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Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
O fim de semana mágico do Flamengo, com as conquistas da Libertadores e da Série A em 24 horas, parou o país e provocou reações das mais distintas. Entre os rubro-negros, claro, um estado de total euforia, e não é para menos. Entre os torcedores que não são flamenguistas, alguns se renderam à beleza do futebol praticado pela equipe de Jorge Jesus e pararam para aplaudir, outros secaram, se frustraram e, no fim, vociferaram contra a cobertura um tanto quanto exagerada da mídia - a “Flamídia”, para os debochados.
Todas as reações são válidas. Se você escolheu admirar a plasticidade do futebol praticado pelo Fla, tudo bem. Se não conseguiu e se pôs a torcer contra, tudo bem também. Quem acha que o ato de “secar” indigno não entendeu nada sobre a magia do futebol. Certa vez, um amigo me confidenciou que torceria para qualquer argentino que enfrentasse um brasileiro que não fosse o seu time na final da Libertadores. Justíssimo. Entretanto, se o assunto é Copa do Mundo, a torcida é para que a Argentina rode na primeira fase. Ou nem se classifique.
Não existe um manual de comportamento em relação a um clube de futebol. Não podem os torcedores de Vitória, Bahia, Corinthians, Palmeiras e Grêmio, ou de qualquer clube que seja, exigir que os flamenguistas sejam menos eufóricos, sobretudo em um momento como esse. Assim como não é razoável que flamenguistas se incomodem com a secada daquilo que eles chamam de “antis”, quando eles mesmos foram “antis” quando quem estava na crista da onda era o Fluminense de Fred ou o Corinthians de Paolo Guerrero.
Se há algo que pode servir como fator de convergência no sucesso do Flamengo é o modelo de gestão adotado a partir de 2013, quando o ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo decidiu que era hora de sanar as dívidas do clube para colher os frutos no futuro. De lá para cá, o Rubro-Negro adotou uma política de “pés no chão”, fez investimentos graduais, acumulou fracassos no meio do caminho e ganhou a fama de ficar no “cheirinho”. Mas o trabalho sério foi coroado da maneira mais grandiosa possível, e até um tanto precoce, visto que o River Plate era um clube mais estruturado para levar o título da Libertadores.
Esse modelo de gestão é seguido por outros clubes, os de maior sucesso Grêmio e Athletico-PR, que já alcançaram títulos importantes e têm tudo para seguir no topo. O Bahia vem atrás e segue o exemplo, com administrações preocupadas em fortalecer o clube administrativamente, sanando as dívidas e elevando o orçamento, o que contribui para que a equipe brigue de igual para igual com adversários mais poderosos. Por mais que o Tricolor enfrente um momento de instabilidade, o Brasileirão desse ano foi mais seguro do que os anteriores.
Esse é também o caminho a ser seguido pelo Vitória. O presidente Paulo Carneiro, que trabalhou no Athletico-PR e viu de perto a evolução da equipe paranaense, sabe disso. Carneiro tem nas mãos um abacaxi que precisa ser descascado, afinal a expectativa é de um ano ainda mais difícil financeiramente do que foi o 2019 na Toca do Leão, e o caminho é costurar novas receitas para pagar dívidas e organizar as contas do clube, sem grandes investimentos e com os pés no chão. Não existe passe de mágica. Os frutos serão colhidos no futuro.
Rafael Santana é repórter do globoesporte.com e escreve às quartas-feiras.