Programa impulsionará negócios liderados por mulheres negras e indígenas

Parceria entre Itaú Mulher Empreendedora e a DIVER.SSA selecionará 30 empreendedoras

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/ Michelle Vivas

Um levantamento da Global Entrepreneurship Monitor(GEM) mostrou que o Brasil está em 7º lugar no ranking de 49 países com mulheres à frente de negócios iniciais. Segundo pesquisa do Sebrae, em 2019, 48% dos MEIs (Microempreendedores Individuais) são mulheres. A análise mostrou ainda que as mulheres empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Apesar disso, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com a proposta de ajudar a mudar essa realidade, especialmente nas regiões norte e nordeste do país, edital para programa de aceleração de negócios liderados por mulheres, com foco em empreendedoras mais vulneráveis. O programa – do Itaú Mulher Empreendedora e a DIVER.SSA - tem apoio financeiro e técnico da International Finance Corporation (IFC), organização do Grupo Banco Mundial. Luciana Nicola diz que o foco é impulsionar negócios liderados por mulheres negras e indígenas,  nas regiões mais afetadas pela pandemia (Foto: Divulgação) De acordo com Luciana Nicola, superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Empreendedorismo do Itaú Unibanco, o programa Aceleração Itaú Mulher Empreendedora representa o compromisso do Itaú Unibanco em estimular o poder de transformação das pessoas. “Ao impulsionar negócios liderados por mulheres negras e indígenas, com foco nas regiões mais afetadas pela pandemia do coronavírus, como Norte e Nordeste do país, estamos em linha com esse propósito e contribuindo para a transformação de diversos contextos culturais”, diz a superintendente. 

Maiores empreendedoras

Luciana Nicola salienta que um dos dados que despertou a atenção foi que mais da metade, 52%, dos empreendedores negros do país são mulheres. “Queremos apoiar e acompanhar de perto a evolução e a consolidação desses negócios, além de promover a inclusão e independência financeira dessas empreendedoras. Somado a isso, temos como objetivo secundário aprendermos mais sobre as necessidades deste perfil de empreendedoras, e assim, direcionar melhor nossa atuação nesta agenda”, completa. 

O projeto busca empreendedoras com os mais diversos perfis e contextos interculturais. A participação é aberta a mulheres de todo o Brasil e, nesta edição, a seleção irá priorizar negócios liderados por mulheres, negras, indígenas e LBTs (lésbicas, bissexuais e transexuais) das regiões Norte e Nordeste.

Em sua quarta edição, o Programa Itaú Mulher Empreendedora seguirá metodologia baseada em pilares de autoconhecimento, autoconfiança e autogestão. Em parceria com a DIVER.SSA, ao final da edição 2021, cinco finalistas receberão, além do treinamento oferecido pelo programa, um investimento semente no valor de R$ 10 mil (dez mil reais). O programa completo de aceleração, que irá selecionar 30 empreendedoras pelo edital, tem duração de quatro meses e meio, e será dividido em três fases, conforme cronograma disponível no site: diverssa.org/itaumulherempreendedora/. Para participar do programa, as empreendedoras devem seguir as orientações dispostas no edital Itaú Mulher Empreendedora + Diver.SSA, com inscrições abertas de 30 de outubro a 20 de novembro, e preencher alguns requisitos como: ser uma microempreendedora individual (MEI), ou, em caso de informalidade, capaz de comprovar existência do negócio há pelo menos dois anos — serão consideradas provas de existência, por exemplo, página em redes sociais do desenvolvimento do negócio, site de vendas, cadastro de plataformas virtuais de venda e/ou entrega de produtos. Não há limitação de idade e nem há consulta aos serviços de proteção ao crédito.  

A fundadora da DIVER.SSA Ítala Herta reconhece que empreender é muito difícil no Brasil e fazer isso sem uma rede de apoio é ainda mais difícil. “É muito importante a gente pensar nessa rede de apoio como uma sustentação para vida do empreendedor, da empreendedora”, defende, lembrando que o empreendimento exige planejamento financeiro. “Começar um novo negócio, uma ideia com recursos ou com economias pessoais é um risco muito alto”, completa, destacando que apesar disso, é uma prática muito comum. 

“Existem outras saídas para começar um negócio, uma delas é pensar no modelo de crédito acessível, possibilidades de investimentos semente, porque existe aí uma rede pulsante de possíveis investidores, existe ainda crédito que precisa ser acessado e que pouco é ainda, principalmente por empreendedores da base”, finaliza.