Saiba como a marca baiana de eletrônicos Amvox cresceu quase 70% na pandemia

Que som é esse? No último ano, a empresa montou 1,5 milhão de equipamentos e participou de 80 lives, desde o início do isolamento social

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  • Priscila Natividade

Publicado em 14 de março de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Dodô Villar/Divulgação/Arquivo

As peças são importadas da China, mas a montagem dos produtos eletrônicos acontece aqui, bem pertinho, no município de Camaçari. Muita gente não faz ideia, mas o som que sai da sua caixa e amplifica qualquer refrão, é baiano. Não dá para saber se Rita já voltou ou se a traição foi perdoada, como naquele hit do cantor Thierry, porém, acredite: quem se deu bem mesmo foi a Amvox (@amvox_). Em plena pandemia, a marca conseguiu aumentar em 67% o faturamento do ano passado, quando comparado com 2019.

Se a Bahia é um estado musical, berço do axé e do trio elétrico, não por um acaso, o pancadão de vendas de caixas amplificadoras domésticas veio com a participação intensa  em mais de 80 transmissões ao vivo no período. Apesar de não revelar o montante investido, só no Carnaval sem rua de 2021, a empresa patrocinou a live Trio, com Ivete Sangalo e Claudia Leitte, e O Encontro, com Leo Santana, Harmonia e Parangolé. 

“A maior parte dos brasileiros gosta de som forte, com grande potência e por que não transformar o fenômeno dos paredões em algo que se pode ter em casa? Fomos a primeira marca de eletroeletrônicos a apostar nas lives. As caixas de som estavam sempre posicionadas ao lado de cada artista para garantir essa visibilidade”, pontua o diretor-executivo, Guilherme Santos.

E quantas caixas amplificadoras são necessárias para alcançar a potência de um trio elétrico? Se for um trio do tamanho do que Veveta colocava no circuito do Carnaval, com 343 mil watts de som, é só juntar 229 caixas do Pesadão, um dos modelos mais vendidos. Em média, a Amvox chegou a participar de três lives por fim de semana, de março do ano passado para cá. Durante os shows online, os acessos ao site da marca  aumentaram 259%. 

“A Pesadão ficou muito famosa por conta disso. A 700 Pancadão também é muito procurada”, ressalta. A 1501 Pesadão (1,5 mil watts RMS) e a 700 Pancadão (700 watts RMS) custam R$ 1.999 e R$ 1.099, respectivamente. A  1501 Pesadão é um dos modelos mais vendidos pela Amvox (Foto: Dodô Vilar/ Divulgação) A produção não parou. “Implementamos todas as medidas de segurança  para evitar o contágio pelo coronavírus e não deixamos de produzir. Quando os consumidores voltaram a comprar, já tínhamos os produtos em estoque, enquanto nossa concorrência só foi ter os itens em setembro”.

Bahia ‘feat’ China Atualmente, a unidade da Amvox gera mais de 350 empregos diretos e indiretos, e monta mais de 1,5 milhão de produtos por ano, somando as linhas de áudio, eletro e climatizadores.“Em termos de caixas amplificadoras, somos a líder em volume de vendas, conforme aponta o balanço feito pela empresa de pesquisas GFK, que analisa o resultado do setor de eletroeletrônicos no país. Hoje, nossos maiores concorrentes são a JBL, LG, Mondial e Multilaser”. Nem a dependência da China montagem dos equipamentos impediu a expansão na  pandemia. Os custos para embarcar as peças subiram mais de seis vezes, como destaca Guilherme Santos. “Investimos no momento em que todo mundo estava tirando o pé, sem demitir ninguém. Não foi fácil. Alguns embarques sofreram atraso, o dólar subiu e a logística marítima encareceu muito. Antes, pagávamos em torno de US$ 1,5 mil para trazer um contêiner da China. No final de 2020, este valor chegou a US$ 10 mil”, acrescenta o empresário. 

Vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti, aponta para a necessidade de estímulo à atração de indústrias de componentes para o estado.“O grande gargalo está na ausência de empresas que produzam os componentes localmente. Ou seja, políticas públicas mais agressivas para trazer indústrias que produzem insumos de alta tecnologia”, diz.O setor não perdeu o ritmo porque tem uma linha de produção flexível e mais fácil de se adaptar à mudanças na demanda. “É uma indústria que tem uma resiliência e  imunidade maior. Até pela categoria de bem que os eletroeletrônicos se relacionam – tecnologia, conectividade – temos aí itens essenciais, sobretudo, em um momento de isolamento”, completa Pessoti.

Expectativas  A Amvox iniciou sua operação há 17 anos, quando o caminhoneiro Antônio Moisés saiu de Itabuna de olho na expansão do mercado de eletroeletrônicos. No início, ele começou importando produtos até montar o primeiro aparelho de DVD, como lembra Guilherme Santos – que além de diretor-executivo, é filho de Antônio Moisés, que, atualmente, é conselheiro da empresa. “Camaçari foi escolhida pela sua localização estratégica e benefícios fiscais.  Importávamos áudio, desde o início da operação em 2003. No entanto, a vontade maior era garantir um maior controle de qualidade e se tornar referência no Brasil. Deu certo”.A partir daí, a marca voltou sua atenção para as classes C, D e E. “O nosso maior mercado hoje está em São Paulo e a Bahia ocupa a 2ª posição no ranking. A classe C representa mais da metade da população. Se considerarmos ainda D e E, chega próximo de 85%. Queremos  oferecer o melhor custo benefício”.

Em 2021, a empresa prevê a criação de mais de 20 novos produtos e crescimento de 46%. Nos últimos dois anos, foram feitos investimentos superiores a US$ 2 milhões  em inovações e tecnologia. “Vamos trazer para nossos clientes, principalmente,  designs exclusivos e novas potências na linha de áudio.  A nossa previsão é alcançar a montagem de 3 milhões de produtos”, complementa o diretor-executivo da Amvox, com o som lá nas alturas.