Rapaz que filmou agressão policial em Paripe está sendo ameaçado, denuncia coletivo

Morador do Subúrbio, onde agressão ocorreu, cinegrafista amador recebeu 'recados' de vizinhos

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  • Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 18:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Foto: Reprodução O responsável por gravar o vídeo que denunciou a agressão de um policial militar contra um jovem em Paripe está sendo ameaçado, segundo denuncia o Coletivo de Entidades Negras (CEN), do qual a pessoa faz parte. De acordo com o CEN, o rapaz que filmou é morador da região onde o fato ocorreu, nesta terça-feira (4), e passou a receber “recados” enviados por outros moradores do bairro dizendo que sabiam que ele havia feito a filmagem.

O autor do vídeo é militante e colaborador de projetos do Coletivo de Entidades Negras. Ainda conforme informações do CEN, a corregedoria da Polícia Militar está sendo acionada pelos advogados da entidade, que já atuaram em outros casos do tipo, como o de dois pintores que foram agredidos por policiais no Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador, e que foi denunciado também nas redes sociais, na época, pelo ator Rodrigo França, ex-BBB.

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Conselheiro de Direitos Humanos do Estado da Bahia e membro do CEN, Yuri Silva disse à reportagem que também pedirá à Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDHDS) que inclua o autor da filmagem no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos. Segundo ele, nesta quarta-feira (5) o coletivo fará denúncia do caso junto à Defensoria Pública e também à Corregedoria da Polícia Militar.

Segundo o rapaz, que é morador da região onde o fato ocorreu, há cinco meses ele também foi abordado de forma truculenta por PMs. “Fui chamado a entrar na viatura, queriam me algemar e me levar. Eu falei para eles que não era ladrão e eles disseram que, se eu não entrasse no carro, iria apanhar igual mala velha. Entrei na viatura sem ser algemado, mas fui com eles e teve troca de tiro lá na área comigo ainda dentro da viatura”, contou. 

Ele diz que a atuação dos policiais no bairro onde nasceu e foi criado sempre foi violenta e que já presenciou outras pessoas sendo abordadas e insultadas por agentes por causa do cabelo e da forma de se vestir.“Quando a gente fica naquela resenha na rua após as aulas, eles chegam de maneira agressiva e sempre falam do cabelo”, denunciou.Corregedoria da PM vai apurar Por conta do vídeo, uma nota foi divulgada na segunda-feira pela a assessoria da Polícia Militar. Nela a corporação informou que "não preconiza com a violência e rechaça todo e qualquer tipo de conduta violenta". Além disso, confirmou que o vídeo será encaminhado para a Corregedoria-Geral da PM para ser analisado. A corporação informou que não prevê atendimento psicológico ao jovem agredido. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) comunicou ao CORREIO que está buscando informações junto à polícia para se inteirar do caso. O adolescente vítima da agressão ao lado da mãe (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)