Primeira viagem tripulada a Marte está a 13 anos de acontecer

Há cinco anos o robô Curiosity pousava o solo do Planeta Vermelho com a missão de iniciar os estudos para uma possível missão tripulada àquele planeta. Veja as seis principais descobertas feitas pela missão listadas pela NASA

Publicado em 6 de agosto de 2017 às 00:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nasa
Foto da superfície e do solo de Marte tirada da câmera de mastro (Mastcam) do robô Curiosity por Foto: Curiosity Mastcam/NASA

O ser humano está cada vez mais próximo de fazer uma viagem tripulada para Marte. Está, mais especificamente, a 13 anos de conseguir realizar este sonho. É o que indicam as descobertas feitas pela missão Curiosity, da NASA (Agência Aeroespacial dos EUA), que há cinco anos, em 6 de agosto de 2012, pousou no planeta vermelho.

Lançada em 26 de novembro de 2011, a sonda levou cerca de oito meses para chegar ao seu destino e servir ao seu propósito de responder se Marte já teve condições ambientais adequadas para manter a vida de micróbios e sobre o que deve ser feito para proteger futuros astronautas da radiação durante a futura viagem. A Curiosity faz parte de uma série de expedições ao Planeta Vermelho para ajudar a estudar e responder aos quatro principais objetivos científicos do Programa de Exploração a Marte, da NASA: determinar se já existiu vida em Marte, caracterizar o clima, a geologia e, por fim, preparar uma exploração humana. Imagem mostra o robô Curiosity explorando o solo marciano (Foto: NASA) De acordo com a NASA, em 2020, outra sonda será enviada a Marte para estudar a viabilidade dos recursos marcianos, como o oxigênio. Mas a missão de enviar humanos, a 'Jornada para Marte', já está prevista para acontecer em 2030, e o trabalho que está em andamento, por meio da Curiosity, auxilia a preparar a expedição humana para o planeta.

"Uma parte que a Curiosity desempenhou nos preparativos para o envio de seres humanos para Marte é o monitoramento do ambiente de radiação natural no caminho da Terra para Marte e na superfície daquele planeta, para ajudar o planejamento de como proteger os astronautas das radiações prejudiciais", informou a NASA ao CORREIO.

Segundo os estudos, durante a viagem, que levou cerca de oito meses, a sonda foi exposta a níveis de radiação que excedem o limite de segurança para os astronautas. Um instrumento chamado Detector de Avaliação de Radiação (RAD) identificou que dois tipos de radiação apresentam potenciais riscos à saúde. "Um deles são os raios cósmicos galácticos (GCRs), partículas causadas por explosões de supernova e outros eventos de alta energia fora do sistema solar. O outro são partículas energéticas solares (SEPs) associadas a fendas solares e ejeções de massa coronal do sol". De acordo com a NASA, tais dados obtidos foram essenciais para que sejam projetadas missões seguras para os exploradores humanos.

O tempo de viagem da Terra até Marte, mesmo com as tecnologias de propulsão atuais, levaria vários meses, conforme a NASA. "As etapas iniciais da expedição seriam a exploração da tripulação humana e então possivelmente uma base de pesquisa, como a utilizada na Antártida".

Descobertas

Coordenada por cientistas de muitas organizações em várias nações, junto a engenheiros e cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, que planejam o que o robô Curiosity deve fazer todos os dias e preparam comandos para a execução do plano da equipe, a expedição tinha previsão de durar dois anos. Mas os trabalhos excederam o prazo inicial e trouxeram mais descobertas que o esperado.

Entre elas, a equipe descobriu que Marte possuía os ingredientes necessários para sustentar a vida dos micróbios vivos: enxofre, nitrogênio, oxigênio, fósforo e carbono. Estes componentes foram encontrados na amostra de pó perfurada a partir da lama do solo. Além deles, minerais de argila e pouco sal foram encontrados, "o que sugere que água fresca, possivelmente potável, uma vez fluiu lá", disse a NASA. O que acontece é que a Marte atual perdeu para o espaço grande parte de sua atmosfera original e de seu inventário de água.

Para estudar o solo, foram analisadas amostras de pó perfurado a partir de 15 tipos de rocha encontradas o solo marciano, incluindo pedras de lama e arenito. "Os ingredientes encontrados pela análise laboratorial de bordo forneceram evidências de um ambiente de lago com todas as condições básicas e ingredientes necessários para a vida microbiana. As veias minerais em rochas investigadas pela missão fornecem evidências de atividade de águas subterrâneas após o tempo em que os sedimentos do lago foram depositados".

Composto por rochas, areia e poeira, o solo marciano não apresenta nenhum sinal de chuva. Apesar disso, os estudos através do robô observaram nuvens de cristais de gelo. De acordo com a NASA, conforme detectado pelo instrumento Albedo Dinâmico de Neutrons (DAN) da Curiosity, alguns dos minerais existentes no solo possuem moléculas de água ligadas a eles.

Embora os componentes encontrados e o indício de água sejam marcantes para a expedição, uma das mais emocionantes descobertas, de acordo com os resultados da missão, foi a evidência do gás metano na atmosfera de Marte e o seu aumento num período de dois meses. "A descoberta de metano é emocionante porque pode ser produzido por organismos vivos ou por reações químicas entre rocha e água, por exemplo. Qual processo está produzindo metano em Marte? O que causou o aumento breve e súbito?". Essas são, justamente, as perguntas ainda a serem ainda respondidas.

Principais descobertas da Curiosity - segundo a NASA

1 - Um lar adequado para a vida: Marte antiga pode ter tido a química certa para sustentar micróbios vivos. Curiosity encontrou carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre - elementos químicos necessários para a vida -, estudando diversas rochas formadas em água. A primeira amostra de dentro de uma pedra também revelou minerais de argila e não muito sal, o que sugere que água fresca, possivelmente potável, já fluiu lá.2. Carbono orgânico encontrado nas rochas de Marte: Moléculas orgânicas são essenciais para a construção da vida, e o Curiosity encontrou amostras destas moléculas depois de analisar amostras de pó de rochas. A descoberta não necessariamente significa que há vida passada ou presente em Marte, mas mostra que os elementos cruciais para a vida existiram lá em algum momento. Isso também significa que materiais orgânicos antigos podem ser preservados para que possamos reconhecer e estudar hoje. 3. Gás metano está presente e ativo na atmosfera de Marte: Curiosity detectou um nível profundo de metano atmosférico e observou um aumento de dez vezes do gás ao longo de dois meses. A descoberta é emocionante porque o metano pode ser produzido por organismos vivos ou por reações químicas entre rocha e água, por exemplo. Qual processo está produzindo metano em Marte? O que causou o aumento breve e súbito?4. Radiação poderia representar riscos à saúde humana: Durante sua expedição à Marte, Curiosity identificou níveis de radiação elevados, que excedem o limite para os astronautas da NASA. A NASA vai utilizar os dados da Curiosity para desenvolver missões seguras para exploradores humanos. 5. Uma atmosfera mais espessa e mais água no passado de Marte: Medições da Curiosity mostraram que a atmosfera atual de Marte é enriquecida nas formas mais brutas (isótopos) de hidrogênio, carbono e argônio. Essas medidas indicam que Marte perdeu grande parte de sua atmosfera original e reservas de água. Essa perda ocorreu ao espaço através do topo da atmosfera, um processo atualmente observado pela órbita MAVEN.6. Evidências de um antigo córrego: Rochas lisas e arredondadas encontradas pela Curiosity provavelmente rolaram córrego abaixo por pelo menos alguns metros. Elas parecem uma calçada quebrada, mas, na verdade, são camadas de bases rochosas expostas, feitas de menores fragmentos endurecidos juntos. Elas contam a história de um fluxo constante de água corrente na profundidade do joelho.