Rodoviários protestam contra demissões após suspensão de ônibus em cidades baianas

Quase 700 funcionários foram demitidos nestes quatro meses de pandemia, segundo dados do sindicato

Publicado em 20 de julho de 2020 às 19:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Facebook)

Trabalhadores  do sistema intermunicipal de transportes fizeram um protesto, a pé, na manhã de ontem, contra as quase 700 demissões ocorridas nestes quatro meses de pandemia, segundo dados da organização do ato, chefiado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Intermunicipal da Bahia (Sinditer). Usando máscaras, mas aglomerados por conta da quantidade de participantes, os manifestantes saíram em caminhada da região da rodoviária de Salvador em direção a estação Acesso Norte, na Rótula do Abacaxi, pedindo que o governo estadual crie medidas para impedir mais desligamentos no setor.

A Agência Estadual de Regulação de Transportes da Bahia (Agerba), órgão ligado ao governo do estado que gerência e fiscaliza a mobilidade no estado, informou, em nota, que está fazendo cumprir o decreto  que suspendeu os transportes e que está esperando que os rodoviários levem até a agência suas reivindicações para um possível acordo.

Presidente do Sindinter, Euvaldo Alves contou ao CORREIO que a categoria teve, há dois meses, uma reunião virtual com representantes do governo  para discutir as baixas, mas desde então não houve mudanças na situação dos motoristas. 

Atualmente, das 417 cidades baianas, 380 estão com o transporte suspenso para evitar a disseminação do novo coronavírus no interior do estado. Os sindicalistas dizem que entendem a medida e que querem apenas barrar as sucessivas perdas trabalhistas em decorrência da situação de calamidade.

“Estamos com dificuldades porque as empresas não estão conseguindo pagar os salários. O protesto não foi para pedir para colocar os ônibus para rodar, mas para que o governo nos ajude a barrar as demissões e eles têm condições de discutir isso. Enquanto isso, as vans clandestinas estão cheias, cobrando preços caros. Nós só pedimos que olhem para os trabalhadores e nos deem incentivo para ir segurando enquanto estão em vigência os decretos”, disse Euvaldo.

De acordo com o Sindinter, o maior número de baixas na carteira foi na região Sul da Bahia, entre as cidades de Itabuna, Ilhéus e Vitória da Conquista, seguidas por Salvador, que teve mais de 190 demitidos. Ao todo, são mais de 8 mil rodoviários no estado, conforme dados do sindicato.

Com a suspensão do serviço e a baixa demanda de passageiros, as empresas  têm passado por dificuldades e algumas já estão até vendendo seus veículos, segundo alerta o presidente do sindicato, que teme o agravamento da crise.

Se a categoria não for ouvida desta vez, o Sindinter promete um segundo manifesto, ainda maior, para o dia 31 de julho, quando encerra a vigência de boa parte dos decretos de restrição de circulação no  estado.

O movimento acabou no início da tarde  e gerou retenção de trânsito. Trabalhadores do setor de transporte de Salvador e da Região Metropolitana, ligados aos Sindicato dos Rodoviários da Bahia, também participaram do protesto em solidariedade aos colegas. Em nota,  escreveram: "Esperamos que a manifestação  reabra um diálogo com o governo do estado para encontrarmos uma solução boa para os trabalhadores".