Questão de concurso no Ceará diz que há Justiça 'boa, ruim e baiana'

Amab e MP-BA divulgaram notas repudiando a prova do TJ-CE

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  • Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 13:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Uma questão da prova de um concurso público do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) provocou polêmica na Bahia por conta de um trecho considerado preconceituoso. A questão pedia que o candidato identificasse a frase que trazia uma visão positiva da Justiça. Uma das respostas dizia: "Existem três tipos de justiça: a boa, a ruim e a baiana". (Foto: Reprodução/Direção Concursos) A Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), que representa os juízes e desembargadores do estado, divulgou nota de repúdio. Para a associação, a questão mostra "conteúdo preconceituoso e faz insinuação desconexa" ao citar a Justiça baiana. "A referida citação se distancia do papel de uma conceituada instituição organizadora de certames, sobretudo de um Tribunal de Justiça, fazendo referência a um outro Estado coirmão de maneira jocosa", diz a Amab.

A Amab cita que o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) é o mais produtivo entre os de médio porte e o terceiro com melhor Índice de Produtividade dos Magistrados (IPM) do país, de acordo com o relatório Justiça em Números 2019, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) também criticou a prova, "em razão do conteúdo preconceituoso em relação à justiça baiana". Classificou de "inconcebível" que uma organizadora tão conhecida e respeitada "promova insinuação jocosa e desrepeitosa ao Poder Judiciário, sobretudo em uma avaliação para futuros integrantes do próprio sistema de justiça". O MP diz que espera uma retratação por parte da empresa e do TJ-CE, além de "punição dos responsáveis pelo grave insulto".

A prova, que aconteceu no domingo (15), foi organizada pela Fundação Getúlio Vargas, que ainda não comentou o caso.

Repercussão Na página de uma escola de concursos, no Facebook, alguns concurseiros chegaram a dizer que, ao ler a questão, pensaram na possibilidade do caso repercutir. "Quando li a questão pensei que alguém fosse se manifestar logo após a aplicação da prova", disse um. 

"Eu fiz essa prova, sabia que ia gerar polêmica quando li a questão", comentou um outro homem que afirma ter feito o exame. Na mesma publicação, outros internautas debatem sobre qual seria a alternativa correta, entre as cinco dispostas na prova.

Há espaço, no entanto, àqueles que dão crédito à questão: "Quem elaborou deve conhecer bem a justiça que foi falada. Mas o exemplo mais correto seria trocar baiana por justiça brasileira", diz uma mulher. Um outro, faz piada com a nota de repúdio da Amab. "Lembrando que a nota de repúdio foi publicada 2 anos após o certame", publicou.

Procurado pela reportagem, o TJ-BA ainda não retornou o contato.