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Victor Longo
Publicado em 11 de novembro de 2013 às 14:06
- Atualizado há 2 anos
Concentração. Essa palavrinha resume dois entre os principais problemas que impedem o Brasil de conseguir um crescimento econômico mais sustentável e robusto. São eles: a concentração de renda da população (desigualdade social) e de renda regional (desigualdade regional). Ao apresentar esse cenário, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas, defendeu prioridade em uma política de desenvolvimento regional.>
Em sua palestra, que abriu o seminário Novos Centros, Mascarenhas criticou a baixa transferência de recursos para as regiões mais pobres, em especial Norte e Nordeste do Brasil, na contramão do que tem acontecido em vários países do mundo.>
“O Nordeste é uma das regiões mais desiguais do país por ter um alto índice de pobreza e um grande desequilíbrio entre a população e a renda”, resumiu. O presidente da Fieb explicou que, no passado, houve um esforço muito grande pela redução dessas desigualdades, com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no governo Juscelino Kubitschek, mas que questões econômicas levaram ao parcial abandono da meta de desenvolver a região. José Mascarenhas defendeu ajuste fiscal do país para uma política de desenvolvimento regional (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) “Não tem havido alocações substantivas de recursos para políticas explícitas de desenvolvimento regional. Na prática, como conceito, essas políticas inexistem”, afirmou Mascarenhas.>
Apesar disso, ele reconheceu que há esforços por parte do governo federal. No caso da Bahia, José Mascarenhas também falou sobre a necessidade de descentralizar a economia, muito focada no Recôncavo baiano e na Região Metropolitana de Salvador. Segundo dados de 2010, apresentados na palestra, as duas regiões, juntas, são responsáveis por 60,4%de toda a atividade industrial (valor adicionado industrial) do estado. O outro lado>
Para argumentar sobre a necessidade de uma maior transferência de renda para o Norte e o Nordeste, Mascarenhas recorreu a exemplos do plano internacional. Citou a experiência da União Europeia, a Alemanha pós-Guerra Fria, além de países como Índia, China e México, que têm ampliado seus esforços para reduzir as desigualdades territoriais.>
“Talvez o mais interessante exemplo recente de redução das desigualdades regionais seja o da reunificação da Alemanha. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, a Alemanha Ocidental teve que pagar o preço da absorção da Alemanha Oriental”, lembrou. “O lado ocidental empregou em torno de 1,3 trilhão de euros de transferências para o desenvolvimento do lado oriental”.>
O presidente da Fieb lembrou que, no Brasil, a Constituição Federal de 1988 criou alguns fundos de financiamento para reduzir as desigualdades no Nordeste. “Atualizando a preços de 2013, tudo que se aplicou aqui no Nordeste significa US$ 11 bilhões. Nada que se compare ao 1,3 trilhão de euros da Alemanha”, comparou Mascarenhas.>
“Evidentemente que o Brasil é diferente da Alemanha, e temos que reconhecer isso. Mas a diferença no volume de recursos mostra que estamos muito longe dos investimentos que poderiam tornar o Nordeste mais competitivo”, completou o presidente da Federação das Indústrias da Bahia.>
Salto de qualidade na educação A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou, no mês passado, o projeto Educação para o Mundo do Trabalho. Trata-se de um conjunto de ações para promover entre os jovens a geração de conhecimento, competências e habilidades indispensáveis ao seu desenvolvimento como cidadãos e agentes produtivos.>
Nos próximos meses, serão realizadas 27 reuniões estaduais para mobilizar empresários, governos, organizações não governamentais, jovens e pais a aderirem à iniciativa. >
Nesses encontros, a Confederação também vai recolher propostas para o projeto nacional. As ações deverão apresentar resultados de curto prazo, em ciclos de 12 e 24 meses, e preveem, por exemplo, caminhos para a melhoria do desempenho dos jovens e dos trabalhadores em Língua Portuguesa e Matemática.>
No projeto, também está previsto ainda ampliar os compromissos da sociedade com a qualidade da educação, valorizar os professores e promover a articulação entre empresas e escolas. “A iniciativa surgiu da necessidade de a indústria brasileira avançar. Para isso, é necessário promover um salto na qualidade da educação escolar básica, sobretudo em questões centrais, como domínio da Língua Portuguesa, da Matemática e de Ciências”, disse o gerente executivo de Estudos e Prospectiva da CNI, Luiz Caruso. Conforme divulgado em reportagens especiais do Agenda Bahia no CORREIO, as deficiências da educação básica são um sério problema para a indústria. Muitos alunos que buscam cursos de qualificação para a indústria junto ao sistema S, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), por exemplo, acabam abandonando os cursos por não conseguirem acompanhar as aulas.>
As falhas na educação básica têm repercussão em outros setores, como comércio e turismo em todo o interior do estado. É comum, por exemplo, que alunos tenham dificuldade de realizar operações matemáticas ou redigir textos simples, o que acaba delegando aos empresários a tarefa de capacitá-los, inclusive, com conteúdos básicos.>