Repórter do CORREIO discute no congresso da Abraji impacto da cobertura de violência racial

"Foi emocionante ver aquela sala lotada, principalmente de estudantes negros", diz Bruno Wendel

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  • Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2022 às 09:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Victória Ribeiro

Durante uma hora e meia estudantes e jornalistas debateram os principais aspectos sobre os efeitos da cobertura  de violência racial na rotina de repórteres negros no Brasil, neste sábado (6), durante o penúltimo dia do 17° no Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. O evento acontece na  Fundação Armando Alvares (FAAP) Penteado, em São Paulo. 

"Foi emocionante ver aquela sala lotada, principalmente de estudantes negros, que amanhã serão repórteres, editores, coordenadores, discutindo a 'redução de danos' no aspecto  físico e mental de quem faz a cobertura da violência racial. Falamos também da importância do ofício da reportagem, a sensibilidade e da coragem para prosseguir diante as ameaças, entre outros assuntos. Uma tarde bastante proveitosa para todos, inclusive para nós, da mesa, que tentamos, na medida do possível, responder a tantas perguntas durante uma hora e meia", declarou o repórter do CORREIO, Bruno Wendel. "Agradeço à Abraji pelo convite e o congresso está de parabéns", acrescentou.

Além de Bruno, participou da mesa a repórter do UOL, Lola Ferreira. O debate foi mediado pela fundadora do Instituto Fogo Cruzado e diretora da Abraji, Cecília Olliveira.  (Foto: Victória Ribeiro) Segunda vez no congresso Bruno participou do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji pela primeira vez em 2018, onde foi convidado para contar os bastidores da série de reportagens Onde Está Geovane, em que foi responsável pelas investigações, e que inspirou a produção do documentário Sem descanso.

O longa conta a história de Geovane, um jovem de um bairro pobre do Brasil, que foi preso pela polícia militar e nunca mais foi visto. O documentário tece a investigação do caso com um debate sobre as raízes da brutalidade policial. História que, para Bruno, tem certa relação com a discussão realizada neste sábado.

“Minha participação este ano teve um pouco a ver com a primeira, porque no filme Geovanne era um jovem negro, da periferia, que foi morto por policiais militares. A questão racial no dia a dia do repórter negro está incutida, mesmo quando os casos são de agressões ou mortes têm um viés racial”, destaca.

O congresso O congresso começou no dia 3 e vai até este domingo, 7 de agosto, e tem como objetivo discutir 15 grandes temas, incluindo técnicas de apuração, trabalhos notáveis, projetos inovadores, transparência pública, proteção e segurança, ataques à democracia, desinformação, racismo, inclusão e sustentabilidade, entre outros.

Pelo quarto ano consecutivo, o último dia de programação é totalmente dedicado ao jornalismo de dados com oficinas, cursos e debates - o Domingo de Dados. 

Após dois anos de eventos exclusivamente on-line devido à pandemia, o congresso volta ao modelo presencial, no formato híbrido, incluindo dois dias on-line. Nos dias 3 e 4 as palestras aconteceram virtualmente, enquanto nos dias 5 e 6 os encontros ocorreram presencialmente na FAAP, em São Paulo. A programação deste domingo (7) também é presencial.