Réveillon: prefeitura estuda interditar mais pontos além da Barra, diz Neto

Ele fez alerta à população que restrições podem voltar com aumento de casos de covid

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  • Wendel de Novais

Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Max Haack/Secom

O prefeito ACM Neto  disse nesta quarta-feira (23) que estuda interditar outros pontos no Réveillon, além da Barra. "Estamos organizando a interdição da orla da Barra no dia 31. E também estamos estudando a possibilidade de fazer esse tipo de intervenção em outros pontos da cidade", afirmou. Apesar disso, ele reconheceu que a fiscalização não deve conseguir dar conta de tudo. "Tem que ser dito que a prefeitura não tem capacidade de fiscalizar todos pontos da cidade ao mesmo tempo, é impossível fazer isso na hora da virada".

Neto fez ainda um alerta à população de Salvador sobre o perigo do aumento no número de casos de coronavírus na capital baiana. Segundo ele, mesmo com o aumento da disponibilidade de leitos oferecidos pela prefeitura para covid-19, não é possível afirmar que os leitos serão suficientes para a demanda da cidade.  “Essa recomposição de que estamos realizando será suficiente para evitar o colapso da rede pública de saúde com novos casos? A resposta é que não sabemos. E é preciso ser muito claro, muito transparente nessa resposta. Isso porque estamos vendo um ritmo muito maior na contaminação pelo vírus do que nós observamos no primeiro semestre”, declarou.

O aumento progressivo do número de novos casos infectados pelo coronavírus tem preocupado o poder municipal de Salvador. A fala de Neto aconteceu durante a entrega de 50 leitos clínicos e 10 de UTI no Hospital Santa Clara, no Itaigara, referência para atendimento a pacientes com covid-19. Ele tenta conscientizar os soteropolitanos antes do Natal e Réveillon, datas comemorativas que podem provocar aglomerações na cidade.  Segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Salvador chegou na quarta-feira a 106.613 casos, sendo que mais de 10% deles surgiram de 22 de novembro para cá, quando a cidade tinha registrado 95.598 positivos desde o início da pandemia.

É justamente o número alto de contaminação pelo vírus nesse mês que preocupa o prefeito. A preocupação fica ainda maior quando certifica-se a função do sistema de saúde municipal em atender a demanda do interior. Hoje, dentro dos 75% de leitos ocupados na capital baiana, 70% tem pessoas do interior e 30% tem cidadãos da capital, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Neto fez alerta para soteropolitanos (Foto: Max Haack/Secom) O temor de um descontrole do avanço do coronavírus e a insuficiência de estrutura municipal para receber de vez um contingente considerável de infectados não é só de Neto. O titular da SMS , Léo Prates, afirmou que isso também o preocupa e que não descarta a possibilidade de um colapso caso aconteça um crescimento desenfreado do número de positivos.  “O colapso acontece quando a demanda é maior do que a oferta. Nós estamos com uma taxa de ocupação de 75%. Com a abertura desses leitos, devemos baixar um pouco. Estamos ampliando a oferta, mas esta capacidade de oferta é limitada. Então, nós precisamos reduzir a demanda. Nesse ritmo de contaminação, posso dizer que o nosso esforço é para que não haja colapso, mas ninguém pode dizer que nunca acontecerá”, salientou.

Apelo à população

O prefeito também fez questão de ressaltar que, para que se evite um colapso, é necessário também que a população se conscientize e cumpra o básico nos cuidados contra a pandemia.  “Eu chamo atenção para que cada um faça sua parte. E nós estamos pedindo o básico, o que é elementar. Use máscara, lave as mãos, mantenha o distanciamento social e respeite os protocolos estabelecidos para o funcionamento do que está aberto. Ninguém quer tomar medidas mais drásticas de restrição, não é o caminho que queremos. Mas, se a população não colaborar e se isso for necessário, não vamos hesitar em estabelecer medidas restritivas mais duras”, completou.

Ao falar do combate à segunda onda, Neto disse que a luta contra o crescimento de casos tem dois caminhos. “Uma direção é aumentar o número de leitos. Porém, outra direção é conter o aumento de casos de coronavírus na cidade. Nós temos tomado medidas pontuais e há meses estamos advertindo. Quem avisa, amigo é”, alertou. Colaboração dos cidadãos é fundamental para que sistema de saúde não colapse (Foto: Max Haack/Secom) Novos leitos no Hospital Santa Clara

A unidade de referência Santa Clara ampliou a quantidade de leitos no momento em que a pandemia volta a crescer na capital baiana. O processo de reabertura da unidade é apenas uma parte da ação de ampliação do número de leitos. Além dos 10 leitos de UTI do Santa Clara, foi determinada a abertura de 20 novos leitos no Hospital Sagrada Família, 10 leitos no Hospital Salvador e mais 10 leitos no Hospital Evangélico. Esses últimos serão abertos nessa sexta-feira (25). Com isso, a prefeitura fica a 20 leitos de recuperar os 70 leitos fechados nos dois estandes do Wet ’N Wild.

Segundo Neto, a abertura de novos leitos tem o objetivo de fazer com que Salvador ofereça o mesmo número de leitos do auge da pandemia. “Estabeleci como meta um patamar de leitos disponíveis igual ao que foi ofertado pela prefeitura no auge da pandemia. O objetivo da minha gestão durante todo esse ano foi evitar o colapso da rede de saúde e fechamos este ano ainda trabalhando para evitar essa situação”, disse. De acordo com informações do site com indicadores da covid-19 da SMS, Salvador tem hoje 901 leitos, sendo 460 de UTI Adulta, 27 de UTI Pediátrica, 377 leitos clínicos para adultos e 37 leitos clínicos pediátricos.  Objetivo da Prefeitura é chegar ao patamar de leitos do auge da pandemia (Foto: Max Haack/Secom) Ele ainda falou como a ocupação dos leitos nas redes pública e privada estão interligadas. "No entendimento mais amplo, sequer é possível a separação da rede pública e da particular porque o colapso de uma implica diretamente na outra. Então, se houver um colapso na rede particular e os pacientes se direcionarem para rede pública, precisamos ter capacidade para atender todos. Em alguns casos, em planos de saúde, já não há mais espaço para que sejam atendidos pacientes", afirmou. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro