Retorno às aulas presenciais de maneira híbrida otimiza preparação para o Enem

Estudantes afirmam que contato direto com a sala de aula ajuda a focar nos estudos

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 05:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agência Brasil

O modelo de ensino estritamente remoto já é passado na Bahia. Redes pública e privada de educação voltaram a receber estudantes presencialmente de maneira híbrida, intercalando dias de aulas em sala e em casa. Rotina bem diferente do que foi o ano de 2020 para os alunos, que precisaram ressignificar o espaço de casa e transformá-lo em um ambiente de estudo. Uma adaptação que precisa ser feita apenas em metade da semana, o que, para os profissionais da educação, já altera positivamente o processo de preparação para quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), já que devolve, mesmo que de forma limitada, os alunos para um ambiente mais preparado para a aprendizagem. 

Paloma Bezerra, coordenadora de educação do Núcleo Territorial do Médio Sudoeste (NTE 08), entende que os alunos, envolvidos no ambiente escolar, têm mais foco e suporte para prestar o exame. "Em sala de aula, com o professor, perto dos colegas, o aluno se sente mais motivado e seguro para fazer a prova. O retorno às aulas presenciais porque, por mais que tenha acesso às aulas remotas, não é a mesma coisa. Estar na escola é outra dinâmica, o aprendizado é mais efetivo", assegura ela, que tem uma expectativa otimista em relação a participação e os resultados dos estudantes nas provas.

Dificuldade do remoto

Otimismo que é sustentado também pela estudante Cecília Castro, 17 anos, que vê nas aulas presenciais uma grande oportunidade de melhorar áreas de estudo em que não vai tão bem. Ela, que teve dificuldade com o estudo remoto de física e matemática, quer aproveitar ao máximo as idas às salas de aula para otimizar o aprendizado. "É uma diferença muito grande o processo de assistir uma aula de física presencial. Poder estar lá ajuda muito, falar com professores em tempo real e ficar assim cara a cara é um fator muito positivo pra ficar mais focado", diz ela, que estuda no Colégio Antônio Vieira e quer fazer Medicina. 

Para alunos da rede estadual, a ausência da sala de aula também intensificou a dificuldade em matérias que já tinham problemas. A estudante Sabrina Duarte, 17, afirma ter sofrido em matemática e espera que as coisas melhorem depois da volta presencial.  "De todas as matérias, a única que eu tenho dificuldade é matemática e ficou ainda mais difícil pra mim nas aulas em EAD. Espero muito que melhore porque, infelizmente, no remoto não me sentia tão preparada para o Enem, que é a única coisa que a gente olha e vê que pode nos levar pra algum lugar", conta.  Sabrina se sentia insegura com preparação para o exame através do ensino remoto (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Outro que sofreu um pouco longe da escola foi Rafael Rodrigues, 17, que sentiu falta das orientações mais próximas em redação e português, matérias em que teve sua evolução prejudicada. "Nem todas aulas no remoto eram tão produtivas como era quando tínhamos aulas presenciais mesmo. Tanto alunos como professores tiveram dificuldades para se adaptarem. A volta é muito melhor para aprendizado, principalmente, para tirar dúvidas", defende ele.

Retorno rumo à aprovação

Fato é que, entre os entrevistados, é unânime que a volta das aulas presenciais os colocam mais perto de conseguir uma aprovação no exame. Raabe Santana, 17, é mais uma estudante que pensa assim. "A distância me deixou meio fora dos estudos. Foi um dos motivos que me fez parar de estudar como fazia antes. De volta à escola, pretendo melhorar, estou motivada e o contato com os professores me deixa mais capaz de conseguir melhores resultados", declara Raabe, que está estudando para fazer Medicina.  Raabe está otimista com preparação através do ensino hibrido (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Quem também compartilha dessa perspectiva mais positiva em relação ao Enem por conta da volta é Rafael, que também pondera que nem tudo são flores no retorno. "Eu digo sim e não. Sim porque vai ser bacana esse contato mais próximo para focar nos estudos onde tenho menos distrações do que em casa. E não porque, no remoto, eu tinha mais tempo para pesquisar e estudar assuntos importantes que às vezes não são tão vistos. Vou ter que tentar equilibrar isso", explica Rafael, que quer cursar Ciências da Computação.

Sabrina acrescenta que sabe que a volta no modelo híbrido não é, na prática, a mesma coisa do que era feito no período antes da pandemia, mas salienta que mesmo esse contato mínimo é essencial. "A gente precisa muito mesmo disso, de uma atenção maior e um acompanhamento mais próximo. Eu sei que o ensino híbrido não vai trazer a normalidade de volta, mas ir lá pelo menos três já é um negócio que faz muita diferença", ressalta. 

Ambiente

Uma diferença que, de acordo com os profissionais que trabalham com educação, está no ambiente mais apropriado para o desenvolvimento dos estudos que as escolas oferecem aos alunos. Cristina Cardoso, coordenadora pedagógica da 3a série do Ensino Médio do Colégio Antônio Vieira, cita a interação entre professor e aluno como uma das coisas mais importantes do modelo presencial. "Embora os professores façam um esforço para dar apoio aos alunos, é diferente de poder olhar no olho do aluno. O profissional experiente só de olhar pro aluno sabe se ele entendeu ou não, vê se estão acompanhando. E esse contato a tela não proporciona", argumenta.

Já Ricardo Andrade, coordenador pedagógico do Villa Global Education, fala do convívio em conjunto como uma ferramenta valiosa no ensino presencial que diminui problemas oriundos do estudo a distância. "O próprio relacionamento e convívio entre alunos e professores faz com que eles se sintam mais tranquilos e menos pressionados. E, quando a gente está menos pressionado, temos capacidade de aprender melhor. Situações de estresse, medo e angústia que surgiram com a necessidade de ficar em casa não são positivas para o aprendizado", afirma. 

Quem concorda com Ricardo é Paloma Bezerra, que valoriza o papel que a convivência em ambiente escolar tem no emocional dos estudantes. Segundo ela, é comum ouvir relatos de líderes de sala que reclamam da incidência de ansiedade sobre alunos que precisavam se manter estudando na pandemia. "Estamos muito preocupados em acolher esses alunos, dar mais segurança e reduzir essa pressão emocional, muito comum nesse período. E o retorno nos dá essa possibilidade", diz Paloma, que acredita que a volta é uma solução importante para a melhor preparação dos estudantes para o exame. Paloma acredita que retorno à sala de aula reduzirá ansiedade dos estudantes (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Dicas para manter concentração em casa

O que ainda não é resolvido pela volta em modelo híbrido é a dificuldade dos alunos de se manterem focados quando não estiverem em sala. Por isso, os educadores deram dicas para fazer do estudo em casa algo efetivo no processo de aprendizado. Paloma diz que é fundamental manter uma rotina quando estiver estudando em casa e escolher um local certo para fazer isso. "É primordial ter um horário para acordar, um horário para estudar e um ambiente organizado, por menor que ele seja, precisa estar organizadinho. Tudo para não perder o ritmo de estudo e se concentrar quando estiver em casa", afirma. 

Cristina Cardoso reforça o apelo pela manutenção da rotina e acrescenta que o ideal é que o aluno siga os mesmos horários que tem nas aulas presenciais quando estiver estudando em casa, mesmo que tenha a opção de estudar a qualquer momento com aulas gravadas. "Tem que ter uma rotina de escola, ficar com aquele horário de aula garantido. Não é porque tá em casa que vai escolher o horário que vai assistir. Isso porque, no momento que ele entra na rotina, a escola só não está presente, mas o aprendizado continua", alerta ela.

E a tal rotina citada por eles não é só importante nos estudos ou nos horários de aula. Ricardo Andrade afirma que a rotina de descanso também é valiosa para os estudantes. "Respeite horários, tenha uma rotina. Não abuse de muitas horas sem descanso. Descansar é fundamental para acomodar o aprendizado no cérebro e isso só acontece com horários de sono bem estabelecidos. Então, não pode trocar o dia pela noite, tem que manter essa rotina", conclui Ricardo. 

Revisão Enem

O Revisão Enem é um projeto multiplataforma - impresso, digital e redes sociais - do CORREIO em parceria com a SAS, plataforma de educação, com o objetivo de auxiliar os estudantes no preparo para o exame que acontece todo ano. Com o potencial e credibilidade do jornal e o substrato educacional de excelente qualidade da SAS, levamos conteúdos de primeira para os estudantes.

O projeto traz um conteúdo especial para deixar o estudante sempre bem informado com uma reportagem semanal no jornal impresso. Além disso, artigos diversos, dicas valiosas para a redação, dicas de livros, filmes e séries e estratégias de resolução de questões também fazem parte do conteúdo. Há também um canal especial que reunirá todas as matérias semanais, os simulados e videoaulas para os alunos. 

Simulados

O Enem exige um rotina regrada e intensa de estudos. Por isso, o CORREIO disponibiliza uma série de simulados interativos com questões objetivas para os estudantes testarem todos os seus conhecimentos. Os alunos poderão acompanhar semanalmente a resolução das questões, conferir os gabaritos e analisar seu desempenho, além de poder revisitar as questões no dia e hora que quiserem.

Nas redes sociais, o jornal vai lançar conteúdos nos grupos de leitores do no Whatsapp e vídeos no Instagram/IGTV  com dicas sobre como fazer a redação dentro das competências avaliadas no ENEM e também Raio X do ENEM, tirando dúvidas de alunos dentro de cada disciplina.

Os primeiros conteúdos já estão disponíveis:

- 1º simulado- 1° vídeo aula - 1° vídeo direto ao ponto

*sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro