Roger Machado e a importância de se reciclar

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  • Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Qualquer trabalhador precisa estar em processo constante de atualização. O mundo profissional não perdoa: se você não se recicla, alguém passa na frente. O meio do futebol não é diferente, e quem sofre isso na pele de maneira mais acentuada são os treinadores, que precisam, a cada novo clube, mostrar o seu valor desenvolvendo trabalhos de excelência, mesmo que em um período de tempo curtíssimo.

Roger Machado entendeu o recado. Depois de surgir com grande destaque no Grêmio, foi demitido de Atlético-MG e Palmeiras com a sensação de frustração. Apesar de ostentar bons números até mesmo na Taça Libertadores da América, competição que é alvo de cobiça dos grandes clubes brasileiros, o desempenho não convenceu. Antes primeira opção, Roger foi ficando para trás na prateleira dos técnicos brasileiros. Nomes desconhecidos, como o do bom Tiago Nunes, do Athletico, apareceram. E outros consagrados, como Cuca e Abel Braga, continuaram com força no mercado.

Ao fazer o convite ao gaúcho de 44 anos, o Bahia sabia que estava indo atrás de um treinador afeito à posse de bola, obcecado por triangulações eficientes que desestruturassem os adversários; e isso, por consequência, conferia um tom de plasticidade às suas equipes. A receita que funcionou no Rio Grande do Sul falhou em Minas e São Paulo. Galo e Palmeiras ficavam com a bola, mas era uma posse estéril, que não fazia o adversário sangrar.

A questão é a seguinte, meus amigos: em dois meses de trabalho, Roger entregou mais do que se esperava dele. Seu Bahia, se não é bonito de ver jogar, chama atenção pela eficiência. Ao escalar o time com Gregore, Elton e Douglas Augusto, o treinador sabia que estava abrindo mão de ficar com a bola, mas estava de olho mesmo em uma marcação sólida que lhe permitisse roubar a bola para acionar um contra-ataque mortal turbinado por Artur, Élber e Gilberto.

Cabe atentar para o fato de que Roger não chegou em Salvador com tal ideia na cabeça. O 4-3-3 com os três volantes surgiu a partir da observação do comportamento da equipe nos jogos fora de casa contra Botafogo e Athletico, além do confronto contra o Corinthians, na Arena Fonte Nova. O Bahia sofreu seis gols, média altíssima de dois por partida. Era preciso encontrar o equilíbrio entre defender e atacar.

Roger Machado merece os créditos por não morrer abraçado a uma ideia, como muitos treinadores fazem por aí. Com seus três volantes, o Bahia não foi vazado nas três partidas contra o São Paulo e também diante do Grêmio. Pode melhorar? Claro que pode. A equipe encontrou oportunidades para fazer um resultado mais confortável nesses jogos, mas pecou no acabamento das jogadas. Para isso, o treinador terá à disposição um tempo precioso enquanto a Copa América é disputada no Brasil.

Antes da pausa para o torneio de seleções, dois jogos fora de casa, contra Ceará e Internacional. O Tricolor ainda não venceu fora de casa nesta Série A - só pontuou no 0x0 contra o São Paulo, no Morumbi. 

Caso belisque seus primeiros três pontos longe de Salvador em uma dessas partidas, a equipe, atual sexta colocada na tabela, aproveitará tranquila a intertemporada. 

Rafael Santana é repórter do globoesporte.com.