Profissionais da linha de frente de combate à Covid-19 esperam mais empatia em 2021

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  • Do Estúdio

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Superação. É essa a palavra que define o ano de 2020 para o fisioterapeuta Pedro Moreira. Na linha de frente no tratamento e combate à Covid-19 desde o início da pandemia, ele e outros tantos profissionais de saúde e também aqueles que atuam na manutenção dos serviços essenciais tiveram um ano de desafios, para dizer o mínimo. São nove meses de rotinas exaustivas, risco de exposição direta ao vírus, mudanças de protocolos de trabalho, perdas, medos e muitas incertezas. 

A pandemia do novo Coronavírus além de avassaladora para toda a população mundial, tem sido um desafio pessoal e diário para cada trabalhador que atua na linha de frente. Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Rede Covid-19 Humanidades, publicado em 16 de dezembro, aponta que a pandemia causou impacto na saúde mental em 83% das mulheres e 69% dos homens entre médicos, profissionais de enfermagem e agentes comunitários que participaram da pesquisa. 

Para o coordenador do Serviço de Fisioterapia do Hospital Teresa de Lisieux e Supervisor da UTI COVID do sistema HapVida, Pedro Moreira, os desafios foram muitos nesses nove meses de intenso trabalho. “O mais difícil como profissional de saúde é lidar com as frustrações. Você está fazendo tudo certo e o paciente não sai. As surpresas negativas geram muita frustração e, em determinado momento, muita decepção. Aí a gente se pergunta ‘onde foi que erramos, será que erramos, o que aconteceu que não conseguimos prever?’”, conta Pedro. 

E foi quando as relações afetivas pessoais encontraram o profissional que o fisioterapeuta viveu a história mais marcante desse período. “Durante muito tempo tratamos muita gente e pessoas que não conhecíamos. Até o momento que chegou um amigo em estado muito grave. Ele foi entubado e eu passei a vir ao hospital aos sábado, domingos, feriados e acompanhar muito de perto. Ele passava 16 horas pronado e oito horas supinado (manobra que auxilia na oxigenação dos pacientes), mas não apresentava melhora. Todos na UTI ficaram bastante desacreditados, mas eu segurei na mão dele e disse: ‘Você não vai morrer, você não vai morrer porque você precisa sair daqui e me pagar um churrasco’, eu senti que naquele momento coloquei toda a energia naquilo. E ele não morreu, graças a Deus se recuperou, é médico e já voltou a trabalhar”, relembrou Pedro.

Respeito e valorização Em meio à maior crise sanitária do último século, a manutenção de serviços básicos à saúde, ao saneamento e ao abastecimento de alimentos nunca foi tão essencial como durante a pandemia. Os profissionais que garantem a manutenção desses serviços também se revezam na linha de frente de enfrentamento à Covid-19.

O coletor de lixo Alessandro Cardoso Bispo, que há nove anos atua pela Sotero na coleta de lixo na região do Cabula, em Salvador, contou que a falta de conscientização das pessoas torna o trabalho ainda mais difícil.

“É uma luta diária e nós, coletores, tivemos que nos adaptar a uma nova forma de trabalho e procuramos a todo momento tomar todos os cuidados possíveis, com uso de luvas, álcool em gel. Mas lidar com as pessoas que, muitas vezes, não se atentam sobre o descarte do seu lixo é o mais complicado. Além dos perfurocortantes, como vidros e seringas, que já eram comuns, as pessoas agora descartam máscaras também de forma errada, deixando abertas, de qualquer jeito. Então, termina que a exposição é muito grande”, explicou. 

Apesar de áreas tão diferentes, Pedro e Alessandro têm o mesmo sentimento neste momento: pedido por mais respeito e valorização em 2021. “As pessoas precisam lembrar ao descartar seu lixo que é um pai de família que tá ali pra fazer coleta, que está disposto pro trabalho, mas exposto a tantos riscos”, afirma o coletor Alessandro. 

“Tem se chamado os profissionais de saúde de heróis, em reconhecimento, mas os heróis da saúde precisam ser efetivamente valorizados, respeitados, reconhecidos e bem remunerados. A gente está aqui porque escolhemos estar, e estaríamos fazendo independente da pandemia que fosse. Mas é preciso transformar isso numa real valorização, porque o significado do que a gente faz é muito grande e a exposição é muito alta”, resumiu o fisioterapeuta Pedro Moreira. 

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