Respeitável público, o circo retoma apresentações nessa sexta (23)

Capacidade será reduzida, e alguns espaços em Salvador continuam com atividades on-line, sem reabertura definida

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  • Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Respeitável público, os circos estão de volta depois de sete meses sem poder funcionar. Decreto municipal publicado na última sexta-feira (16) permitiu a retomada das atividades a partir de segunda (19) e estabelece os protocolos de segurança para o setor. Nessa sexta (23), às 20h, o Le Cirque, na Avenida Paralela, volta a encantar crianças e adultos de Salvador.

Para o diretor do circo, George Stevanovich, a felicidade proporcionada pelo espetáculo ganha importância depois de tantos meses dentro de casa. O ingressos podem ser comprados na bilheteria do local. A compra on-line ainda deve ser disponibilizada, para isso, o cliente deve ficar de olho no Instagram do circo.

“Voltamos a trabalhar com carinho e amor levando alegria para o público. A vida do circo é o público. Imagina uma criança ficar sete meses em casa sem sair. Agora, elas podem desfrutar do lazer com segurança. Os pais devem vir ao circo”, comenta o diretor. Inicialmente, o espaço vai funcionar às 20h, de quarta a sexta, e às 15h, 18h e 20h nos sábados, domingos e feriados.

Todos os dias, a jornalista Isabela Aguiar, 30 anos, passa em frente ao Le Cirque no caminho do trabalho. Ao ver o local, o desejo é poder levar o afilhado de 9 anos ao circo.  “Ele nunca foi no circo, mas acho que vai gostar. Eu também quero ir por ser apaixonada por circo desde criança. Sempre achei um espetáculo bonito e divertido”, conta. 

Apesar da vontade de ver o show, ela diz que ainda vai esperar pois seu sobrinho é asmático. A jornalista afirma ainda que não se sente confortável para retomar as atividades de entretenimento, mas acredita que é importante que o circo reabra. Le Cirque terá exibições de quarta a sexta e aos finais de semana e feriados (Foto: Arisson Marinho) O momento pede uma adaptação já que o circo deve seguir regras da prefeitura para funcionar. O uso de máscaras é obrigatório, a interação entre o público e os artistas está proibida, poderão ser adquiridos até quatro assentos vizinhos e deverá haver um distanciamento de dois assentos livres entre aqueles que podem ser utilizados.  

Para aumentar a circulação de ar no local, a lona lateral do Le Cirque foi retirada. Entre os espetáculos, o circo ainda vai separar uma hora para higienizar todo o espaço, e dispensers de álcool em gel estarão disponíveis, entre outras regras de segurança.

A preparação para a reabertura corre a todo vapor, com a volta de parte dos artistas e os ensaios do espetáculo. A sensação é de animação, conta o diretor do circo, que cita ainda que esse momento foi muito esperado. Dos 150 funcionários do circo, apenas 30 estão em Salvador, o restante voltou para suas casas. Agora, é hora de reagrupar todos que colocam o espetáculo para funcionar. 

O público permitido na reabertura não é o suficiente para cobrir os gastos na produção do espetáculo, mas George acredita que é hora de reabrir. Cerca de mil pessoas cabem no local, entretanto, apenas 100 poderão estar presentes ao mesmo tempo na lona. “Queremos ver a reação do público, queremos que eles se sintam seguros e ganhem confiança para acompanhar as apresentações”, afirma George, que completa: “Precisamos reduzir custos. Não vai ser uma mega produção já que também temos que ter menos gente no local. Entretanto, estamos organizando tudo para não perder em qualidade”. O número de artistas no palco também vai ter que ser adaptado. Como apenas 100 pessoas podem estar na lona ao mesmo tempo, não seria possível manter um grande número de apresentações simultâneas. Com a reabertura, será dada continuidade ao espetáculo Extreme, que é uma apresentação mais radical.

“A base permanece, vamos tirar mais a produção. Antes, nós tínhamos a atração principal e até 15 bailarinas no palco, por exemplo, agora, não será possível manter essa estrutura”, comenta George.

A interdição fez com que o circo perdesse todo o investimento em divulgação. Desde lá, foram sete meses fechados, com muita dificuldade. A interdição dos circos ocorreu justamente na semana que o Le Cirque iria estrear em Salvador. A lona estava montada, mas não pôde receber o público. Para ajudar a pagar as contas no período, o circo fez uma live e vendeu as delícias circenses por delivery.

O Le Cirque possui mais de 200 anos tradição, conta George, que já é a quarta geração circense da família. De acordo com ele, uma unidade do circo chegou no Brasil em 2000. Foi dois anos depois que eles se apresentaram pela 1ª vez em Salvador, no antigo Aeroclube.

Virtual O Picolino, em Pituaçu, ainda não possui uma data definida para voltar a receber o público. Por enquanto, as atividades continuam on-line. “Temos eventos programados pelo menos até novembro graças a recursos oriundos do edital Boca de Brasa. Através do nosso canal no YouTube, disponibilizamos oficinas de circo para a família, diálogo sobre a situação da nossa escola e mini documentário. No próximo mês, iremos lançar podcast sobre histórias do Picolino em formato de radionovela”, pontua Robson Mol, um dos coordenadores do local.

Na Arena Fonte Nova, o Tirullipa Circo Show também analisa a previsão de retorno dos espetáculos presenciais. Segundo o diretor de Marketing do circo, Diogo Alves, o principal problema é a capacidade reduzida de público no circo permitida pelas regras da prefeitura.

“Nosso circo tem uma estrutura grande, cabem 1.800 pessoas. É inviável abrir com menos de 40% de ocupação. Os custos são altos e as medidas de segurança encarecem mais o processo”, afirma. 

Uma das alternativas é ir para uma cidade próxima de Salvador que permita uma ocupação maior. Para isso, ainda é preciso encontrar o local e estudar os custos da mudança.

Antes da pandemia, o Tirullipa funcionou por cerca de duas semana em Salvador. Com a interdição, o circo fez uma live e contou com a doação de cestas básicas para se manter. Os funcionários foram liberados para fazer outras atividades no período. Tirullipa Circo Show está montado na Arena Fonte Nova (Foto: Divulgação) Mesmo sem data específica para voltar, o circo possui um protocolo de segurança contra o coronavírus, que inclui, dentre outras ações: a colocação de totens de álcool em gel; organização das arquibancadas em formato xadrez para garantir o distanciamento entre as famílias; e a organização de saída e entrada do público por setores.

Os artistas também estão se preparando para um retorno. “Os ensaios e treinos não pararam com a pandemia, mas queremos voltar com algo novo. Será um espetáculo novo com força total”, garantiu o diretor.

O Tirullipa Circo Show foi criado em 2019, fruto de uma parceria do circo Maximus, que tem mais de 15 anos de mercado, com o palhaço Tirullipa.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela