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Thais Borges
Publicado em 4 de abril de 2018 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Rodoviários do Stec fizeram protesto de 7h no Iguatemi, no dia 26, e travaram trânsito (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) O Ministério Público do Estado (MP-BA) quer que os amarelinhos, como são conhecidos os micro-ônibus do Subsistema de Transporte Especial Complementar (Stec), sejam um serviço licitado.>
A situação do Stec veio à tona depois que rodoviários da modalidade fizeram um protesto por mais de sete horas no mês passado e será discutida na próxima terça-feira (10) pela promotoria.>
“Eles (os rodoviários do Stec) estão querendo a integração, mas existem irregularidades. A nossa preocupação é que haja uma licitação”, afirmou a promotora Rita Tourinho, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (Gepam). Segundo ela, houve uma licitação no passado.“Essa licitação foi realizada uma vez, mas os contratos estão fora do prazo. As permissões estão vencidas. É de muito tempo”, comentou a promotora.Segundo o MP-BA, o serviço tem sido explorado por permissão ou concessão desde 2008, com base em um decreto. >
A licitação original, de acordo com o presidente do Stec, Pedro Miranda, é de 1997. Desde então, as permissões vêm sendo renovadas. Ele defende que uma possível licitação não atrase o processo de integração. “Já licitaram as empresas grandes e não foi a solução. Acho que não é necessário. Deveria fazer a integração do jeito que está aí. Imagine a população ter que esperar uma licitação para ter integração... Quem vai pagar esses veículos?”, questiona Miranda. Ele diz que as cooperativas do Stec já fizeram um investimento de mais de R$ 1,2 milhão para adequar os veículos à integração. Atualmente, uma cooperativa tem 181 amarelinhos, enquanto a outra tem 109. >
Em um encontro na quarta-feira (28) com representantes do município e do estado, o MP-BA já tinha questionado a operação do Stec. Ao CORREIO, o secretário municipal da Mobilidade, Fábio Mota, afirmou que não havia irregularidade com base em licenças ou permissões. >
Segundo ele, 149 veículos que participaram de um protesto na semana passada foram notificados e podem ser cassados – mas pelo ato, não pela documentação. “Existe um processo de notificação em função da paralisação daquele dia e pode culminar na cassação. Não é por estarem em situação irregular, mas pelo movimento que foi feito. Foram contrariados artigos do regulamento interno, como o roteiro – se era previsto para um lugar e foram para outro”, disse Mota, por telefone. Em nota, já à noite, o secretário informou que antes de fazer a licitação vários ajustes precisam ser definidos. Ele reforçou que o assunto deve ser tratado na reunião agendada com o MP-BA. >
"Precisamos definir prazos, se um estudo precisa ser feito, como fica o contrato de programa (metrô), antes de licitar", afirmou ele. Mota revelou ainda que a Agerba, agência estadual que regula também o transporte intermunicipal, estará na mesma reunião, mas para tratar do Cooperlotação, sistema complementar que atende à Região Metropolitana de Salvador. >
No caso do metrô, a superintendente de Mobilidade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur), Grace Gomes, explicou que não há nenhuma divergência com o Stec.“Os três (Stec, governo e prefeitura) querem a integração e o usuário quer a integração. Agora, são problemas internos contratuais com a prefeitura impedindo que isso aconteça”, declarou Grace. Ônibus municipais A reunião da última quarta colocou também os ônibus urbanos municipais em análise. O objetivo do encontro era acompanhar o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto para integração dos transportes de ônibus e metroviário. O TAC foi assinado em setembro do ano passado para revisar o valor da tarifa única a ser cobrada aos usuários. >
“A gente fez essa reunião, estávamos fazendo acompanhamento do cumprimento do TAC. Já foram contratadas efetivamente as empresas para a realização dessa tarifa de integração. Então estamos aguardando a entrega desses estudos”, garantiu. >
Ao todo, três empresas foram contratadas para a revisão, de acordo com a superintendente de mobilidade do estado, Grace Gomes. A primeira é a empresa Oficina, que será responsável pelo estudo dos cenários propostos no TAC, como quilometragem, frota e demanda. Essas informações serão enviadas para a Almeida e Fleury, que fará a análise econômica dos custos fixos e variáveis. Por fim, a empresa Sinergia é quem vai validar os dados. >
Ela explicou que existia uma queixa, por parte dos empresários de ônibus, que a tarifa de remuneração que o estado repassava não representava o valor real. O estado, por sua vez, paga o valor que está em contrato assinado em 2014.>
Pelo documento, quando um passageiro faz a integração com o metrô, R$ 1,42 é pago ao ônibus. Se houver outro ônibus integrado – seja municipal ou intermunicipal – outros R$ 1,42 serão pagos ao coletivo. >
Com o metrô, ficará o restante do valor da passagem de R$ 3,70. Os estudos, iniciados no fim de março, devem ser concluídos em até 60 dias.>
“Como o estudo tem que ser feito pelo governo mas envolve as concessionárias, antes da gente licitar, fizemos um estudo junto à prefeitura do termo de referência, o que vamos pesquisar, onde chegar... Temos a previsão de apresentarmos os resultados no dia 11 de junho ao MP, já validados tanto pela prefeitura quanto pelo estado”, explicou Grace. >
Na reunião, a situação do terminal de Mussurunga também foi debatida. Segundo o MP, um laudo técnico sobre a infraestrutura do Terminal Mussurunga foi solicitado pela Empresa CSN Transporte Urbanos – uma das integrantes do consórcio Integra – e encaminhado à CCR Metrô Bahia após diálogo com a comunidade e aprovação da Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob). >
Em nota, a CCR Metrô Bahia informou que não participou da reunião "e, até o momento, nenhuma solicitação foi encaminhada pelo Poder Concedente (Governo do Estado). Sobre o Terminal de Ônibus Mussurunga, o Poder Concedente solicitou à concessionária que fosse feita revisão no projeto do equipamento para atender demandas de melhorias operacionais".>
"A CCR Metrô Bahia está finalizando estudos e apresentará em breve ao Poder Concedente proposta para sua aprovação", conclui o comunicado.>
Representantes da CSN e do consórcio Integra não foram localizados pela reportagem. >