Relação tóxica 'não configura fato criminoso', diz advogado de médico

Suspeito por queda da namorada, Rodolfo diz que não havia relacionamento abusivo

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  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2020 às 15:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O advogado Gamil Foppel, que defende o médico Rodolfo Cordeiro Lucas, suspeito de causar a queda da namorada, a médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo do quinto andar de um prédio em Armação, afirmou nesta sexta-feira (24) que não é a natureza do relacionamento dos dois que está sendo investigada. "Não estou dizendo que eles viviam um relacionamento tóxico, até porque meu constituinte nega esses fatos, mas se houvesse um relacionamento tóxico, isso, por si só, não configura fato criminoso. Relacionamento tóxico por si só não é a prova da ocorrência do homicídio", afirmou o defensor, que participou do Jornal da Manhã, da TV Bahia.

"As pessoas estão perdendo o foco da discussão. E por um único elemento: não há qualquer tipo de indício, mínimo que seja, que aponte para ideia que ela foi arremessada. Ao contrário, o inquérito grita, no sentido que ele tentou evitar que ela pulasse, ele segurou ela pelos braços. Houve testemunhas, vizinhos de baixo e de cima, que pediram que ela não pulasse", afirma o advogado.

Para Gamil, a situação é lamentável, mas se trata de uma tragédia, e não um crime. Ele negou que exista uma "disputa de versões" sobre o que ocorreu. "Não há uma disputa de versões. No inquérito há diversas testemunhas, o vizinho de baixo, de cima, todos dizem que na verdade essa moça se precipitou. Que meu constituinte tentou evitar que ela pulasse. Houve vizinhos que tentaram conversar com ela, dissuadi-la da ideia de pular. Os vizinhos viram que foi ela que pulou. Nem mesmo a delegada que pediu a preventiva diz que Sáttia foi arremessada", elencou. "Está provado que ele não a arremesssou. Que ela, infelizmente, lamentavelmente, todos devemos torcer pelo seu pronto restabelecimento, foi ela quem se jogou".

Já o advogado Maurício Vasconcelos, que representa a família da médica, diz que é cedo para cravar o que aconteceu. "Devemos nesse momento esperar a conclusão da perícia, inobstante haja depoimentos no inquérito de que ela teria clamado por socorro. A posição da familia é no sentido de termos ponderação e esperar o laudo, que é complexo", afirmou.  "Existe nesse inquérito também depoimentos de pessoas que dizem que ela clamou por socorro. Há uma testemunha dizendo que ela pediu socorro", lembra.

Relacionamento do casal Maurício citou relatos sobre o relacionamento conturbado de Sáttia e Rodolfo. "Havia uma relação de possessividade, de ciúme, extramemente complicada, comportamentos irascíveis por parte do doutor Rodolfo. Conforme acentuado no início, não se pode precipitar a conclusão. Acho que é precipitada a conclusão do advogado", afirmou.

Disse  ainda que a mãe da médica foi ouvida e reforçou essa ideia de que os dois viviam uma relação abusiva. "Ontem a mãe foi ouvida, relatou diversos comportamentos que não são normais em um relacionamento. E a doutora Sattia vivia um momento de extremo entusiasmo com a medicina. Ela se sentiu ameaçada inúmeras vezes, isso consta no inquérito, pelo doutor Rodolfo.Há notícias de agressões por parte dele a doutora Sattia no endereço anterior, na Graça", relatou.

Já o advogado Gamil lembrou que não há ocorrências do tipo registradas contra seu cliente. "Eu volto a dizer que o objeto de investigação não era a qualidade do relacionamento que eles tinham. Conversei com meu constituinte, ele nega esses fatos. Se houve qualquer tipo de ameaça, que de fato não existiu, não houve qualquer tipo de registro formal disso. Não há registro de agressão a ela. Pelo contrário, existem agressões sistemáticas a ele, ele está agredido, o corpo dele pode servir de prova. Eu não tenho como opinar a respeito de palavras de familiares. Entendo a dor da família, estendo minha dor à família. Mas preciso me ater à prova técnica. Três testemunhas negam que houve crime. Crime não existiu. Houve uma fatalidade. Não me parece precipitado dizer que essa prisão é absolutamente estapafúrdia", afirma. "Não estamos discutindo no inquérito se ela sofria depressão, não sofria depressão, o tipo de relacionamento que eles tinham. Existe um único elemento discutido: ela pulou ou foi arremessada? E é absolutamente certo, não há nenhum tipo de dúvida, que ela pulou".

Gamil diz que seu cliente entregou celulares para perícia e a chave do apartamento sem necessidade de ordem judicial.  "E pesa dizer que uma pessoa inocente esteja presa há quase uma semana e que o clamor social venha sendo usado lamentavalmente para transformar uma situação que é uma tragédia, lamentável, como se um crime fosse. Não houve crime algum. Basta consultar os autos. Três testemunhas dizem que ela pulou. Não há uma única testemunha que diz que ela foi arremessada", reforça.