Presidente do Suriname é condenado a 20 anos de prisão

Desi Bouterse, que está na China, foi condenado pelas execuções de 15 dissidentes durante um golpe há 37 anos

Publicado em 30 de novembro de 2019 às 10:17

- Atualizado há um ano

Um tribunal militar condenou ontem o presidente do Suriname, Dési Bouterse, pelo assassinato de 15 opositores em 1982. A sentença é a conclusão de um processo que levou 12 anos e levou ainda mais instabilidade política para um país já combalido. Segundo a conclusão da corte, Bouterse participou das execuções e matou "para se manter no poder".

Os assassinatos ocorreram em 8 de dezembro de 1982. Os opositores do regime militar foram brutalmente torturados e assassinados em Fort Zeelandia, em Paramaribo. Entre eles estavam jornalistas, professores, advogados, sindicalistas e militares críticos à ditadura. Segundo a versão oficial, eles foram mortos em uma tentativa de fuga. No Suriname, o caso ficou conhecido como "Os Assassinatos de Dezembro".Ditadura Na época, Bouterse era comandante do Exército do Suriname, que viveu sob uma violenta ditadura militar entre 1980 a 1987. Aos 74 anos, ele governa o país desde 2010. De acordo com a Constituição surinamesa, o presidente do país é eleito de maneira indireta, pela Assembleia Nacional, para um mandato de cinco anos. Ele foi reeleito em 2015 e espera ser reeleito no ano que vem.

Bouterse está na China, em viagem oficial. Ontem, um de seus advogados comentou o caso à emissora de rádio SRS, de Paramaribo "Temos agora duas alternativas: resistir e apelar (da sentença)" - o que pode atrasar alguns anos a conclusão do caso.

Bouterse tem uma ficha corrida longa. Em 1999, ele foi condenado à revelia pela Justiça da Holanda a 11 anos de cadeia por tráfico de meia tonelada de cocaína. Até hoje a Europol mantém ativo um mandato de captura contra ele - especialistas dizem que o mandato é válido, já que o crime foi cometido antes de ele se tornar presidente. Testemunhas também ligam Bouterse a um cartel chamado de "Suri Kartel", que movimenta cocaína para a Europa. Em 2006, um documento da Embaixada dos EUA, publicado pelo WikiLeaks, revelou a relação dele com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - ele entregaria armas para a guerrilha e receberia o pagamento em droga. Seu irmão, Dino Bouterse, cumpre pena de 16 anos nos EUA por tráfico de cocaína. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.