Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 08:58
- Atualizado há 2 anos
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Zona Norte de São Paulo, considerada a primeira área de risco de contaminação por febre amarela na capital paulista, deixaram de vacinar contra a doença a população que reside na região. As doses não estão sendo distribuídas nem mesmo nas UBSs ao redor dos parques Horto Florestal e da Cantareira, onde foram encontrados os primeiros macacos bugios mortos após contraírem a doença.>
As filas ao redor dos postos, que chegavam a dobrar o quarteirão, deram lugar a uma aparente tranquilidade, já que as unidades de saúde estão praticamente vazias. O G1 visitou seis postos da região na manhã desta quarta-feira (31) e encontrou muita gente sem saber o que fazer para se prevenir contra a doença. A reportagem foi informada por funcionários em todas as inidades de que a vacinação foi interrompida por causa da falta do envio de doses.>
Nas UBSs do Horto Florestal e Edu Chaves havia cartazes fixados nas paredes informando que a vacina não estava mais sendo aplicada no local.>
Secretaria prioriza outras áreas>
A Secretaria Municipal da Saúde diz que está priorizando outras áreas da cidade que ainda não receberam a vacina e que estuda um plano para imunizar quem ainda não se vacinou na Zona Norte.>
Segundo a pasta, na Zona Norte, os moradores podem procurar a vacina no Ambulatório de Especialidades Tucuruvi e na UBS Vila Palmeiras, na Freguesia do Ó. Esses locais estão aplicando a vacina para pessoas que vão viajar a áreas de risco dentro do Brasil e também podem imunizar os demais moradores da região.>
Nesta segunda etapa de vacinação na cidade, que teve início no dia 25 de janeiro, somente 20 distritos das Zonas Sul e Leste estão aplicando a dose fracionada da vacina. A dose fracionada equivale a um quinto de uma dose (0,5 ml) para febre amarela, ou seja, 0,1ml. >
A diferença entre as duas vacinas está no tempo de proteção: a dose padrão é para toda a vida, já com a dose fracionada, a duração é de pelo menos 8 anos. O governo optou por este fracionamento para que seja possível ampliar a cobertura com as vacinas disponíveis.>
"Eu esperava que fosse encontrar pelo menos a vacinação com dose fracionada, mas nem isso", completa a dona de casa. "Estive no posto por vários dias no início de janeiro, mas ficava na fila e era informada de que a vacina tinha acabado naquele dia", afirma Dulcinéia.>
Segundo ela, a vacina na UBS do Parque Edu Chaves acabou uma semana antes do início da vacinação fracionada.>
O atendente Andson Higo Pereira, de 23 anos, trabalha em uma loja na Avenida Peri Ronchetti, no Jardim Peri, a poucos metros do Parque Horto Florestal, e não conseguiu se vacinar. "Não tive tempo pra ir me vacinar, e o posto não está mais vacinando porque acabou a vacina". O morador do Jaraguá, também na Zona Norte, diz que na UBS perto da sua casa não está imunizando mais.>
O açougueiro Ailton da Costa, de 58 anos, disse que tem medo de contrair a doença por trabalhar perto das áreas de mata no Horto Florestal.>
"Não tive tempo de sair do serviço para tomar essa vacina. As filas estavam muito grandes e não podia ficar tanto tempo fora do trabalho. Vou ficar sem tomar agora e correndo risco de vida", lamentou ele. "O certo era eles terem dado uma senha para nós tomarmos a vacina sem pegar aquela fila".>
Segunda etapa de vacinação>
Nesta segunda etapa de vacinação contra a febre amarela, 17 UBSs estão aplicando a dose fracionada de 29 de janeiro a 24 de fevereiro em pessoas que vão viajar dentro do território nacional.>
Na Zona Norte, são apenas duas unidades: Ambulatório de Especialidades Tucuruvi e UBS Vila Palmeiras. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, as unidades também aplicam doses em moradores da Zona Norte que ainda não se imunizaram. Apesar disso, está difícil conseguir se vacinar nesses locais.>
Na UBS Tucuruvi, ao lado da Avenida Nova Cantareira, quase 300 pessoas esperavam em uma fila que virava o quarteirão no início da manhã desta quarta-feira. Por volta das 9h30, os funcionários informaram que as 400 senhas já tinham acabado, o que gerou muita revolta nas pessoas que aguardaram por mais de 3 horas.>
A dona de casa Maria José da Silva, que mora em uma ocupação na Serra da Cantareira, foi levar a filha para tomar vacina, mas não conseguiu. “Eu moro em uma área de risco, na verdade, na ocupação da Sezefredo Fagundes. No posto do Jardim Joamar não tem vacina e mandaram eu vir aqui”. Ela esteve no posto na terça e também não conseguiu pegar senha.>
Mesmo indo no posto indicado para viajantes, a esteticista Cristiane Aparecida Tomé, 46 anos, não conseguiu se imunizar. Saiu do bairro da Vila Maria para ir até o Tucuruvi. “A viagem não dá mais tempo, acabou, já perdi. Meu carnaval será em São Paulo mesmo e com muito repelente”, lamenta.>
A auxiliar de depósito Ana Carolina, de 29 anos, chegou 6h na UBS Tucuruvi e também ficou sem vacina. Ela vai viajar para Mairiporã no carnaval. “Eu vim ontem aqui na parte da tarde porque os postos da Zona Norte não têm mais a vacina, mas já não tinha mais e a funcionária me mandou vir hoje de madrugada porque a fila virava o quarteirão todos os dias”, contou.>
Por volta das 11h, a UBS Vila Palmeiras, na Freguesia do Ó, também já tinha distribuído todas as senhas e não estava mais vacinando por falta de doses.>