Primeiro caso de mutação mais contagiosa do coronavírus é detectado em Salvador

Ainda não há provas que nova cepa altera eficácia das vacinas

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  • Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 08:16

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Uma mulher de Salvador é o primeiro caso confirmado de reinfecção no Brasil com uma mutação do coronavírus encontrada inicialmente na África do Sul e que ligou o alerta das autoridades de saúde no mundo. A linhagem com a mutação da Bahia é a mesma identificada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro, cuja descoberta foi anunciada em dezembro. A linhagem brasileira e a sul-africana são diferentes, mas compartilham a mutação E484K.

Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), a suspeita foi notificada no dia 22 de deembro pelo Hospital São Rafael. A paciente tem 45 anos, mora em Salvador, e contraiu a covid-19 duas vezes em um intervalo acima de 90 dias, conforme laudos emitidos pelo hospital em maio e outubro de 2020. 

A secretaria explica que as duas amostras estão em dois lados distintos e pertencem a duas sublinhagens diferentes: B.1.1.33 a amostra da primeira coleta e B.1.1.248 a amostra da segunda coleta; têm um perfil de mutações diferentes;  e a identificação na amostra referente à segunda coleta (caso de reinfecção) da mutação encontrada na nova variante da África do Sul na proteína Spike localizada no RDB (E484K). 

Essa mutação preocupa porque atinge uma região crucial do coronavírus. Com isso, em tese, ela pode tornar o vírus mais transmissível. Essa mesma mutação afeta também a região do vírus alvo da maioria das vacinas.

Até então não há evidências que ela afeta a eficácia dos imunizantes, mas isso será investigado. Uma outra mutação da linhagem encontrada no Reino Unido e que já se espalhou por mais de 30 países atinge a mesma região do coronavírus.

Liderado por Bruno Solano, do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (IDOR) e do Hospital São Rafael, em Salvador, o estudo foi submetido à revista Lancet. A descoberta já foi comunicada ao Ministério da Saúde e às autoridades de saúde da Bahia.

"Esse tipo de estudo é essencial para compreender a propagação da pandemia e identificar a tempo mudanças no vírus que possam ter impacto na transmissão e nas vacinas", destacou Solano falando a O Globo.

Outros 118 casos suspeitos de reinfecção estão sendo investigados no estado da Bahia em pacientes de 5 até mais de 80 anos, segundo a Sesab. São 82 mulhere se 36 homens.