Prostitutas suspendem serviço por causa da pandemia e pedem prioridade na vacinação

Associação de profissionais do sexo de Minas Gerais informou que paralisação é por tempo indeterminado

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  • Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2021 às 19:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/TV Globo

Um grupo de prostitutas mineiras decidiu suspender os atendimentos por tempo indeterminado após o agravamento da pandemia de coronavírus no estado, que registrou seu pior mês em março. Além disso, solicitaram, através da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), a inclusão entre os prioritários na vacinação contra a covid-19. As informações são do Uol.

De acordo a presidente da Aprosmig, Cida Vieira, a paralisação ocorre por tempo indeterminado, portanto, não há previsão de retorno às atividades.

"Nosso trabalho é de contato físico diário e com várias pessoas. Somos muito vulneráveis e tínhamos que ser incluídas em algum grupo de risco. Não queremos que nos passem na frente de ninguém, mas que nos vejam com olhos de humanidade", afirmou ao Uol.

Ainda segundo ela, mesmo com os cuidados que estavam sendo tomados antes do agravamento da crise sanitária, não há condições agora de que os atendimentos continuem sem que haja sequer perspectiva de vacinação nas trabalhadoras."Vamos aguardar a vacinação e a recomendação oficial da entidade é que o serviço seja suspenso. Fazemos essa interface com as meninas via redes sociais, e-mail e telefone em nosso banco de dados. No entanto, sabemos que é difícil controlar cada uma [das garotas de programa", explicou.Para Cida Vieira, as trabalhadoras sexuais são estigmatizadas, na maioria das vezes, pelo governo e pela sociedade. "Somos tratadas à margem. Convivemos com doenças sexuais, cuidamos de famílias, mas não pensam em nós como um grupo que precisa de cuidados especiais, principalmente na pandemia", comentou.A representante da entidade fez questão de reforçar que as trabalhadoras apenas desejam ser vistas como um dos grupos de risco, e não o prioritário.Após a paralisação, a prefeitura de Belo Horizonte se pronunciou e afirmou que tem atuado no enfrentamento da insegurança alimentar de diversos públicos em situação de risco e vulnerabilidade social com distribuição de cestas básicas, segundo critérios socioeconômicos.

A presidente da Aspromig confirmou que recebeu esse suporte do município, mas disse que deseja mesmo que as profissionais do sexo sejam vistas no âmbito estadual e nacional como um grupo que precisaria de ao menos um auxílio emergencial, "pois sobrevivemos do contato físico".

O governo estadual não se posicionou sobre o assunto.

Março foi o pior mês desde da pandemia em Minas e já atingiu até mesmo o pico da doença no ano passado, em agosto, quando foram registrados 2.566 óbitos.