Prefeito diz que linhas de ônibus não serão retiradas: 'Impossível'

Segundo o Ministério Público, um estudo sobre o assunto está sendo analisado

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  • Tailane Muniz

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 20:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

A extinção de 100 linhas de ônibus, solicitada pela Casa Civil estadual à prefeitura, é uma medida "impossível" de ser executada, segundo o prefeito ACM Neto. "Nós não vamos retirar absolutamente nenhuma das linhas que o governo está sugerindo. Isso ia gerar um caos na cidade, a população não pode ficar sem esses ônibus", afirmou Neto nesta segunda-feira (26). 

Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que cerca de 200 mil pessoas serão prejudicadas com a retirada das linhas troncais - que correspondem aos ônibus que fazem o mesmo trajeto do metrô."É impossível, haveria uma situação inadministrável para as pessoas, que não teriam como sair de casa pro trabalho, do trabalho para casa. São linhas essenciais para o transporte diário. Asseguro que vai ser mantido, de todo jeito, para garantir que essas pessoas tenham seu transporte", completou o prefeito. O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que a decisão da retirada das linhas já era prevista em uma das cláusulas do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Estado e prefeitura, assinado pelas partes em 2017. Ao CORREIO, a promotora Rita Tourinho comentou que um estudo apresentado pela empresa Oficina - contratada pelo governo - está sendo analisado pelo MP-BA. A princípio, de acordo com Rita, um cronograma de retirada é uma das possibilidades. "O MP não advoga pela extinção total das troncais, mas deixo claro que, a princípio, o estudo mostra que, se a retirada for feita de forma responsável, o corte não prejudica as pessoas. É preciso saber se as estações do metrô têm capacidade para suportar mais essa quantidade de gente. Se ficar constatado que não vai causar prejuízos, o termo vai ser cumprido", afirmou a promotora, acrescentando que uma reunião no início de dezembro discutirá a questão.Por meio de nota na semana passada, a Casa Civil disse que a retirada das linhas é um compromisso que a prefeitura assumiu no TAC. "O documento, dentre as diversas cláusulas, apresenta a necessidade do corte de linhas troncais urbanas e metropolitanas que fazem o mesmo percurso do metrô". O secretário da pasta, Bruno Dauster, não foi encontrado nesta segunda (26) para comentar a solicitação.

Metrô  Em nota enviada à reportagem, a CCR Metrô Bahia garantiu que tem capacidade para suportar até 200 mil passageiros a mais, já que a demanda atual é de 550 mil usuários, mas transporta atualmente 350 mil."Na hora de pico, a oferta é de 80 mil lugares, mas apenas 62,5% é ocupado, transportando, aproximadamente, 50 mil passageiros", afirmou a CCR, acrescentando que as estações já estão preparadas para um eventual aumento.A concessionária que administra o transporte explicou que o sistema, que opera com 32 trens, tendo em vista a demanda atual, poderia aumentar a quantidade. "Em caso de crescimento do número de clientes, novos trens já existentes na frota serão disponibilizados para a operação, permitindo a redução do intervalo, promovendo o aumento na oferta de lugares".

Já o Sindicato dos Rodoviários, que também é contrário à extinção das linhas, pontua que "mil trabalhadores serão demitidos". Diretor adjunto do Departamento Jurídico, Pedro Celestino afirmou que a categoria está organizando uma manifestação para a próxima sexta-feira (30)."Estamos muito preoucupados com isso. Salvador é a capital do desemprego, imagine mais 1 mil pessoas demitidas, que é o que essa retirada significa. Além disso, os ônibus troncais entram em locais que o metrô não vai, como essas pessoas vão fazer?", comentou Celestino.Em resposta, a promotora Rita Tourinho afirmou que a quantidade de rodoviários demitidos não chega a 1 mil. "Nós não conseguimos entender essa conta. Por meio da assessoria, a Integra afirmou que "por ser concedente, cumpre as determinações da prefeitura" e, ainda, que "a discussão é entre Estado e prefeitura, uma vez que envolve o metrô".