Relato: 'Voltar ao Barradão foi um alívio. Eu voltei para minha casa'

Mateus Victor frequenta o estádio desde os 3 anos e comemora que ele e o avô, seu mentor rubro-negro, sobreviveram à covid-19

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  • Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Estive no último jogo do Vitória com presença de público e foi um momento emocionante, quando vencemos, por 4x1, a equipe do River (PI). Uma partida belíssima. Lembro que saí do estádio eufórico, mas a preocupação também tomava conta devido ao aumento dos números de casos de pessoas contaminadas com o coronavírus. Naquele momento me preocupava tanto comigo, como com os meus avós: Rosália e José, de 84 anos - casados há 60. Naquele momento, essa partida também serviu como uma válvula de escape, para aliviar o estresse com a doença. 

A principal sensação após esse longo período convivendo com essa nova realidade é a de estar vivo. Estou bem e feliz por ter, ao meu lado, os meus avós, que assim como eu positivaram para Covid-19.

Quando houve a confirmação do retorno da torcida ao Barradão, foi um momento de confirmar a felicidade em poder fazer uma das coisas que mais gosto. Chegou o momento de torcer pelo meu Vitória e agradecer a Deus pela chance e oportunidade de poder voltar a viver isso mais uma vez, coincidentemente em uma partida envolvendo a Copa do Nordeste. 

Vou dizer, voltar a viver a rotina do Barradão é muito importante para mim. Acredite se quiser, mas tenho amigos que só tenho oportunidade de encontrar nos jogos. Pessoas que me veem no estádio desde que sou criança. Então, por força da pandemia, o contato teve que ficar de forma online. Agora, teremos a oportunidade de nos encontrar. 

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O Barradão é um lugar muito especial para mim. Tenho uma história linda de vida nesse lugar, um amor que vem desde meu avô. Aos três anos, ele me levou ao Barradão e de lá para cá é difícil perder um jogo. Éramos moradores da Cidade Baixa e por algumas vezes precisávamos sair mais cedo do Barradão em algumas partidas para pegar o último Bonfim da Estação Pirajá.  

Em casa, minha mulher já sabe: em dia de jogo do Vitória não se marca compromisso. Sabendo o momento que o Vitória tem passado, tive a certeza que o retorno do torcedor pode ser um momento de virar uma chave. Tem jogador aí que não sabe o que é jogar com torcida, não sabe o que é a torcida do Vitória.

A saudade do Barradão era gigante. Por mais que a pandemia não tenha acabado, hoje sinto uma sensação de alívio pois estou voltando para casa. Uma sensação de vitória também, por saber que consegui passar por essa doença e agora tenho oportunidade de voltar, oportunidade que muitas pessoas infelizmente não tiveram. Perdi um grande amigo rubro-negro para essa doença, um parceiro de viagens acompanhando o Vitória, ou em micaretas e festas pelo país, sempre carregando o bandeirão do Vitória. 

Agora é hora do ritual de todo rubro-negro. Chegar antes e tomar uma gelada na "freguesa" e comer um espetinho. Depois o meu ritual pessoal, encontrar o Marcelão. André Professor, D. Ivana, Dicow, Marcão e sua esposa sempre ciumenta, o Betão, Tedinho, Silvinho, Neném, Matheus e toda galera para fazer a resenha antes da partida. Depois vamos para o fundo do gol, ao lado da torcida visitante e pode ter certeza, vou cornetar como sempre.

Mateus Victor da Silva Araújo é engenheiro civil, sócio e torcedor do Vitória