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'Quis se mostrar para a namorada', diz tio de João Campos


 

Antônio diz que o sobrinho o criticou para impressionar a deputada Tábata Amaral

  • Rede Nordeste, JC

Publicado em 20/01/2020 às 15:00:43
Atualizado em 20/04/2023 às 17:59:08

A briga "fratricida" dentro da família Campos-Arraes ganhou destaque no jornal O Estado de S. Paulo em sua edição desta segunda-feira (20). Segundo o jornal, os atritos superaram o terreno privado e a lavação de roupa suja se tornou pública, antigas diferenças políticas se converteram em um fogo cruzado que é influenciado pela polarização nacional e se volta até mesmo contra o legado do seu quadro mais proeminente, o ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na campanha presidencial de 2014. 

As divergências alcançaram outro patamar depois que o deputado federal João Campos (PSB-PE), filho de Eduardo, atacou o tio, o advogado Antônio Campos, o Tonca, em dezembro passado, na Câmara dos Deputados. Em reunião da Comissão de Educação, o ministro da área, Abraham Weintraub, lembrou ao parlamentar que Antônio contribui com o governo que ele critica porque é presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). "Eu nem relação tenho com ele, ministro. Ele é um sujeito pior que você", retrucou o deputado, em referência ao tio. ''Quis se mostrar para a namorada'', diz tio de João Campos  Tão duro quanto o tom foi a forma. Em Pernambuco, "sujeito" pode não significar meramente uma pessoa indeterminada, mas alguém desqualificado socialmente. Nos bastidores, políticos da região disseram que essa expressão pesou mais do que qualquer coisa porque chamar alguém de sujeito, naquele Estado, equivale quase a um palavrão.

Mãe de Eduardo Campos, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes comprou a briga do filho e repreendeu o neto publicamente, em entrevista ao jornalista Magno Martins. Disse ter ficado "entristecida" e "indignada" com a "má educação" e com a "prepotência" do neto, com quem parou de falar. Logo depois, em entrevista à Rádio Jornal, Ana Arraes voltou a atacar João Campos, cobrou desculpas do neto e cogitou até se candidatar a governadora de Pernambuco na eleição de 2022.

O presidente do TCU, José Múcio Monteiro, interferiu na tentativa de atuar como uma espécie de bombeiro. Amigo de Ana Arraes e também pernambucano, Múcio disse a Antonio e a João Campos, em conversas separadas, que era melhor serenar os ânimos porque em briga de família não há vencedores. Todos perdem, concluiu. Os conselhos, porém, não adiantaram. No rodízio do tribunal, Ana substituirá Múcio na presidência da Corte, no próximo ano.

Antes mesmo de a mãe tomar partido no conflito, Antônio Campos havia soltado uma nota por meio da qual acusava o sobrinho de ter sido "nutrido na mamadeira da empresa Odebrecht". Antônio disse, ainda, que Pernambuco precisava conhecer o "lado obscuro" do sobrinho e da viúva de Eduardo, Renata Campos. João é considerado um representante da "nova política", ao lado dos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES).

'Nova namorada' Ao Estado, Antônio admitiu que a confusão não é boa para a família, mas continuou com as críticas e provocou o sobrinho. "Ele quis se mostrar para a sua nova namorada, a deputada Tabata Amaral", disse o tio. "Foi um ataque gratuito porque estava fora do contexto. Fui o homem que mais defendeu o pai dele, inclusive no complexo caso dos precatórios, em que Eduardo teve denúncia rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. E, hoje, eu o vejo abraçado e defendendo vários que chamavam o pai dele de ladrão. Não consigo entender."

O PSB de João Campos atua no espectro da esquerda. Antônio, por sua vez, é crítico dos petistas e de alianças com o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vejo o governo Bolsonaro saneando muita coisa errada feita na era PT. O Brasil precisava virar essa página, que a coragem de Bolsonaro tem realizado. Tenho mais convergências do que divergências com o presidente", disse o advogado. As informações são do Jornal do Commercio.