PT suspende vereador preso por tentativa de feminicídio em Fortaleza

Testemunhas dizem que ele acelerou e atropelou de propósito mulher que saiu do carro

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Publicado em 30 de novembro de 2021 às 14:50

- Atualizado há um ano

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Após reunião realizada nesta terça-feira, 30, a executiva municipal do Partido dos Trabalhadores decidiu pela suspensão imediata da filiação do vereador de Fortaleza Ronivaldo Maia do PT Fortaleza após o parlamentar ter sido preso em flagrante, na tarde de segunda-feira, 29, por suspeita de tentativa de feminicídio. Além disso, os membros também deliberaram sobre a constituição de uma comissão paritária no âmbito da legenda para apuração disciplinar dos fatos.

Em nota, a executiva afirma que foi "surpreendida" com o caso. "O PT expressa sua integral e irrestrita solidariedade à vítima e a todas as mulheres que sofrem violência , cotidianamente , em nosso país. A história de luta das mulheres e homens do PT contra o machismo, que tem na violência física a mais cruel manifestação de covardia, nunca poderia admitir tal situação e não será desta vez que passará impune", diz o documento.

O partido também defendeu o "fortalecimento da luta das mulheres e por sua efetiva participação nos rumos do partido, como estratégia para enfrentamento ao patriarcado e ao machismo, seja na luta social, seja nas instâncias partidárias". O texto reforça ainda o "compromisso intransigente com o combate à toda forma de violência contra a mulher" e anuncia que a sigla acompanhará de perto a apuração rigorosa do ocorrido

Membros do partido afirmam ainda que, segundo o código de ética e disciplina da legenda, o vereador "tem obrigação política e moral de corresponder à responsabilidade assumida com suas tarefas militantes, quer seja em cargos de direção partidária, em cargos privados ou públicos".

Suspeito de tentativa de feminicídio contra uma mulher de 36 anos, Ronivaldo teria arrastado a vítima por aproximadamente três casas após acelerar com o veículo contra ela. Segundo informações obtidas pelo O POVO, o parlamentar tinha um relacionamento extraconjugal com a vítima há mais de dez anos e a atacou após ela recusar-se a pagar uma conta de R$ 1,6 mil para ele.

Até o momento, a única a se manifestar foi a vereadora Larissa Gaspar (PT). Pelas redes sociais, a petista reforçou repúdio ao ocorrido e defendeu o prosseguimento das investigações e o afastamento imediato do correligionário da legenda.

Também nas redes, as vereadoras do coletivo Nossa Cara divulgaram uma nota de repúdio sobre o caso em nome da bancada do Psol no Ceará na Câmara e na Assembleia Legislativa do Ceará (AL). "Nós militantes e parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) repudiamos a violação dos corpos das mulheres e o desprezo por suas dores e morte. Este é um problema social que precisamos combater de forma enérgica em todos os espaços e de todas as formas", escrevem as integrantes da mandata. 

"Repudiamos o fato ocorrido e estamos lado a lado das mulheres, que todos os dias lutam para que permaneçamos vivas e livres. Queremos prestar nossa solidariedade às companheiras que constroem o Partido dos Trabalhadores (PT) e dizer que estamos juntas na busca da elucidação dos fatos e rigorosa responsabilização", continua o documento publicado. 

O deputado Renato Roseno defendeu uma responsabilização do parlamentar nos âmbitos da justiça comum, da Câmara e do próprio partido. “Vai ter que abrir um processo disciplinar, um processo crime que vai correr na justiça comum e um processo disciplinar dentro da Câmara. É um caso absurdo e completamente fora do comum dentro desse campo persistente, um parlamentar preso em flagrante por tentativa de feminicídio”, defendeu o psolista.

Procurados pela reportagem, vereadores da oposição na Câmara ainda não se posicionaram sobre o ocorrido. Na AL, o deputado federal Soldado Noelio cobrou a devida apuração das investigações e, caso for comprovada a culpa, a penalização do vereador. É lamentável, a gente repudia qualquer tipo de violência contra a mulher, o que a gente quer é que seja apurado. Sem tem testemunha já tem um meio de prova com força para que ele continue preso e que seja investigado, com direito a defesa constitucional, mas, se errou, que seja penalizado”, disse.

O parlamentar criticou ainda a falta de posicionamento por parte do governador Camilo Santana (PT). Até o fechamento desta matéria, o petista ainda não se manifestou sobre o caso envolvendo o correligionário.

Reportagem originalmente publicada em O Povo