Primeiro cartão de vacinação da mãe de Bolsonaro indica lote da CoronaVac

Presidente diz que a mãe foi imunizada com vacina da Oxford e alteraram depois

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  • Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2021 às 19:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reproduçao

O cartão de vacinação contra covid-19 exibido pelo presidente Jair Bolsonaro como sendo da mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, indica um número de lote compatível com a Coronavac. Bolsonaro mostrou o cartão para alegar que a mãe recebeu a vacina de Oxford e um enfermeiro posteriormente rasgou o documento, entregando outro informando que ela fora imunizada com a Coronvac. A informação é do colunista Diogo Schelp, do Uol.

Outro indicativo é que a data prevista para a segunda dose da mãe do presidente é 5 de março, dentro do recomendado para a Coronavac, não a vacina de Oxford, que levaria mais tempo. 

Bolsonaro mostrou o cartão na live da última semana para dizer que a mãe recebeu na verdade a vacina da Universidade de Oxford com a Astrazeneca. Os registros oficiais indiicam que ela foi vacinada com a Coronavac em Eldorado, São Paulo, onde mora. Ela tem 93 anos e recebeu a dose em casa.

O cartão mostrado traz de fato "Oxford" como fabricante, mas o lote indicado (200278) indica que se trata da Coronavac. No site do Instituto Butantan, o lote está listado como um dos que receberam autorização de uso emergencia da Anvisa, em 22 de janeiro. Os lotes da vacina de Oxford distribuídos pela Fiocruz para São Paulo têm números bem diferentes: 4120Z004 e o 4120Z005.

Caso dona Olina tivesse recebido a vacina de Oxford, ela só tomaria a segunda dose de dois a três meses depois da primeira - a partir de 12 de abril, portanto, e não em 5 de março, exatamente 21 dias depois, como é recomendado para a Coronavac.

Na live, Bolsonaro diz que um enfermeiro voltou à casa da mãe dele para alterar o cartão. Ele citou o nome completo e registro profissional deste enfermeiro, sugerindo que ele teve uma conduta reprovável. A prefeitura de Eldorado afirmou que uma sindicância administrativa vai apurar o que ocorreu.

O colunista diz ainda que os dados oficiais do próprio governo federal indicam que nenhum morador de Eldorado recebeu a vacina de Oxford em 12 de fevereiro.