‘Pra chamar a atenção’, diz moradora sobre ônibus queimado em Sussuarana

De acordo com moradores, um adolescente de 13 anos foi assassinado após ação da PM na localidade

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  • Tailane Muniz

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 08:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Moradores do bairro de Sussuarana Velha, na região do Centro Administrativo da Bahia (CAB), afirmam que o grupo que queimou um ônibus no local, na noite desta segunda-feira (2), tinha a intenção de “chamar a atenção”. Justificam como motivação a morte de um adolescente de 13 anos. 

Moradora do local há 30 anos, a cuidadora de idosos Eliete Martins, 46, afirma que o garoto era inocente. Diz que não conhece a vítima, mas lamenta não ser a primeira “morta pelas mãos de policiais”. Ainda segundo ela, o adolescente foi assassinado no final da tarde.

“Eles tocaram fogo para chamar a atenção. Nós não aguentamos mais uma polícia que chega na comunidade atirando, sem se importar quem é quem, se deve ou não deve”, reforça ela, ao dizer que Sussuarana é um “lugar tranquilo". 

Procurada, a PM informou que 'por volta das 22h30 de segunda-feira (2) a 48ª CIPM foi acionada por populares que havia um ônibus em chamas na Avenida Ulisses Guimarães, em Sussuarana, em frente a um posto de combustíveis. A guarnição acionou o corpo de bombeiros, que controlou o incêndio, e permaneceu no local. Policiais da 48ª CIPM e da Companhia Independente de Policiamento Tático/Rondesp Central intensificaram o policiamento no bairro de Sussuarana', disse a corporação. 

O CORREIO não localizou familiares do adolescente. No boletim da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) também não existe registro da morte. A pasta não torna pública ocorrências decorrentes de ações policiais.

Ônibus  Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota garante a circulação de ônibus no local, mas só até a entrada do bairro. “Não entram no final de linha até que haja uma estratégia de segurança. A PM não é onipresente, por isso é uma questão macro”, pontua.

À reportagem, Daniel esclareceu que já nas primeiras horas da noite de ontem, os rodoviários ouviram um burburinho de que “algo ia acontecer”. De imediato, então, foram orientados a não passar da entrada da localidade, a cerca de 200 metros do final de linha.

“Algumas lojas fecharam já às 19, então tomamos essa decisão. Quando foi mais tarde, soubemos do incêndio. É algo que assusta, mesmo quando não há feridos fisicamente”. Segundo ele, pelo menos 80 ônibus de quatro linhas circulam na localidade.

Um transtorno para aposentada Maria de Lourdes, 78, residente do local há 38 anos. “É muito ruim porque eles fazem a bagunça e a gente quem paga a conta”, lamenta. Quanto à distância, afirma tirar de letra. “Aos pouquinhos, a gente chega, mas bom, bom, não é, não. Se nós pagamos nossos impostos, merecemos o melhor”. 

A distância também é minimizada pela recicladora Cícera Silva, 54. Conta que o que preocupa quem mora na região é sempre a segurança. “É precária. Nós vivemos à mercê de um esquema [de segurança] que não funciona”, se limita a dizer.