Presidente da Fundação Palmares decide tirar ‘machado de Xangô’ de logotipo

Sérgio Camargo disse que ‘Estado é laico’ e lançou concurso para mudar marca

  • D
  • Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2021 às 20:52

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou que o logotipo da entidade será trocado. Segundo ele, o símbolo atual é uma referência ao “machado de Xangô”, um dos orixás do Candomblé.

Como “o Estado brasileiro é laico”, justificou Camargo, não deve utilizar símbolos religiosos como logotipo. Assim, decidiu realizar um concurso, com premiação em dinheiro, para escolher a melhor marca da instituição.

“Muita gente, inclusive eu, achava que era uma palmeira estilizada. Mas é o machado de Xangô, informação que consta do documento que oficializou o símbolo”, disse Sérgio no Twitter, antes de anunciar a concorrência.

“A Fundação Cultural Palmares realizará, por meio de edital, concurso público para a mudança de seu logotipo. O ganhador receberá prêmio em dinheiro. O símbolo atual é o machado de Xangô (Candomblé), estilizado. O Estado brasileiro é laico. O nome Palmares permanecerá”, tuitou ele.

Apesar da manutenção do nome, o dirigente já criticou a figura de Zumbi dos Palmares em diversas oportunidades. Em 13 de maio do ano passado, dia em que a abolição da escravidão no Brasil completou 132 anos, ele tentou desqualificar a figura do líder negro que dá nome à instituição – criada justamente para promover e preservar valores históricos e culturais da influência negra no Brasil – ao publicar artigos no site oficial da instituição. 

Segundo ele, os textos mostrariam "a verdade" sobre Zumbi dos Palmares, cuja morte motiva a celebração da Consciência Negra. 

Zumbi é reconhecido como um dos líderes do Quilombo dos Palmares o principal núcleo de resistência negra à escravidão no País. Os detalhes de sua vida, no entanto, são pouco conhecidos e objeto de divergência entre historiadores.

Também no ano passado, Camargo falou em não celebrar o Dia da Consciência Negra, em novembro. No mês seguinte, divulgou a nova ‘Lista de Personalidades Negras’ da entidade, na qual não constam mais os representantes que estão vivos e que já constavam na lista de homenageados. 

A portaria 'desomenageava' 27 notáveis, incluindo Gilberto Gil, Vovô do Ilê, Elza Soares, Zezé Mota, Conceição Evaristo, Benedita da Silva, Martinho da Vila, Sandra de Sá, Marina Silva e Milton Nascimento, mas o ato foi derrubado pelo Senado.