 10 dias para resposta) durante a greve dos caminhoneiros.>
Também durante a greve, outros 74 postos foram notificados para informar a razão dos preços praticados. As respostas ainda estão sendo analisadas e serão enviadas para o Ministério Público da Bahia (MP-BA) para possíveis providências com relação a irregularidades.>
No interior>
Para o interior da Bahia, planeja-se fiscalizações do mesmo tipo em Vitória da Conquista, Barreiras e Juazeiro, em parceria com os Procons municipais. “Estamos orientando os responsáveis pelos Procons, vamos seguir o mesmo modelo daqui”, disse Vilas Boa, segundo o qual a fiscalização deve continuar “até o mercado se restabelecer”.>
O presidente do Sindicombustíveis, Walter Tanus, preferiu não comentar sobre os preços do diesel praticados pelos donos dos postos. “O que estamos recomendando é que as mudanças de preços sejam colocadas na entrada dos postos, em placas ou faixas, apesar de não concordar porque a portaria não exige isso”, falou.>
Colocar uma faixa ou placa de forma visível informando sobre os preços praticados faz um grande diferencial para o motorista Josinei Fagundes, 36, de Jequié e que ontem estava em São Francisco do Conde para carregar o caminhão com gasolina.>
“Muitos postos tanto na BR-116 quanto dentro das cidades não estão colocando o preço mais na entrada. Com isso, eles obrigam você a parar no posto para saber quanto está o valor, às vezes o cara fica lá mesmo”, contou.>
Sobre o valor do diesel, disse que encontrou nesta segunda-feira num posto em Santo Estevão o produto por R$ 3,13. “Antes da greve, abasteci lá e estava de R$ 3,55. Nem todos os postos colocaram o que ficou acordado com o governo”, observou.>
Mas a redução já tem surtido efeito na vida do caminhoneiro, que está há 15 anos na profissão. “Melhorou bastante do que estava antes, mas precisa melhorar mais. Antes, só o óleo diesel estava consumindo quase 60% do valor do frete”.>