Prefeita de Porto Seguro afastada debochou sobre desvio em vídeo

Vídeo gravado em 2012 foi retirado do ar

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  • Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 12:00

- Atualizado há um ano

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A prefeita de Porto Seguro Claudia Oliveira (PSD), afastada do cargo nesta terça-feira (7), apareceu em vídeo, em 2012, debochando sobre um possível desvio de verba de orçamento da cidade. Na época, Claudia era candidata à Prefeitura e deputada estadual, e conversava de forma descontraída com Robério Oliveira, então prefeito de Eunápolis. 

Claudia era líder das pesquisas de voto na época, e chegou a chorar durante entrevista em um programa de televisão afirmando que era uma montagem. Uma decisão judicial ordenou a retirada do vídeo do ar. Nas imagens, em tom de brincadeira, Claudia fala sobre um desvio de verba ao passar em uma ponte:

"Estou visitando aqui meu povo, povo da periferia. Eu colocarei emendas, farei projeto para uma ponte que vai beneficiar aqui toda a comunidade. Uma ponte onde serão investidos dois bilhões. Um bilhão eu fico", diz.

Claudia foi afastada junto com os prefeitos José Robério Batista de Oliveira (PSD), de Eunápolis, e Agnelo Santos (PSD), de Santa Cruz Cabrália. Eles ainda são alvos de mandados de condução coercitiva - quando são levados para prestar depoimento. O CORREIO entrou em contato com as prefeituras, mas não teve retorno até o momento. A PF chegou a pedir a prisão dos três prefeitos, mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região negou.

As investigações, de acordo com a investigação da PF,  apontam que as prefeituras envolvidas contratavam empresas relacionadas ao grupo familiar para fraudar licitações, simulando a competição entre elas. "Após a contratação, parte do dinheiro repassado pelas Prefeituras era desviado, utilizando-se de “contas de passagem” em nomes de terceiros para dificultar a identificação do destinatário final dos valores arrecadados, que, em regra, retornavam para membros da organização criminosa, inclusive através repasses a empresa de um dos prefeitos investigados. Essas mesmas empresas também eram utilizadas para a lavagem do dinheiro ilicitamente desviado", afirmou a PF, em nota.  

Em um dos casos investigados, segundo as investigações, uma das empresas do esquema tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil integralização do capital. Os policiais federais descobriram, no entanto, que a renda mensal do ex-funcionário era de apenas R$ 800 à época. 

"Os policiais identificaram uma verdadeira “ciranda da propina” na qual as empresas dos parentes revezavam as vitórias das licitações para camuflar o esquema e, em muitos casos, chegavam ao extremo de repassar a totalidade do valor contratado na mesma data do recebimento a outras empresas da família. Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa (Art. 2º, Lei 12.850/13), fraude à licitação (Art. 89 e 98, Lei 8.666/93), corrupção ativa e passiva (Arts. 317 e 333, CP) e lavagem de capitais (Art. 1º, Lei 9.613/98)", destacou a PF.