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Carol Neves
Publicado em 16 de julho de 2025 às 13:20
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, alertou nesta terça, 15, que Brasil, China e Índia podem sofrer sanções se continuarem a fazer negócios com a Rússia. Em reunião com congressistas americanos, ele sugeriu que os três países deveriam pressionar Vladimir Putin a negociar um acordo para evitar as tarifas de 100% prometidas por Donald Trump. >
Na segunda-feira, 14, Rutte esteve com o presidente americano na Casa Branca. Ele conseguiu a liberação de armas dos EUA para a Ucrânia, pagas pela Otan, e apoiou a ameaça de Trump de impor tarifas secundárias a países que importem produtos russos, a menos que Moscou aceite negociar um cessar-fogo no prazo de 50 dias.>
"Meu recado a esses três países é, se você mora em Pequim ou Nova Délhi, ou se você é o presidente do Brasil, talvez seja melhor prestar atenção, porque isso pode atingi-lo com muita força", disse Rutte. "Portanto, por favor, ligue para Vladimir Putin e diga que ele precisa levar a sério as negociações de paz Caso contrário, isso afetará Brasil, Índia e China de forma maciça.">
Trump ameaçou também impor tarifas à Rússia, embora os EUA comprem apenas 3% das exportações russas. A preocupação agora, segundo o senador americano Thom Tillis, é que Putin tente usar os 50 dias para vencer a guerra ou avançar o máximo possível para negociar um acordo de paz em melhor posição.>
"Temos de olhar para a situação atual da Ucrânia e dizer que não importa o que aconteça nos próximos 50 dias, qualquer ganho da Rússia está fora de questão", afirmou Tillis, que estava presente no encontro com Rutte.>
Reação>
Ontem, Trump se disse "decepcionado" com Putin, mas garantiu não ter "desistido" dele. "Estou decepcionado com ele, mas ainda não desisti", disse o americano, durante entrevista por telefone ao programa BBC Radio 4. "Tivemos um acordo fechado quatro vezes. Então, você vai para casa e vê que acabaram de atacar um asilo em Kiev. Que diabos foi aquilo?">
Autoridades russas e blogueiros pró-guerra rejeitaram as ameaças de Trump, retratando-as como "pouco sérias". O deputado Konstantin Kosachev escreveu no Telegram que o ultimato era vazio, sugerindo que o americano poderia voltar atrás. "Muita coisa pode mudar em 50 dias, no campo de batalha e na mentalidade dos que estão no poder", disse.>
Yuri Podoliaka, um conhecido blogueiro militar russo, escreveu que Trump "poderia mudar de opinião várias vezes nos próximos 50 dias e lembrou que o índice de ações da Bolsa de Moscou subiu mais de 2,5% após as ameaças do americano.>
O Kremlin se manifestou oficialmente ontem e disse que "precisará de tempo" para responder às ameaças americanas - uma resposta que dá mais força às acusações de ucranianos e europeus de que o objetivo de Putin é protelar ao máximo uma negociação para obter ganhos na linha de frente.>
"As declarações de Trump são muito sérias. É claro que precisamos de tempo para analisar o que foi dito. Quando o presidente Putin considerar necessário, ele se pronunciará", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.>
Pequim>
A China chamou de "coerção" as ameaças de Trump de impor tarifas aos parceiros comerciais da Rússia e prometeu intensificar ainda mais seu apoio a Putin. As declarações de Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, foram feitas durante uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai, em Pequim, da qual participam os principais diplomatas do bloco, incluindo o chanceler russo, Sergei Lavrov.>
"A China se opõe firmemente a todas as sanções unilaterais ilegais e à jurisdição de longo alcance. Não há vencedores em uma guerra tarifária, e coerção e pressão não resolverão os problemas", disse Jian. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)>