Rei do Pirão conta como saltou de 12 para 250 funcionários em um ano

Em entrevista, dono de restaurante mostra receita para crescimento exponencial

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  • Priscila Natividade

Publicado em 27 de maio de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação - Darío G. Neto/ASN-BA

O restaurante  começou em uma casinha na Boca do Rio, com 12 pessoas trabalhando, onde mal cabiam 20 mesas. A receita cresceu e, um ano depois, o Rei do Pirão é uma marca que opera quatro unidades em Salvador e Região Metropolitana mais o serviço delivery, emprega 250 funcionários e administra uma rede social com mais de 140 mil seguidores. Mas quais são os ingredientes que garantiram à empresa esse crescimento exponencial? 

Não é difícl saber. Carlos Alexandre abriu o Rei do Pirão com a cara e a coragem. Juntou o que tinha e o que não tinha e investiu, inicialmente, R$ 64 mil.  “Nem sócio eu tenho, porque não encontrei quem acreditasse  no projeto. O crescimento foi muito rápido. O desafio que a gente tem hoje é manter tudo isso. Não quero ser mais um que veio, cresceu, apareceu, estourou e sumiu”, fala. Enquanto a crise estava fechando vários restaurantes, ele confiou no seu pirão: “Cozinho desde os 17 anos e fazia muito escondidinho, que era o prato que todo mundo mais gostava, e aí tive a ideia: algo que fosse saboroso e apresentável, que as pessoas comessem com os olhos”, afirma.

Na entrevista abaixo, Alexandre preferiu não revelar a receita do escondidinho para não comprometer o segredo do negócio, mas contou tudo sobre como o Rei do Pirão conquistou a freguesia logo na primeira garfada. 

Como surgiu o Rei do Pirão? 

Começamos a operar no dia 12 de janeiro do ano passado. Sempre tive um sonho de abrir um restaurante. Um amigo meu me convidou para abrir um restaurante de comida a quilo, só que eu não queria ser mais um restaurante de comida a quilo na cidade. Abri com poucos recursos: uma casa pequena, com 20 mesas -  mas que era sustentável porque deu muita gente, tinha muita fila. Fui para outra casa um pouco maior, na Boca do Rio mesmo, com 60 mesas e também foi um sucesso de gente e público. Então veio a unidade da Pituba.Só que eu vi que a fila continuava. Resolvi expandir para Lauro de Freitas e Simões Filho, que graças a Deus também têm sido sucesso e estamos na luta. Qual foi a receita para crescer de forma exponencial e em tão pouco tempo? 

Cresceu muito rápido. Eu confesso que eu não sei explicar, mas eu sei que foi o boca a boca e as redes sociais que me ajudaram muito. As pessoas que iam lá passavam de um para outro. Virou uma marca. Existe uma interação muito forte com os seguidores. Eu sei que a galera vai, as quatro unidades ficam cheias. É uma  obrigação manter essa qualidade. 

Em um momento econômico difícil, no qual muitos restaurantes fecharam as portas, como ter sucesso ao empreender no ramo? 

Eu não sou o melhor, nem tenho essa pretensão. Mas as pessoas não pararam de comer com a crise. Esse é o grande lance. O empresário tem que estar dentro do seu negócio.Se algo não está andando é porque tem uma coisa errada no seu restaurante. Alguém está sendo mal atendido, a comida não está boa, o espaço não está legal. Ele não trata bem os funcionários?  Os clientes? Às vezes é um problema lá dentro.Você come três, quatro vezes ao dia e eu como também. Os clientes comem e é isso. E em meio a toda essa crise a gente vai sobrevivendo. 

No meio do caminho, que erros cometeu e o que fez para revertê-los?  

Eu comecei querendo fazer tudo porque eu não tinha o pessoal suficiente. Não tinha recurso nem expertise para entender o negócio e meio que me achava herói, que iria dar conta de tudo: do financeiro, da cozinha, da montagem. Divulgava tudo no marketing e eu mesmo que respondia, entregava porque ‘inchava’ lá para os motoboys... Até que eu entendi  o meu lugar, qual era o meu papel, onde eu me dava melhor,  que era fazendo  a coisa acontecer. A parte de atrair o cliente e ter o contato com esse cliente. Então, comecei a setorizar a empresa. Setor financeiro, RH, contador, consultor financeiro, supervisor de delivery.No início eu achava que podia abraçar o mundo e eu descobri que sou péssimo em finanças e só piorava as coisas e embolava todas as contas.Como se deu o processo de expansão do Rei do Pirão, do restaurante pequeno até o serviço delivery? 

Fui expandindo na medida em que a demanda foi crescendo. Ia ficando aquela fila negativa e eu fui entendendo que estava na hora de crescer. Abri o delivery um mês depois que inaugurei o restaurante. Coloquei duas linhas telefônicas e um Whatsapp e foi a maior loucura que eu cometi. Foi uma maluquice e a gente não conseguia dar conta. A galera caiu em cima. Aí depois eu estruturei melhor. Hoje tenho um sistema mais amadurecido, melhorado, e consigo segurar um pouquinho mais a onda.O grande diferencial está na humanização, no atendimento. Ainda não está como eu quero. Mas vamos evoluindo. É possível construir o ‘negócio dos sonhos’? Como?

Existe possibilidade, sim, de abrir sem recurso, sem dinheiro e ir fazendo a coisa acontecer,  tomando corpo e se expandir. O lance é acreditar. Acreditar em você mesmo. O segredo está em ouvir o seu coração. Sempre faço isso.

QUEM É

Carlos Alexandre  é proprietário da rede de restaurantes Rei do Pirão, que tem quatro unidades em Salvador e Região Metropolitana. A média de faturamento atual é de R$ 400 mil por mês. O que surpreende, pois o  negócio começou há pouco mais de um ano em uma casa na Boca do Rio onde cabiam apenas 20 mesas e hoje faz sucesso na cidade.