Prefeitura vai multar donos de imóveis abandonados com risco de focos do Aedes

Novas medidas de combate ao mosquito em Salvador serão mais rigorosas, diz SMS

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  • Eduardo Dias

Publicado em 13 de março de 2020 às 15:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Valter Pontes/Secom)

Entre as semanas 1 e 7 da semana epidemiológica, durante o período dos meses de janeiro e fevereiro, Salvador registrou um aumento de 345% de notificações de casos de dengue, 640% de chicungunya e 436% de zika. Para conter o avanço da proliferação do mosquito Aedes aegypti na capital baiana, a prefeitura anunciou nesta sexta-feira (13) que vai tomar medidas mais rigorosas no combate aos vírus, como punir com multas donos de imóveis abandonados onde há risco de foco das doenças.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nos primeiros dois meses do ano os números cresceram bastante se comparados com o mesmo período em 2019. A quantidade de pessoas infectadas pela dengue saltou de 519 para pouco mais de 1,5 mil. Já os casos de chikungunya e zika tiveram um salto de 167 para 661 e de 32 para 150, respectivamente. O anúncio dos dados e as medidas a serem tomadas pela prefeitura, foram anunciados pelo prefeito ACM Neto e pelo secretário municipal de Saúde, Leo Prates, em coletiva à imprensa no Palácio Thomé de Souza, na Praça Municipal.

Segundo o prefeito, 90% desses casos estão dentro de residências particulares. E, uma ação mais rigorosa da SMS, em conjunto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), a gestão vai autuar, através de multas, os proprietários dos imóveis fechados após realizar a abertura e limpeza dos locais.

“Registramos um aumento na incidência nas doenças derivadas da presença do mosquito Aedes aegypti e isso acendeu a luz amarela na prefeitura.  A gente vem adotando medidas ao longo de todo o ano, intensificando essas ações, especialmente o trabalho conjunto da Secretaria de Saúde em parceria com a Limpurb, para promover o trabalho de limpeza nos bairros e de atenção onde existe foco”, disse o prefeito, que aproveitou a coletiva para fazer um apelo aos donos de imóveis fechados e à toda a população para os cuidados com os focos do mosquito.

“Fazemos esse apelo aos moradores que tenham atenção para evitar o acúmulo de água, pois é um convite para a presença do mosquito e as consequências são muitos grandes. Nós vamos intensificar algumas medidas mais duras. É preciso que esses proprietários tenham cuidado de promover a limpeza e realizar a manutenção desses imóveis. É um trabalho fundamental por parte do cidadão e, para conseguir isso, temos que unir forças com cada morador da nossa cidade”, completou Neto. Prefeito anunciou medidas para combate ao Aedes aegypti (Foto: Valter Pontes/Secom) A prefeitura anunciou ainda um acréscimo de R$ 5 milhões em investimentos para o trabalho de manutenção e limpeza dos canais da cidade considerados pelo órgão áreas críticas para a proliferação dos mosquitos. 

“Vamos focar e priorizar essas áreas, além de virmos com uma campanha de utilidade pública para mobilizar os cidadãos. Vamos também incrementar a limpeza especifica nesses locais para combater a proliferação do mosquito”, disse o prefeito.

Já para o secretário Leo Prates, a cada 100 domicílios de Salvador, dois estão infectados com focos do mosquito, segundo o Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), que mede o índice de infestação na cidade.  

“Estamos fazendo ações inovadoras. Vamos comprar um inseticida para aplicar nos canais em cinco distritos sanitários da cidade, onde houve elevação considerável dos casos. O distrito de Plataforma, por exemplo, teve um índice de infestação de 5,2 nesses três primeiros meses. Vamos aplicar o fumacê e o termonebulziador durante a madrugada nos bairros. É uma articulação de todas as secretarias da prefeitura para fazermos essa ação conjunta contra o Aedes”, explicou Prates, que anunciou a prefeitura contratou mais profissionais que irão atuar no combate aos mosquitos também aos finais de semana, em esquemas de mutirões. Secretário Leo Prates apresenta dados sobre arboviroses (Foto: Valetr Pontes/Secom) Coronavírus Apesar de não ter nenhum caso suspeito ou confirmado do novo vírus em Salvador, a preocupação da população já é notada pela prefeitura, que inclusive já prepara um plano de contingenciamento para caso isso ocorra. A primeira medida adotada foi suspender as apresentações musicais do Festival da Cidade, que fazia parte das comemorações do aniversário de 471 anos de Salvador e teria shows de Psirico, Wesley Safadão e Alok, para evitar aglomerações.

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus no mundo, conforme classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a prefeitura informou que já trabalhava na elaboração do plano de contingenciamento desde o surgimento das primeiras notícias de que o vírus havia saído da China.

No entanto, segundo Neto, ainda não há motivos para pânico ou um grande alarde sobre o assunto, mas sim para atenção por parte do poder público e dos cidadãos. “Nós estamos muito atentos em relação à proliferação do coronavírus no Brasil. Hoje nós temos todo um protocolo desenhado para enfrentar até mesmo situações mais críticas, que eu espero que não aconteça. Neste momento é agir com serenidade e toda a atenção. O momento é de ter cautela, agir com precaução. Temos trabalhado na prevenção e as decisões serão tomadas de acordo com a evolução dos casos”, afirmou o prefeito.   

Já Prates revelou que a SMS trabalha em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) para conter a chegada do vírus em Salvador, apesar de já ter três casos confirmados em Feira de Santana. O secretário disse ainda que o Hospital Municipal e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), sob administração da SMS, com capacidade de isolar até 10 pessoas cada, estão sendo preparados para apoiar o estado na assistência aos casos suspeitos. 

“O coronavírus não chegou na Bahia por Salvador, e isso mostra que o protocolo de segurança que temos adotado, junto com a Sesab, tem funcionado. Nós trabalhamos com protocolos que possuem níveis de escalas. Salvador vem se comportando bem e nós não temos nenhum caso confirmado até hoje. O objetivo principal é: se tivermos casos confirmados, a assistência tenha capacidade de recepcionar esses doentes. Mas, sem causar pânico, todas as mediadas possíveis e disponíveis estão sendo adotadas”, completou o secretário.

Os casos que forem considerados suspeitos deverão ser encaminhados para as unidades de referência do estado: o Hospital Instituto Couto Maia, Hospital Roberto Santos, Hospital Octávio Mangabeira e Hospital Geral do Estado.

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* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier