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Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2020 às 15:10
- Atualizado há um ano
A candidatura de Jair Bolsonaro foi oficializada em julho de 2018, porém o próprio candidato afirmou em propaganda eleitoral que decidiu ser Presidente do Brasil ainda em 2014, quanto a partir de então passou a investir nesse projeto. O então candidato, apesar de estar na vida pública há vinte e oito anos, era pouco conhecido no país. Mas, ainda assim, o representante do “baixo clero” e dono de posições políticas polêmicas e radicais, foi eleito Presidente da República.
Guardadas as devidas proporções, a estratégia de campanha de Jair Bolsonaro remete a outra eleição: a eleições norte-americana de 2016. Desde os instrumentos utilizados para propagar suas mensagens até o teor dos discursos e estratégias de neutralização do adversário, Bolsonaro se assemelha muito a Trump e, por vezes, foi chamado pela mídia internacional de “Trump Tropical”.
Em 2016, Trump brincou com a mídia. Cada frase polêmica proferida por ele era garantia de publicidade espontânea. Com a ideia de que os EUA não poderiam ser mais como antes e o slogan “Make America Great Again”, Trump tirou proveito das crises para despertar uma memória afetiva em relação aos velhos tempos no eleitorado. Colocou-se como aquele que seria diferente de qualquer um que já esteve no poder e reduziu todos os problemas a um inimigo comum, o imigrante, e aqui usou e abusou dos sentimentos de medo e raiva a seu favor.
Trump também negou a legitimidade de sua adversária, Hillary Clinton, atacando-a constantemente, além de ter criado uma imagem que seria um mal menor comparado a destruição que a candidata do Partido Democrata poderia causar com sua agenda de governo. Isso o levou a vitória. No Brasil de 2018, Bolsonaro não fez muito diferente. O caminho até o mais alto cargo do Executivo brasileiro foi dedicado à construção da ideia de um “mito”. Jair passou a ser visto por seus seguidores como um político honesto e corajoso, o que nutria um sentimento de esperança para a política brasileira.
Hoje, em meio a um novo processo eleitoral, Trump tenta implementar novamente a estratégia que já lhe garantiu a vitória. Agora, entretanto, ele enfrenta Joe Biden, um adversário centrado, que não desperta grandes paixões e não serve de material para assustar e convencer o eleitor mediano. A corrida para a Presidência tem sido um referendo sobre seu governo e, por isso, o atual Presidente corre sérios riscos de ser derrotado.
Muita coisa pode acontecer nos próximos dois anos, mas, para o Brasil, uma coisa é certa: precisamos de uma figura centrada que consiga aglutinar as forças políticas pró-democracia e que não permita que Bolsonaro polarize o pleito mais uma vez. Precisamos de um “Biden Tropical”.
Cleiton Silva e Yasmim Oliveira são professores da UEFS
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores