Retomada: Entenda porque as empresas precisaram mudar para manter suas operações

pesquisa da CNI apontou que durante a pandemia, 68% das pequenas indústrias inovaram e tiveram ganhos de lucratividade, produtividade e competitividade.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

Uma retomada que se deu (e surpreendeu) frente a um mundo totalmente novo. Acrescente aí, uma velocidade intensa e um curto espaço de tempo, além de uma imprevisibilidade total do que poderia acontecer. Futuro, virou o agora, o momento.  Esse poderia ser o cenário de um novo filme de ficção científica disponível nas principais plataformas de streaming. Mas não, foi mais real do que se imaginava. E se teve um aprendizado que os negócios tiraram até aqui, dos impactos de uma inesperada pandemia foi a de que é preciso agregar valor. Em tudo e em todas as dimensões.

Essa é a constatação do  gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb),  Ricardo Kawabe, que destaca ainda que foi necessário não só se adaptar, mas, sobretudo, funcionar de outras formas. “A pandemia, desde o ano passado, mostrou ao mundo que não se preocupar com o encadeamento produtivo, e um certo posicionamento estratégico da sua cadeia de insumos como país, é muito perigoso”.

A importância se reflete nos números de uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada pelo Instituto FSB Pesquisa junto a executivos de 500 indústrias de pequeno porte (de 10 a 49 empregados), divulgada no último mês, apontou que durante a pandemia, 68% das pequenas indústrias inovaram e tiveram ganhos de lucratividade, produtividade e competitividade.

Considerando os avanços da tecnologia, 78% das empresas consultadas avançaram, em algum nível, na adoção de novas tecnologias digitais, obtendo ganhos de produtividade. “Apesar de sofrer grandes impactos negativos, principalmente nos primeiros meses de pandemia, com suspensão da produção e falta de insumos, a indústria buscou caminhos para continuar ativa. A inovação é uma necessidade das empresas para conquistar mercados e crescer. Num mundo de mudanças cada vez mais rápidas e digitalizado, ficar alheio a essa realidade é um verdadeiro sinal de extinção”, comenta.

Perspectivas

Kawabe faz também um balanço sobre o processo de retomada da atividade econômica, mesmo em meio a um cenário que deve continuar desafiador no próximo ano. Afinal, a pandemia ainda não acabou. Ele destaca três vetores de crescimento importantes para o estado:  “A perspectiva é de melhora no longo prazo, devido às oportunidades ligadas à digitalização e à transição para uma economia mais sustentável. Temos aí, grandes projetos que podem acelerar o crescimento em médio prazo, a exemplo da implantação de diversos parques de geração de energia eólica e solar no interior do estado o grande potencial do setor de mineração, com a retomada da Fafen pelo grupo Unigel, os investimentos na Refinaria de Mataripe por parte do fundo Mubadala”, exemplifica.

O gerente de estudos técnicos da Fieb cita mais algumas oportunidades que devem favorecer a economia e a competividade da indústria baiana. “A essa lista, soma-se também os investimentos em infraestrutura – com a Fiol, Porto Sul, VLT, Ponte Salvador/Itaparica – por exemplo. No caso do setor da construção civil, já é uma realidade a retomada e as obras de infraestrutura citadas devem alavancar ainda mais o setor”, acrescenta Kawabe.

Porém, a dificuldade de acesso ao crédito e o excesso de burocracia são gargalos que sufocam os negócios. Essas são questões básicas, que segundo Kawabe, dificultam muito o esforço necessário de investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação. “Nesse sentido, é vital que o Congresso Nacional realize as reformas estruturais necessárias, com destaque para as reformas administrativa e tributária, aprimorando o ambiente de negócios e incentivando os investimentos que promovem o desenvolvimento sustentável do país”.

Mercado imobiliário aposta em formatos menores e bem-estar

Setores como o mercado imobiliário entenderam bem qual o recado deixado pela pandemia, em meio a todas essas transformações, como pontua o diretor da parceria Capa Concepts e Costa Andrade, Carlos Andrade. “Houve uma retomada do mercado imobiliário nesse ano e acredito que isso tende a se manter em 2022. Grande parte dos lançamentos manteve o formato de imóveis menores - quarta e sala, estúdio e dois quartos - porém, o setor vai ter que trazer um pouco do conceito de bem-estar para essas moradias. Já temos projetos com o verde nas fechadas, verde no prédio, que promovem essa conexão com a natureza, enfim, a tendência de mais verde e menos concreto”, opina. 

Em termos de serviço, o executivo de Negócios e Marketing do Grupo Vitalmed, João Carlos Lacerda também sentiu esses efeitos, o que tornou a retomada um processo bem mais estratégico. “Nossos colaboradores tiveram acesso a programas de orientação em diversas áreas, de planejamento financeiro a atendimento e suporte tecnológico, tudo online. A estratégia de mudança é investir nas pessoas, em tecnologia e na modernização”.

O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.