Raio-X: os números de Fernandão após um ano da estreia como titular

Centroavante tem enfrentado dificuldades, mas números apontam que precisa de menos tempo do que Gilberto para fazer um gol

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 17 de março de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

O retorno de Fernandão foi anunciado pelo Bahia no dia 23 de janeiro de 2019. Comprado por R$ 4,5 milhões - a contratação mais cara da história do clube na época - o centroavante retornou a Salvador com status de ídolo, após cinco anos entre futebol europeu e asiático.

A estreia do atacante foi no primeiro Ba-Vi do ano passado, dia 3 de fevereiro, quando substituiu Rogério aos 37 minutos do segundo tempo. Depois do clássico passou cerca de um mês entre a recuperação de lesão na coxa e melhora nas condições físicas.

Neste dia 17 de março, completa-se um ano da estreia pra valer do camisa 20 tricolor: contra o Jequié, fora de casa, Fernandão foi titular pela primeira vez e marcou quatro gols na goleada por 5x0 que classificou o Bahia para as semifinais do Campeonato Baiano.

Um ano depois, aquela tarde de alegria em torno do atacante se transformou em um ponto fora da curva. E a contratação mais badalada do clube na gestão de Guilherme Bellintani se consolidou como uma substituição manjada no terço final das partidas.

Valeu a pena o investimento? Quais os números do atacante? O tempo de jogo é ideal? O CORREIO levantou dados para que o leitor tire suas conclusões. O resultado é surpreendente. Fernandão treina finalização no CT Evaristo de Macedo (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) Tempo para marcar No início de 2020, Fernandão utilizou suas redes sociais para reclamar do pouco tempo de jogo. Olhando os números frios, a insatisfação é estranha, já que na temporada passada ele atuou em 48 partidas, só dez a menos que Gilberto, titular da posição e artilheiro do clube em 2019 com 29 gols. Fernandão encerrou seu primeiro ano de contrato no retorno ao Bahia com 13 gols, vice-artilheiro do tricolor. 

No entanto, pelo número de minutos em campo, Fernandão está no direito de argumentar. A média dele no ano passado foi de 34,3 minutos por partida - 1.651 no total. 

Dos 48 jogos, saiu do banco em 31 e foi titular em 17. Destes, foi substituído em 14. Ou seja, fez apenas três jogos inteiros: contra Goiás, São Paulo e Internacional.

Para efeito de comparação, Gilberto fez 58 jogos e acumulou 4.257 minutos. Isso dá uma média de 73 minutos em cada. Ou seja: o mais habitual em 2019 foi ver Gilberto jogando até 28 minutos do segundo tempo. E, proporcionalmente, Fernandão precisou de menos tempo em campo para fazer um gol do que Gilberto: o reserva marcou um gol a cada 127 minutos. O titular fez 1 a cada 146 minutos.

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De fato, Fernandão rendeu mais quando teve mais tempo em campo. Dos 13 gols anotados por ele no ano passado, 11 aconteceram em partidas nas quais o camisa 20 jogou por mais de 45 minutos. As exceções foram contra Athletico-PR e Goiás, ambos pelo Brasileiro. Nessas ocasiões, ele atuou por 23 e 13 minutos, respectivamente.

Em 2020, a média do camisa 9 subiu para 80,2 minutos. Já foram 722 minutos jogados, o que, por tabela, reduz o espaço de Fernandão.

Neste ano a única vez que o atacante de 32 anos teve mais de 45 minutos foi contra o Jacuipense, pelo Baiano – na ocasião, ele pediu para jogar no time de aspirantes. Ficou em campo por 63 minutos e até marcou um gol. Só que foi mal anulado. Contra o Jacuipense, Fernandão deixou guardada a camisa 20 e assumiu a 9. Foi a partida em que mais teve tempo de jogo em 2020 (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) Pelo time principal, a média de Fernandão em campo em 2020 é de 13,5 minutos por jogo. Contando o que ele fez no estadual, esse número sobe para 19,7 minutos. Em oito partidas na temporada, não marcou nenhum gol.

No saldo final, incluindo 2019 e 2020, desde que chegou ao clube Fernandão fez um gol a cada 139 minutos em campo. Gilberto, no mesmo período, fez um gol a cada 140,8 minutos.

Concorrência com Gilberto A três partidas de completar 100 jogos pelo Bahia, Fernandão tem pela frente uma temporada quase inteira para recuperar sua melhor forma e cair nas graças da torcida como fez em 2013, quando marcou 15 gols no Campeonato Brasileiro. Foi superado apenas por Éderson (21), Dinei e Hernane (16) na lista de artilheiros. Por curiosidade, fez um gol a mais do que Gilberto, que marcou 14 vezes pela Portuguesa.

Gilberto, por sinal, é um grande empecilho. Além de ter um perfil mais encaixado no estilo de jogo do time, enquanto Fernandão depende mais de bolas cruzadas pelo alto, o centroavante titular vive boa fase desde o ano passado e não dá brecha para o reserva. Neste ano, já marcou sete gols em dez partidas.

Como um esquema com os dois atuando juntos parece inviável e está fora de cogitação pelo técnico Roger Machado, Fernandão dificilmente vai ter seu pedido por mais mais minutos em campo atendido nas condições atuais.

*com supervisão do editor Herbem Gramacho