Pugilismo nagô

Senta que lá vem...

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 8 de agosto de 2021 às 15:59

- Atualizado há um ano

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A noite começou e eu disse que esse gringo tinha tomado alguma substância ilícita, certamente misturou lança com uísque e Red Bull, tipo aqueles bunda moles filhinhos de papai que descem do camarote. Herbert tava na maciota na cerveja de minha tia do isopor, no máximo um príncipe malucozinho.

O gringo de abadá ia da Barra pra Ondina, de Ondina pra Barra e vice-versa sem parar. Parecia que não ia cansar nunca, mas era zero de ginga atrás do trio. Herbert parado na altura do Morro do Gato, boxel formado na pipoca do Chiclete doido para soltar o seu pugilismo nagô.

O gringo era um animal desenfreado, afobado, Luciano Todo Duro, mal educado, batia e esbarrava nuzoto sem pedir desculpa. Herbert plantado, olha o gelo, jogo de cintura perfeito igual Reginaldo Hollyfield.

Eu disse: "esse gringo vai se fuder, esse gringo vai tomar um pau que ele nunca vai esquecer na vida".

Eis que os dois se bateram na frente do Clube Espanhol. O gringo espumava, espremeu Hebert nas cordas do Camaleão. A PM nem aí para as loucuras do gringo, é brincadeira? Deu uns três baculegos no neguinho. E eu: "tá errado! O gringo que tá sendo maldoso e a poliça não diz nada por que ele é branco".

Mas a hora dele chegou! Tava tocando Selva Branca. Herbert moranguinho no copinho esperando o momento certo. Mesmo espremido nas cordas, Hebert largou o doce, pai! Cruzado de esquerda que ninguém nem viu. O gringo estatelou no chão! Traumatismo ucraniano no meio da avenida.

Nunca mais venha assim para a rua, gringo! Fique lá no seu camarote. Tipo menino de play do Alto do Itaigara! Aqui ninguém come "regue" de cara feia. Cara feia aqui é fome! Aprenda a se portar no Carnaval, fila da puta! Aqui é Pau da Lima, Salvador, Bahia, Nordeste, Brasil!

Texto originalmente publicado no Instagram e replicado com autorização do autor.