Projeto de lei sobre venda do Odorico Tavares começa a ser votado

O fechamento da unidade foi anunciado em dezembro do ano passado 

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 18:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gil Santos/CORREIO

O polêmico projeto de lei (PL) que prevê a venda do terreno em que fica o prédio do Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, área nobre de Salvador, entrou na pauta de votação da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) nesta segunda-feira (27). No início da noite, os deputados se revezavam na tribuna para defender ou criticar o PL 23.724/2020.

O PL é o único na ordem do dia e, às 18h, havia sete parlamentares inscritos para discutir a matéria. A oposição tentou obstruir pedindo verificação de quórum no âmbito das comissões, mas o presidente da casa, Nelson Leal (PP), permitiu a discussão antes da checagem. 

A venda do Odorico Tavares foi anunciada pelo governo estadual em dezembro de 2019 e desagradou professores e estudantes. Na semana passada, um grupo contrário ao fechamento ocupou a unidade para pressionar a Secretaria Estadual da Educação (SEC) a rever a decisão. A ocupação terminou no dia seguinte sem sinal de negociação. Quadra de esportes acumula água, limo e entulho. Espaço tinha cobertura, mas desabou em 2017 (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Irreversível Ainda nesta segunda-feira (27), o governador Rui Costa afirmou, em entrevista, que o fechamento do Odorico Tavares é irreversível. Ele ainda não havia se pronunciado sobre o fechamento da unidade. “Eu penso que equipamentos de qualidade podem e devem estar onde o povo mora. Na polêmica, fico do lado do povo, de onde eu vim. A escola serve de referência não somente para aprendizado stricto sensu, serve para a prática cultural. Um equipamento educacional em comunidade pobre tem uma função social extraordinária porque vai ser usado nos 365 dias no ano, não apenas nos dias que tiver aula. Salvador praticamente não tem equipamento de convivência social nas comunidades pobres”, afirmou na Rádio Metrópole. 

Durante a entrevista, o governador disse estar surpreso com a perda de alunos a cada ano - em 2019, a quantidade de alunos matriculados foi 300, quando a capacidade era para mais de três mil, segundo o governador. Rui disse que a decisão vem em nome de melhorias. 

“A minha sensibilidade maior é com quem estudou lá, que tem memória afetiva com a escola. Naquele local, nem escola particular tem porque não tem demanda pra isto. Respeito quem pensa diferente, mas não posso fabricar dinheiro. Nós vamos vender não somente este imóvel, mas outros também pra construir mais escolas”, complementou.

O governador informou que serão publicadas, nesta semana, licitações para construção de novas escolas. Bairros como Lobato, Paripe, Cabula (Estrada das Barreiras), São Cristóvão, Pau da Lima, Imbuí, Fazenda Grande do Retiro e Vila Canária sediarão novos colégios, além de municípios como Teixeira de Freitas, Candeias, Lauro de Freitas e a comunidade quilombola de Laje dos Negros, em Campo Formoso, que já será inaugurada em março deste ano.

Até o fim do segundo mandato (2022), Rui prometeu entregar 60 escolas completas, com 35 salas de aula climatizadas, quadra cobertura, biblioteca, piscina, teatro e refeitório.

Abaixo, uma cronologia com as diversas fases que o colégio passou antes do anúncio do seu fechamento:11 de abril de 1994 - Inaugurado pelo governador Antônio Carlos Magalhães para ser um colégio modelo, o Odorico Tavares nasceu para ser referência no ensino público, ao oferecer uma estrutura com laboratórios, anfiteatro e quadra de esportes Melhores anos - Era comum ver pais de alunos dormirem na fila para conseguir uma vaga. No auge, há 10 anos, o Odorico era um dos colégios mais cobiçados nos sorteios eletrônico de vagas feitos pela Secretaria Estadual de Educação Fevereiro de 2015 - Em uma reportagem publicada pelo CORREIO, o Odorico Tavares aparece na 7ª posição entre as 10 escolas mais bem avaliadas pelo Ministério da Educação na nota do Exame Nacional do Ensino Médio 22 de março de 2017 - Após fortes chuvas que ocorreram em Salvador, a cobertura da quadra de esportes da unidade desabou. Nesta época, o Odorico já apresentava problemas com a falta de manutenção do prédio Dezembro de 2019 - O colégio, de capacidade para 3,6 mil alunos, é desativado, só com 308 matriculados.