Primeira vacinada na Bahia pega covid-19 antes de tomar segunda dose

Ela apresentou sintomas três dias antes da segunda aplicação

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  • Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 11:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho / CORREIO

A enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, primeira pessoa a participar da campanha de imunização contra o coronavírus na Bahia, testou positivo para covid-19. Ela começou a apresentar os sintomas três dias antes de tomar a segunda dose.

A diretora do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes, esclareceu que a infecção não tem nada a ver com reação adversa à vacina. A infectologista disse que a proteção maior ocorre após a aplicação da segunda dose e enfatizou que não existe a possibilidade de nenhuma das vacinas que estão sendo aplicadas na população causar a doença. 

Ceuci Nunes também explicou que as vacinas são comprovadamente eficazes para evitar os casos graves da covid-19, mas que ainda não existe confirmação de que possam evitar que as pessoas contraiam a forma leve do coronavírus. Ela ressaltou que, por isso, mesmo as pessoas vacinadas devem seguir usando máscara e mantendo o distanciamento social, até que pelo menos 60% da população brasileira esteja imunizada.

Como funciona uma vacina? Após a picada, o sistema imunológico começa a agir. Mas isso leva um tempo. Todo esse processo conta com o trabalho fundamental de algumas células e tecidos. Você já ouviu falar de todas elas em aulas de biologia: as células dendríticas, especializadas em identificar um agente estranho; os linfonodos, aquelas glândulas que aumentam de tamanho quando se tem uma infecção de garganta, por exemplo; os linfócitos T e B, que fazem a defesa; e os anticorpos, o resultado desse processo inteiro.

“O nosso sistema imunológico funciona compreendendo o que é do nosso corpo e o que é estranho a ele. No momento em que recebemos a vacina, o sistema analisa a química dela, percebe que tem algo estranho e começa a agir. As células especializadas recebem sinais, como se fossem uma orquestra, e orquestram uma ação”, explica o imunologista André Báfica, coordenador do Laboratório de Imunobiologia da Universidade Federal de Santa Catarina.Aquela dor provocada pela inflamação da vacina é um sinal. “As células especializadas pegam o antígeno e levam até os linfonodos, que têm uma estrutura muito propícia a iniciar a resposta do corpo, e é onde o samba acontece”, completa o professor.

Entre a chegada da vacina, o envio da mensagem e o início da resposta, vai um período de até 21 dias, sem contar a segunda dose. É por isso que, memes à parte, uma pessoa vacinada já deu um grande passo, mas ainda não é, necessariamente, uma pessoa blindada contra a covid-19.

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E a segunda dose? Nem todas as vacinas precisam da segunda dose, mas a covid-19 é uma doença em pleno curso e, estrategicamente, a maioria dos laboratórios fez testes considerando já a possibilidade de uma segunda dose. Do contrário, se a primeira não fosse suficiente, seria necessário iniciar testes de novo, do zero, explica André Báfica.

Não quer dizer que a primeira dose não sirva, mas que a resposta completa, mais forte e duradoura, vem com a segunda.

“Quase todas essas vacinas têm duas doses. Os estudos estão mostrando que com uma dose você já induz uma imunidade pequena. A segunda dose é um reforço que amplifica muito esse curso. Até o momento, a segunda dose é necessária e é preciso aguardar um intervalo de 14 a 28 dias para tomá-la. Se a pessoa atrasar um pouco porque teve alguma contraindicação no dia da segunda dose, não tem grandes problemas, mas ela precisa tomar”, alerta a professora Fernanda Grassi, da Fiocruz/Rede CoVida.

Não vai dar para saber se a vacina ‘pegou’ ou não. Especialistas alertam que a vacinação é uma ação coletiva - as pessoas precisam se vacinar para se proteger e proteger as demais. Mais um motivo para seguir com as medidas de proteção, como uso de máscara e distanciamento.