Prefeito e vereadores de Japeri, no Rio, são presos por suposta ligação com tráfico

De acordo com MP, o prefeito e os vereadores integravam o núcleo político de uma organização criminosa que domina o tráfico de drogas no Complexo do Guandu

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  • Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2018 às 23:28

- Atualizado há um ano

O prefeito de Japeri (RJ), Carlos Moraes Costa (PP), foi preso nesta sexta-feira (27), por suposta associação para o tráfico de drogas. A prisão foi feita a partir de uma denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais.

Também foram emitidos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o presidente da Câmara Municipal de Japeri, Wesley George de Oliveira e o vereador Claudio José da Silva, ambos do PP.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, o prefeito e os vereadores integravam o núcleo político de uma organização criminosa que domina o tráfico de drogas no Complexo do Guandu, em Japeri. Eles se aproveitariam do peso e prestígio de seus cargos para atuar em favor dos interesses de traficantes, repassando informações privilegiadas aos criminosos. Além disso, o grupo, segundo o MP, fraudava licitações e desviava dinheiro público.

O prefeito foi flagrado, por meio de escutas autorizadas pela Justiça, em diálogos com um traficante que seriam comprometedoras. Para as autoridades, as conversas conteriam indícios de comprometimento do político com a defesa dos interesses da organização criminosa.

O traficante também já teria telefonado para o prefeito e para outras pessoas influentes do município. O objetivo seria interromper uma operação policial contra a realização de um baile funk promovido pelo tráfico na localidade.

Segundo a denúncia, o vereador Claudio José, o Cacau, também já teria ligado para o traficante para se prontificar a ajudar em uma intervenção policial na comunidade. Nos diálogos judicialmente interceptados, fala-se que o lucro mensal do tráfico com essa atividade chegaria a R$ 100 mil.

O MP-RJ também obteve junto ao Judiciário a suspensão do exercício da função pública do prefeito e dos dois vereadores.

Também estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra 37 traficantes denunciados por integrarem a facção criminosa que controla a venda de drogas em favelas de Japeri.

Ameaças

Ao ser preso, Carlos chegou bastante exaltado à Cidade da Polícia. Ao ser abordado pela imprensa, Moraes xingou e ameaçou jornalistas. “Vai pra p...que pariu, vai pra p… que pariu! Imprensa corrupta. Depois a gente acerta na Baixada”, gritou, bastante alterado. Ao ser questionado se estava ameaçando os jornalistas, o prefeito confirmou. “Tô! Tô sim! Eu também estou sendo ameaçado”, disse, em tom de revolta.

Carlos Moraesestá em seu terceiro mandato à frente da Prefeitura de Japeri, foi eleito em 2016 com 23.863 votos, o equivalente a 44,17% do total de votos válidos no município.

Na disputa à sede do executivo municipal, Carlos Moraes derrotou o atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT). Essa não é a primeira vez que Moraes se envolve com denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro. Em 2011, ele e Bruno Silva Santos, ex-prefeito de Japeri, foram denunciados por crimes de dispensa de licitação fora das especificações previstas em lei, sendo acusado de crime de responsabilidade por desvio de verbas públicas em proveito próprio ou alheio, em uma ação que envolvia contratos ilegais de mais de R$ 1 milhão.

Na casa do prefeito, em Nova Iguaçu, a polícia apreendeu uma pistola 9 mm, com silencioso e sem registro, carregadores, cerca de R$ 35 mil em espécie, embalados em envelopes da prefeitura e US$ 800.