Protesto na Barra marca Dia Internacional da Mulher em Salvador

Grupo saiu do Morro do Cristo em direção ao Farol da Barra; Fora Bolsonaro foi uma das bandeiras

  • Foto do(a) author(a) Daniel Aloísio
  • Daniel Aloísio

Publicado em 8 de março de 2020 às 12:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

"Política: Palavra Feminina" foi o tema principal do protesto Lugar de mulher é onde ela quiser. Também nas ruas, mesmo com chuva. O 8 de Março de 2020 foi marcado por protestos no mundo todo, inclusive na capital baiana. Diversos coletivos feministas e movimentos sindicais que formam o Grupo 8M Salvador se juntaram e, pela quarta vez, promoveram na cidade o que elas denominam de Greve Internacional de Mulheres.  

Quando o grupo começou a se reunir no Morro do Cristo, na Barra, às 8h30, as nuvens pesadas do céu já ameaçavam que a chuva também iria acompanhá-los. Aos poucos, o número de pessoas foi aumentando e, quando as manifestantes saíram, por volta das 10h30, o aguaceiro não foi motivo de desânimo. 

Juntas elas caminharam até o Farol da Barra. Na pauta, o tema principal foi “Política: Palavra Feminina”, uma reinvindicação à maior representatividade das mulheres nos espaços de poder “Mas acaba vindo vários outros temas, como a violência contra a mulher e  a desigualdade de gênero”, disse a professora do curso de pedagogia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Sandra Siqueira, 50 anos. 

Como família unida também protesta unida, Sandra fez questão de vir acompanhada dos dois filhos, Hanna Lara e Victor Marinho. “Meu marido não pôde vir para a concentração, mas deve chegar até o fim da manhã”, disse Sandra, que fez questão de destacar o orgulho da família: “A gente priorizou muito fornecer uma educação feminista para eles. É uma educação livre de preconceitos”.  

Para Victor Marinho, estudante de Direito da Ufba, é importante que o homem apoie protestos como esse. “Eu tenho o exemplo da minha mãe, que é uma lutadora. Ela me ensinou que o homem deve apoiar essas lutas, mas sabendo que a mulher é a protagonista”, explicou. 

Política 

Participaram da manifestação diversos coletivos e sindicatos, como a Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb), que possui apenas mulheres na mesa gestora.  

“Dos sete cargos, todos são ocupados por mulheres. Isso aconteceu depois que uma colega nossa passou por um episódio de violência verbal dentro do sindicato. A gente resolveu se juntar e tirar eles do poder. Conseguimos”, disse a coordenadora geral da Aduneb, Ronalda Barreto.  

Segundo Ronalda, que também é professora de História e Política da Educação da Uneb, a luta sindical ainda é um espaço majoritariamente masculino e, por isso, as mulheres também devem ocupar. “E ser forte para enfrentar uma oposição agressiva, que é maior quando a mulher está no poder”.  

Ronalda relata que já sofreu preconceito por ocupar o cargo de maior importância do sindicato. “Os homens já colocaram apelidos em mim, como Poliana e Inocente do Neblon. Sempre em tom depreciativo. A minha resposta é dada com muita garra e trabalho. Não desço ao nível deles”, destacou.   

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier