Restaurante Isola Dei Sapori resgata receitas tradicionais da ilha italiana Sardenha

Chef do local migrou cedo para a França e veio para o Brasil após se apaixonar por baiana

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/CORREIO

Culurgiones Pomodoro Y Basilico  (Foto: Betto Jr/CORREIO) Foi a saudade de casa que levou Marco Caria a aprender a cozinhar. Nascido e criado na pequena Samassi - cidade com pouco mais de cinco mil habitantes, no sul da Sardenha, na Itália – ele migrou para a França ainda jovem para trabalhar na indústria. “Sentia falta da comida de casa e ligava para minha mãe para pedir receitas”, conta. Coincidentemente, eram as cozinhas de restaurantes seus principais clientes. “Visitava as cozinhas e tinha contato direto com os chefs”. Daí, quando se apaixonou por uma baiana e mudou para Feira de Santana, resolveu apostar na comida como negócio. Abriu uma sorveteria e começou a introduzir pratos clássicos da gastronomia italiana. Mas não estava satisfeito. Nem com o lugar nem com a comida que servia.

Mudou para Salvador para abrir um restaurante onde pudesse resgatar as receitas sardas que, segundo ele, estão desaparecendo por lá. Em 2017 trouxe a irmã Silvia Caria e juntos criaram o Isola dei Sapori, no Rio Vermelho. A casa onde abrigou a sua Ilha do Sabor - tradução literal do nome que escolheu para batizar o restaurante – é simples, mas bem afetiva. Os poucos objetos que compõem a decoração foram trazidos da ilha italiana. Algumas das belas tapeçarias emolduradas foram bordadas e presenteadas aos irmãos pelas senhorinhas da comunidade para que nunca esquecessem de onde vieram.

E eles não esquecem. Em meio a esse emaranhado de lembranças, Marco revisita a tradicional comida do seu país, apostando nas receitas da mãe. E dá show! Dos antepastos (que servem duas pessoas), aos pratos principais, tudo é produzido na casa. A maioria dos ingredientes vem direto da Sardenha. Como a Mirto – uma semente nativa do Mediterrâneo que chegou esta semana, trazida na mala do “seu” Giuseppe, que chegou da ilha, carregado de ingredientes para os filhos. Brusqueta de presunto de parma e queijo brie (Foto: Betto Jr/CORREIO) A semente vai virar licor. Mas vai demorar um pouco. Os grãos vão passar 40 dias no álcool para virar um suco que, depois de misturado ao açúcar, está pronto para se tornar licor. Na mala do pai veio ainda a massa de sêmola grano duro que o chef usa para preparar uma das sobremesas mais populares da sua terra: a Seada. Um doce típico e saborosíssimo que parece um pastel. O recheio original é feito com queijo fresco de ovelha, mas como este é difícil de encontrar pelas bandas de cá, Marco experimentou vários até chegar a um queijo coalho que funcionou bem. A Seada é servida com raspa de limão siciliano e é umedecida com mel. Um pecado que vale a pena cometer.

Como o leitor já deve ter percebido, o repórter começou a contar sobre a comilança pelo final. Mas não foi esse caminho seguido.  Começou com uma taça de vinho branco - que leva o selo da casa – acompanhada de uma brusqueta de presunto de parma com queijo brie, maçã picada e mel. A porção com quatro torradas bem crocantes (feitas na casa) sai por R$ 40. Poderia estar menos crocante, mas a mistura dos ingredientes faz isso parecer irrelevante. E é! Polpo Alla Galurese (Foto: Betto Jr/CORREIO) Tudo ia bem até chegar o Polpo Della Gallurese, uma salada de polvo à moda sarda. Preparado sobre uma cama de rúcula que recebe o polvo em cubos, batata cozida al dente, tomate cereja e salsão picado. Tudo misturado no azeite de alho e balsâmico. Se já ia tudo bem, ficou ainda muito, mas muito mesmo, melhor. A apresentação não poderia ser mais elegante. O chef pega leve no sal, mas o saleiro tá ali por perto pra quem quiser corrigir. Guazzetto Di Cozze In Rosso (mexilhão ao molho de tomate picante (Foto: Betto Jr/CORREIO) Já estava bem feliz, quando a mesa vizinha resolve provocar. Uma travessa de mexilhões, ainda na concha, cozido com molho de tomate picante, atravessa o salão sobre a mão habilidosa do garçom. Covardia! Que venha o Guazetto Di Cozze In Rosso. A porção, generosa, sai por R$ 56. Valeu dá vazão a inveja. Até porque, o prato é uma boa tradução do que se chama de relação custo/benefício. Seada: sobremesa que é um pastel de forno com recheio de queijo coalho fresco e batata amassada (Foto: Betto Jr/CORREIO) Pronto. Acabou. Mas como sair dali sem ingerir nem um carboidrato além do pão? Que venha a Culurgiones Pomodoro (R$ 50), uma massa que parece uma amêndoa, e que é feita, uma por uma, pelo chef. A surpresa está no recheio que, a princípio pode afastar os contadores de carboidrato, mas se tá no inferno abraça o capeta. E pode apostar,  a mistura da batata amassada com os queijos de ovelha e parmesão é uma festa de sabores. Leve e suavíssimo! Se tiver dúvida, peça assim mesmo. A dica: esqueça a massa e o recheio e concentre-se no molho de tomate com manjericão. Faz parecer menos calórico. Feche os olhos, corte uma das massas – com o recheio, hein! – e sinta o sabor! Delírio? Pode até ser, mas asseguro que você não vai se arrepender. Nem desta escolha nem de nenhuma outra do cardápio da casa. Para quem já foi a Sardenha, vai matar as saudades da sua cozinha originalíssima, para quem ainda não foi certamente vai ficar com vontade de ir.

Onde:  Isola dei Sapori Rua Guedes Cabral, 123, Rio Vermelho,  tel. 71 3012 0766. Funciona de Terça a quinta, 18h às 23h; sexta e sábado, 18h à 0h; e domingo, 12h às 18h No insta: @isolasapori

BEBES   Drinque Espírito: Vodka, Aperol, Suco de Tangerina e Rúcula (Foto: Betto Jr/CORREIO) MISTURA QUE DÁ GOSTO

Todo mundo já sabe que a cozinha do Ori, do chef Fabricio Lemos, é um estouro. Mas é bom ficar de olho na carta de drinques criada pelo bartender Francisco Junior. São muitas as misturas, bem calculadas, que rendem respiros de prazer, mas hoje a dica é o Espírito, um drinque com vodca, aperol e suco de tangerina, que eles servem lá por R$ 29. A folha de rúcula usada como arremate deve ser digerida aos pouquinhos. Refresca e reforça o sabor. Quero já o meu!Onde: Ori   Av. Santa Luzia, 656 - 11 - Horto Florestal. Reservas:  71  98890 8357 Terça: 19h às 23h Quarta a Sábado:Almoço: 12h às 15h Jantar: 19h às 23hDomingo: 12h às 16h

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O La Taperia está preparando uma festa para Yemanjá no dia 2 de fevereiro com serviço all inclusive por R$ 220. Ingressos à venda no local. Rua da Paciência, 251, Rio Vermelho